O fisiculturismo, ou bodybuilding, como muitos chamam o esporte, sempre fez parte do DNA da Revista SuplementAção, e finalmente se tornou o tema da nossa seção de Nutrição e Esporte. E nada melhor para ilustrar o fisiculturismo que a força da mulher brasileira mais bem sucedida quando o assunto é músculo. Anne Freitas conquistou a oitava colocação no maior campeonato de fisiculturismo feminino do mundo, o Ms. Olympia. A trajetória de Anne começou um pouco mais tarde do que a de muitos atletas, mas o encantamento pela modalidade já existia desde pequena. “Sempre tive uma grande admiração pela beleza estética que os músculos nos proporcionam”, explica a atleta.
"Minha mãe sempre se lembra de quando eu era criança, eu entrei numa banca de jornal e pedi a ela que comprasse uma revista sobre fisiculturismo e fiquei ali parada, olhando atentamente”, conta. “Comecei a treinar quando já tinha minha filha linda e me achava muito magra, então fui à luta para ver se conseguia ficar mais encorpada”, continua a campeã. Os corpos que ela admirava nas revistas passaram, assim, a se tornar meta de treino. Nos primeiros seis meses de treino, Anne já havia adquirido músculos que chamavam atenção. “Quando percebi que poderia esculpir as formas na musculação, nunca mais quis voltar a ser magrinha”, garante. A partir de então, Anne começou a estudar e conversar com pessoas mais experientes para melhorar suas práticas de treino, dieta e suplementação. “Sempre com intuito de me satisfazer, não de competir”, lembra. Não há dúvidas de que outros esportes ajudaram Anne Freitas a ser dedicada e disciplinada. “Desde pequena, sempre gostei de esportes e pratiquei desde tênis a ginástica olímpica”, conta a atleta, que é perfeccionista na hora de malhar.
“Tudo o que me proponho a fazer tem que ser muito bem feito”. Ela lembra que pesava 47kg antes de começar a treinar: hoje, pesa 20kg a mais, e isso quando está em período pré-contest. A voz do povo... Ninguém fica super sarado e passa despercebido pelos olhares alheios! Anne começou a se destacar nos lugares que freqüentava exatamente pela sua forma física. “Em qualquer lugar que eu fosse as pessoas me perguntavam se eu competia, ou porque eu tinha aquele corpo e não aproveitava para nada”, recorda. “Em abril de 2008 fui aos Estados Unidos, e durante a viagem muita gente me perguntava se eu era fisiculturista, querendo fazer fotos mostrando meus músculos”, relata. “Eu não sabia nem o que responder porque nunca tinha pisado em um palco e nem sabia qualquer coisa sobre as categorias”.
A viagem foi um marco na vida da catarinense, que decidiu buscar um propósito no investimento que já vinha fazendo até então. “Pesquisei sobre vários treinadores no Brasil, até conhecer meu treinador Ricardo Pannain, que foi quem me lapidou e fez um trabalho excepcional”, elogia. “Desde o início ele teve segurança para decidir em que categoria eu iniciaria, me deu força e apoio para me fazer uma campeã desde o meu primeiro campeonato, usando uma metodologia de trabalho própria e única”, completa. Se o fato de ter um treinador de qualidade é um dos principais passos para o sucesso de títulos importantes, Anne ainda destaca outras características que a ajudaram a chegar lá: a disciplina. “Ela é necessária para seguir exatamente os protocolos que uma categoria exige, desde treino, alimentação, suplementação, descanso, enfim, um conjunto de coisas para chegar ao nível esperado”. De mãos dadas com a disciplina precisa estar a determinação garante a loira. “Para continuar seguindo em frente sempre, mesmo em épocas menos favoráveis”. Assim, a atleta consegue manter o foco até mesmo nos momento mais difíceis.
“Nada que aconteça ao meu redor pode me tirar da dieta, dos treinos intensos e dos objetivos”. Com toda essa força Anne Freitas levou quatro anos para alcançar a categoria profissional, pois competiu na categoria amador até 55kg e neste ano participou do primeiro campeonato profissional de fisiculturismo. Antes de ser bodybuilder, Anne tentou ser atleta da categoria Figure. “Para acompanhar o Figure eu tinha que baixar muito o peso, pois senão eu ficava mais definida do que o padrão internacional exige, portanto não consegui mais acompanhar essa categoria”, explica. A atleta não hesita em definir que entrar para a categoria profissional foi seu maior desafio no esporte. “Meu treinador teve que fazer um trabalho muito específico para que eu ganhasse massa muscular, mantendo minha simetria, aprimorando alguns grupos musculares e corrigindo as minhas deficiências”, revela. Humilde, ela transfere todo o crédito ao treinador, e com ele divide o prêmio conquistado em Hartford, nos Estados Unidos. Mas a parceria de sucesso é incontestável, afinal não é qualquer treinador que consegue fazer um atleta vencer a primeira competição profissional da carreira.
O primeiro lugar em uma das mais importantes competições do esporte foi um divisor de águas na carreira. A criciumense lembra que a sensação de vencer uma competição é indescritível, e cada uma de suas vitórias foi única, mas somente com o prêmio profissional ela conseguiu dar um novo rumo para sua carreira, pois foi com exatamente ele que Anne garantiu vaga para disputar o Ms. Olympia. Treinando conforme os objetivos O treino que Ricardo Pannain faz para Anne não é sempre o mesmo e procura levar em consideração as necessidades e as competições que serão enfrentadas. “Infelizmente ou felizmente, nesse esporte não existe uma cartilha com o que se deve fazer, pois cada indivíduo responde de uma maneira”, lembra. “Minha preparação e minhas estratégias mudam de um evento para o outro conforme minhas necessidades e como vou respondendo. Para isso preciso estar muito bem assessorada e em contato com o que há de mais moderno e eficaz em termos de preparação”, resume a fisiculturista. Ela conta que seu treino é específico e dividido em ciclos. “A metodologia de treinamento que uso é bastante específica e voltada para a minha individualidade biológica”. Anne conta que os estímulos musculares a serem trabalhados variam conforme a fase em que se encontra, e nada de abusar dos pesos.
“Não costumamos usar cargas altíssimas, mas movimentos lentos e concentrados, variando a amplitude do movimento, mas sempre com cargas moderadas e exercícios com bastante contração no músculo alvo”. Anne considera a carga o menos importante nesse processo de evolução. “O aumento da carga é algo natural, pois um atleta tende a aumentar a carga com o tempo para continuar a executar o exercício de maneira correta”, lembra. As mudanças no treino ocorrem gradualmente, conforme a condição física vai se modificando. “Meu maior objetivo para este ano é o campeonato Olympia em setembro, então escolhemos as demais competições de maneira que me ajudem a estar 100% nessa competição, também de uma maneira que não seja muito desgastante ao meu físico”, destaca Anne, que treina de segunda a sábado. “Trabalho um grupo muscular por dia, dando ênfase às minhas deficiências. Meus treinamentos de resistência duram aproximadamente 40 minutos e as sessões de aeróbio variam de acordo com nossa periodização de treinamento”. Embora a metodologia do treino de uma fisiculturista seja a mesma utilizada para homens, Anne lembra que as mulheres fisiculturistas devem focar em diferentes grupos musculares.
“Glúteos, tríceps, região lombar e região pélvica são partes do corpo em que a mulher tende a acumular mais gordura e precisam de mais atenção”, ressalta. A boa dosagem dos treinos e o esforço do treinador são cruciais para evitar o famoso over training – quadro em que o organismo começa a sofrer pelo treinamento pesado - que assombra muitos praticantes de fisiculturismo. “Assim que escolhemos as competições de que irei participar durante o ano, fazemos uma periodização de treinamento muito bem elaborada e cuidadosa, dosando a intensidade de treinamento e visando estar no máximo da minha condição física no dia da competição sem atingir o over training”, relata a esportista, que tem alimentação e horários de descanso controlados. “Isso tudo faz parte da minha preparação e graças ao meu patrocinador, a Probiótica, hoje posso me dedicar apenas à minha preparação”.
Ela resume: “o Overtrainning é tudo que não queremos”. Com gostinho de vitória A rotina alimentar de Anne Freitas varia conforme a fase de preparação em que ela se encontra. No entanto, ela faz sempre entre sete e oito refeições por dia, controladas conforme a necessidade calórica. “São refeições simples compostas por proteínas, carboidratos e lipídeos, onde os lipídeos são em torno de 35% das calorias totais, delimitando assim a ingestão de carboidratos”. Entre as fontes de proteína, estão a carne vermelha, peito de frango, peixe e ovo. As opções de carboidratos variam entre arroz, aveia e vegetais feculentos, que são as raízes como batata, mandioca ou inhame. Entre as fontes de lipídeos estão o óleo de linhaça, azeite, óleo de canola, abacate, castanha-do-pará, entre outros. Obviamente, ficam de fora do cardápio as gorduras ruins e os doces. “Evito carboidratos simples”, conclui. Junto com as refeições estão eles: os suplementos. Anne suplementa com BCAA, glutamina, D Ribose Pro, whey protein, caseína e óleo de coco. “
Mudamos alguns suplementos e acrescentamos outros em cada fase, tanto no off season quanto no pré-contest”, frisa a bodybuilder, que considera o whey protein e os aminoácidos em geral os suplementos fundamentais para um bom desempenho dentro do esporte. Apesar de os pré-hormonais estarem tão difundidos especialmente no exterior, Anne prefere não utilizá-los. Para alguém que conquistou grandes resultados logo nos primeiros seis meses de treinamento, Anne certamente precisa agradecer aos genes que possui. “Sem dúvida que o fator genético ajuda, mas não é algo determinante para o sucesso de um desportista, pois hoje nós sabemos que até o somatótipo, os tipos de fibras, são características que conseguimos modificar com o treinamento de resistência ao longo do tempo”, explica. Ela destaca que muita coisa deve ser somada ao simples fator genético. “Contamos também com diversos recursos de suplementação, técnicas nutricionais e variáveis metodológicas de treinamento de resistência que permitem um indivíduo não favorecido geneticamente conseguir alcançar seus objetivos”, conclui. A campeã já soma muitos conhecimentos a respeito de seu treinamento e do fisiculturismo, o que certamente a ajuda a seguir em frente. E se a principal competição de 2013 é o Ms. Olympia, só nos resta torcer pelo melhor resultado possível para a brasileira mais bem sucedida do fisiculturismo.
Menu 100% calculado
O cardápio de Anne Freitas não é detalhado com a quantidade de comida, mas com a porcentagem de calorias a serem ingeridas em cada refeição. A partir da porcentagem, ela calcula o quanto precisa ingerir dos alimentos, dos quais 35% de toda a refeição diária deve vir de lipídeos. Note que a maior porcentagem de ingestão calórica está concentrada na primeira refeição do dia e nas refeições que antecedem e sucedem o treino.
Refeição 1: 20%
Refeição 2: 10%
Refeição 3: 10%
Refeição 4: 20% (pré-treino)
Refeição 5: 20% (pós-treino)
Refeição 6: 10%
Refeição 7: 10%
Fontes de proteínas: carne vermelha, peito de frango, peixe e ovo.
Fontes de carboidratos: arroz, batata, aveia.
Fontes de lipídeos: linhaça, azeite, óleo de canola, óleo de coco, abacate, castanha-do-pará.
Suplementar para ganhar:
Anne Freitas tem um cardápio à parte de suplementos. Confira!
BCAA: Pré e pós-treino (2 cápsulas antes e 2 depois) Glutamina: manhã (5g), pós-treino (10g) e antes de dormir (5g) D Ribose: Pré-treino (1 scoop) Whey Pro 2: Pós-treino (2 scoops) Óleo de coco extra virgem: Pós-treino (duas colheres de sopa) 100% Casein Protein: Antes de dormir (2 scoops)
Perfil Nome
Completo: Anne Luise Becke Machado Freitas
Data de Nascimento: 20/09/1975
Local de nascimento: Criciúma - Santa Catarina
Altura: 1,58m Peso: off-contest: 86kg / pré-contest: 67kg
Categoria: bodybuilding profissional
Patrocinadores: Probiótica
Site: www.annefreitas.com.br
Treinador: Ricardo Pannain
Principais títulos:
2012: Top 10 (8º lugar): Mr. Olympia
2012: Campeã Europa Battle of Champions
2009: Campeã Mundial até 55kg e Overall
2009: Campeã Sulamericana até 55kg e Overall
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