Não tem jeito: todas as sociedades que existiram e existem são marcadas por diversas maneiras de se buscar maior desempenho sexual, mais disposição e autoestima para a vida. Já faz séculos que a planta tribulus terrestris é utilizada por diversos povos com esses objetivos. Apesar de ter se originado na Índia, a planta do tipo trepadeira, também conhecida como abrolhos (abre os olhos), cresce em qualquer região de clima moderado a tropical, como norte da Austrália, África, Sul da Ásia e Sul da Europa, onde foi utilizada durante muito tempo como arma contra a impotência sexual. O nutricionista José Aurélio Tofani, especializado em nutrição clínica funcional e multidisciplinar, recorda que a história do uso desta erva diz muito a seu respeito. “O uso popular relata sucesso no tratamento de infertilidade nas mulheres, impotência ou disfunção erétil nos homens e aumento da libido em ambos os sexos”, diz. Embora o tribulus seja encontrado facilmente em lojas de suplementos em outros países, seu uso no Brasil é permitido apenas com prescrição médica. Por aqui, trata-se de um medicamento. É importante ter a certeza de que seu médico autorizou o consumo antes de arriscar.
Denunciar as lojas que comercializam o produto indiscriminadamente também pode ser uma ótima atitude. De acordo com a nutricionista Charline Tormen, especialista em nutrição esportiva e clínica pelo Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde (IPGS), de Porto Alegre, o tribulus é responsável por elevar os níveis de hormônio luteinizante (LH), que estimula a produção de testosterona no homem e regula a secreção da progesterona na mulher. A nutricionista enumera diversos benefícios decorrentes deste fator. “Como eleva os níveis de testosterona, o tribulus terrestris funciona, por consequência, como estimulante para o impulso sexual do homem e da mulher, diminui a frigidez sexual nas mulheres e aumenta a quantidade e eficiência dos espermatozoides”, afirma.
Ela conta que, nas mulheres, ocorre um aumento da concentração de hormônios. “Nesse aumento se inclui o estradiol, alteração ligeira da testosterona e uma consequente melhoria tanto na função reprodutora quanto na libido e ovulação”. Mas também há outros benefícios. “Os outros efeitos positivos relacionados ao aumento de testosterona são a diminuição nas taxas de colesterol, melhora no humor e na autoestima”, destaca José Aurélio. Vários efeitos encadeados O nutricionista explica o que o tribulus realmente causa no corpo. “O tribulus terrestris é utilizado na prática esportiva como adaptogênico, pois auxilia o organismo a se adaptar às condições adversas do ambiente, aumentando a força e a resistência musculares, promovendo efeito anabólico, aumentando a testosterona, a dehydropiandrosterona (DHEA) e o hormônio luteinizante (LH), além de aumentar a libido e agir como estimulante sexual”, informa. “O tribulus terrestris estimula vasodilatação na região genital, o que pode explicar os seus efeitos sobre a ereção, afinal ela é facilitada quando há mais sangue circulando”.
Como esta erva atua na mudança dos hormônios, e eles são responsáveis pelos mais complexos processos do nosso corpo, podemos esperar muitas mudanças encadeadas, e é por isso que os especialistas listam tantas coisas quando falam do tribulus terrestris. José Aurélio lembra que a erva já teve outros usos. “O tribulus já foi utilizado como tônico geral na Grécia, antigamente, e na China para tratar problemas no coração, fígado ou eliminar dores de cabeça”, informa o nutricionista, mas Charline destaca que estudos e pesquisas comprovam apenas a relação direta do tribulus com o aumento de LH e testosterona, bem como suas consequências. Mais músculos... ou não Os nutricionistas afirmam que a testosterona tem um papel importante no ganho de massa muscular. “A testosterona é um potente estimulante da síntese de proteínas, e como o hormônio sexual aumenta, também crescem os níveis proteicos”, confirma Charline. A testosterona é responsável também pelo aumento da massa muscular por efeito anabólico, conforme explica a nutricionista.
“Esse hormônio influencia na produção de força porque estimula o processo que faz crescer a produção do hormônio do crescimento (GH), além de influenciar na síntese de neurotransmissores importantes para a contração muscular”, completa. Mas ela lembra que também há discussões a respeito do estímulo do crescimento de massa. “Há pesquisas feitas com o uso de tribulus em pessoas com níveis normais de testosterona, e estes estudos não apresentaram resultados expressivos no aumento deste hormônio, visto que a planta é apenas um estimulante da produção natural e não um hormônio exógeno, como são os esteroides, por exemplo”. Isso significa que, de acordo com estas pesquisas, as pessoas com níveis normais de testosterona podem conseguir os benefícios referentes à melhoria dos estímulos sexuais, mas o efeito no ganho de massa seria irrisório. Mas Charline aponta outros benefícios do tribulus. “Como a testosterona estimula o metabolismo, isso faz o corpo aumentar a utilização das reservas energéticas, como ácidos graxos e colesterol, e assim promove um efeito protetor ao fígado, que chamamos de efeito hepatoprotetor” complementa. Afinal, é neste órgão que os ácidos graxos e colesterol são armazenados, e o excesso dos ácidos graxos e colesterol podem atrapalhar seu funcionamento. No que diz respeito à quantidade de tribulus terrestris para se consumir, ainda não há um consenso. “Não existe um guia definitivo sobre a quantidade, mas a dosagem mais sugerida entre os especialistas do campo médico é de 250 a 750mg por dia”, aponta a nutricionista.
No entanto, a nutricionista Joselane Ferreira, da Clínica Memorial Saúde, de Vilar dos Teles (RJ), ressalta a importância de se considerar a individualidade bioquímica. “O que funciona bem para uns pode não surtir efeito nenhum em outros, pois cada organismo é único e reage individualmente a cada tipo e dosagem de suplementação, fitoterápico ou composto bioativo, e é nisso que reside a importância de se consultar um nutricionista que tenha o conhecimento de fitoterapia para não colocar a saúde em risco”. Efeitos colaterais, cuidados e contraindicações Não é qualquer um que pode consumir o tribulus. José Aurélio conta que pessoas com hipertensão ou cardiopatia só devem usar o tribulus com acompanhamento médico. “Pode haver queda na pressão sanguínea, gerando possibilidade de aumento dos efeitos dos cardiotônicos que eles consomem”, explica o nutricionista. Quem consome o medicamento deve tomar cuidado com o excesso. “Caso seja utilizado em excesso, o tribulus pode causar problemas no estômago”, afirma Charline.
José Aurélio também alerta para o uso contínuo do tribulus. “O tribulus deve ser consumido em ciclos, porque o organismo pode se habituar à substância, portanto é recomendado que ele seja consumido por até três semanas seguidas, com pelo menos duas semanas de interrupção”, afirma José Aurélio. Os nutricionistas divergem quando se trata do melhor momento de consumir a planta. Enquanto que Charline afirma que o ideal é consumir ao acordar e antes de dormir, José Aurélio indica outros horários. “Eu recomendo o seu consumo 30 minutos após a atividade física, visando ao aumento da massa muscular e a diminuição da massa de gordura”, afirma o nutricionista. Os especialistas sugerem que a erva seja consumida por meio de cápsulas, já que elas contêm o extrato. “O extrato apresenta apenas o princípio ativo da planta, e por isso é mais indicado, desde que seja manipulado por uma farmácia de confiança”, confirma José Aurélio. Em outros países o tribulus é fabricado e comercializado livremente em lojas especializadas em suplementos alimentares. Já em território nacional, a substância é regulada pela ANVISA e comercializada apenas com prescrição médica por farmácias de manipulação.
A princípio, não há qualquer restrição quanto à combinação de tribulus com outros suplementos alimentares. “Não há estudos que indicam interferência na absorção de BCAA ou whey protein, por exemplo, quando ingeridos com tribulus”, diz Charline. Mas não é qualquer um que é indicado para consumir este medicamento. “Além de pessoas com disfunção sexual e praticantes de atividade física intensa, o tribulus pode ser consumido por algumas mulheres na pré-menopausa”, elenca o nutricionista. Charline acrescenta outros grupos indicados que podem consumir a planta caso seja necessário. “Pessoas com disfunção nos ovários ou testículos, indivíduos que acabaram de sair de um ciclo de esteroides, idosos com declínio na produção de testosterona, ou pessoas que estão em dietas extremas ou prolongadas, já que a gordura é necessária para produção do hormônio entram nesta lista”, enumera. O tribulus terrestris pode, ainda, ser substituído por outros estimulantes de testosterona, como a Androstenediona, ZMA, e DHEA, que também são indicadas pelos médicos. Tribulus terrestris no seu corpo Dentro do tribulus terrestris, há uma substância chamada protodioscina. Ao entrar no organismo, a protodioscina se transforma em sulfato de DHEA. É o sulfato de DHEA que incentiva a produção de testosterona.
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