ALIMENTAÇÃO & NUTRIÇÃO

Colesterol alto

Histórico familiar, inatividade física, alimentação inadequada e a consequência que afeta quase metade da população brasileira: o colesterol alto.

Colesterol alto A alteração positiva no metabolismo de lipídios acontece não só em indivíduos dislipidêmicos, mas também em indivíduos saudáveis.
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Mas há uma boa notícia, a suplementação pode reverter esse quadro Érica Blascovi de Carvalho Nutricionista da NutriMove – Consultoria e atendimento em Saúde Especialista em Nutrição Esportiva – UGF Mestranda em Ciências pela Faculdade de Ciências Médicas – UNICAMP Professora do curso de Pós-Graduação em Nutrição Clínica da Universidade Gama Filho Christiano Bertoldo Urtado Fisiologista da NutriMove – Consultoria e atendimento em Saúde Mestre em Performance Humana Doutorando em Ciências pela Faculdade de Ciências Médicas – UNICAMP Professor dos cursos de Pós-Graduação em Nutrição Esportiva, Reabilitação Cardíaca e Fisiologia do Exercício da Universidade Gama Filho Grande parte do colesterol presente em nosso organismo é sintetizada pelo próprio corpo, enquanto outra parte é adquirida pela dieta.

Essa última é decisiva para o aumento dos níveis circulantes em nosso organismo, quando o consumo está acima do recomendado por associações de saúde, como o “American Dietetics Association”. Existem também fatores genéticos envolvidos nesse aumento, mas a má alimentação pode ser considerada o fator número um para que isso aconteça. Popularmente conhecidas como “colesterol bom” e “colesterol ruim”, as lipoproteínas HDL e LDL são as responsáveis pelo transporte de colesterol em nosso corpo. A HDL (high density lipoprotein), por ter a capacidade de absorver os cristais de colesterol que começam a se depositar na parede das artérias e veias, tem sido chamada popularmente de colesterol bom. Já a LDL (low density lipoprotein), por ser responsável pelo transporte de colesterol do fígado até outras células, é chamada de “colesterol ruim”. Esse álcool policíclico de cadeia longa, chamado de colesterol, é de extrema importância para nosso organismo. Ele está presente nas membranas das nossas células, serve de matéria prima para produção de alguns hormônios e formação de bainha de mielina dos neurônios, além de favorecer a absorção das vitaminas A, D, E e K, entre outras funções.

Porém, nem tudo é tão bom quanto parece! O excesso de colesterol é o grande vilão da saúde cardiovascular da população. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), 40% da população brasileira apresenta níveis de colesterol elevado. Com esse índice, superamos os Estados Unidos, conhecidos pela alta prevalência de obesidade e doenças crônicas relacionadas. Mesmo com esses dados alarmantes, uma pesquisa comandada pela SBC mostra que a maior parte da população brasileira não tem conhecimento sobre seus níveis de colesterol e quais problemas isso pode acarretar. Mas o que isso acarreta, afinal? Perigo: passagem reduzida! O colesterol elevado está relacionado com o desenvolvimento de doenças coronarianas e aterosclerose, condição em que gordura e colesterol se depositam nas paredes das artérias, endurecendo e estreitando-as. A pressão sanguínea sobe, o fluxo de oxigênio fica prejudicado, causando angina - a famosa “dor no peito” - e doenças cardíacas podem se desenvolver, sendo a principal causa de infartos. No Brasil, o colesterol elevado é responsável por 8% das mortes causadas por doenças metabólicas. No mundo, 20 milhões de pessoas apresentam risco de mortalidade em decorrência de aterosclerose, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. O trabalho multidisciplinar é fundamental para reverter o quadro de hipercolesterolemia do paciente.

Entre os profissionais envolvidos está o nutricionista, que trabalha diretamente com a principal causa do problema: a alimentação. Controle da ingestão de lipídios e da carga glicêmica da dieta, inclusão de alimentos hipocolesterolemiantes, ou seja, que tem a capacidade de baixar o colesterol no sangue, e eventual uso de suplementos são algumas manobras nutricionais que podem ser realizadas. Entre elas, o que tem ganhado destaque atualmente é a suplementação de alho e ômega 3. Chamamos de “ômega 3” uma família de gorduras poli-insaturadas que não conseguem ser sintetizadas pelo organismo, consideradas, assim, essenciais. Por isso precisamos ingerir através da alimentação para que nosso corpo possa aproveitá-las. Suplementos de ômega 3, especialmente provenientes do óleo de peixe, há tempos vêm sendo usados com o objetivo de melhorar a saúde do coração. Pesquisas indicam que esse ácido graxo é capaz de reduzir o LDL e aumentar o HDL, além de reduzir a concentração de triglicerídios - outro tipo de gordura circulante que pode ser prejudicial. Apresenta, ainda, propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, retardando o desenvolvimento de lesões ateroscleróticas.

A alteração positiva no metabolismo de lipídios acontece não só em indivíduos dislipidêmicos, mas também em indivíduos saudáveis. Todos se beneficiam de seu consumo, seja pela alimentação ou pela suplementação. Suplementos: os grandes aliados A suplementação de alho, na forma de pó ou óleo, também figura cada vez mais entre os compostos benéficos para a saúde cardíaca. Acredita-se que a Alicina, composto sulfurado responsável pelo aroma característico do alho, seja também a responsável por seus efeitos farmacológicos. Sua presença o torna capaz de baixar os níveis de colesterol total e triglicerídios circulantes, além de reduzir o estresse oxidativo causado pela oxidação desses lipídios nos vasos e artérias. Dessa forma, contribui para a redução da pressão arterial, ofertando mais um benefício ao coração. Conhecendo os efeitos positivos de ambas suplementações, pesquisadores decidiram juntá-las e avaliar os resultados. Em mais de uma década de estudos, pesquisas mostram que a combinação de óleo de alho com ômega 3 é capaz de reduzir os valores de colesterol total, LDL e triglicerídios. Alguns resultados são ainda mais animadores: além da redução desses parâmetros, a suplementação parece elevar os níveis de HDL. As doses utilizadas variam entre as pesquisas. Meta análise realizada por Xin e colaboladores, publicada no BMC Cardiovascular Disorders (2012), sugere que doses de ômega 3 a partir de 1000mg/dia surtem os melhores efeitos, e que o consumo deve ser contínuo (pelo menos por 4 meses). Em relação ao alho, estudos selecionados para a última meta análise disponível na literatura, publicada no Journal of the Science of Food and Agriculture por Zeng e colaboladores (2012), utilizaram doses entre 600 a 900mg/dia na versão em pó, e entre 8 a 15mg/dia quando na forma de óleo. As necessidades individuais só podem ser estabelecidas com segurança por um profissional. Portanto, antes de iniciar a suplementação, consulte um nutricionista. Equilíbrio sempre!

Alimentos X Colesterol:

Os alimentos tem papel fundamental no controle do colesterol. Entenda quais devem ser consumidos e quais devem ser evitados para manter a saúde em dia Preferir “Gorduras boas”: castanhas, abacate, azeite de oliva extravirgem Embutidos magros, como peito de peru e de chester na versão light Peixes como salmão, atum, sardinha Aveia Pães, massas e arroz na versão integral Frutas, especialmente as vermelhas e roxas Laticínios desnatados Verduras Legumes Ervas aromáticas, como orégano e alecrim Evitar Carnes vermelhas gordas Carnes processadas, como bacon, salsicha e salame Aves com pele Torresmo Frutos do mar Frituras Laticínios integrais Manteiga Doces Margarinas, biscoitos e demais produtos com gorduras trans Alimentos fontes de ômega 3 Peixes: salmão, sardinha, atum, arenque, cavala Linhaça dourada Semente de chia Oleaginosas, como nozes e avelã

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