ALIMENTAÇÃO & NUTRIÇÃO

Tá na hora de matar a fome?

Quando nosso corpo funciona direito, dizemos que ele é um “reloginho”, não é? Pois saiba que existe hora certa para comer aquele doce ou tomar o cafezinho.

Tá na hora de matar a fome? Existe hora certa para comer aquele doce ou tomar um cafézinho
Crédito: REVISTA SUPLEMENTAÇÃO

Você é do tipo que morre de vontade de comer um docinho antes de dormir? Ou não resiste a um cafezinho depois do almoço? Pois saiba que nosso corpo, assim como o relógio, é uma máquina cheia de engrenagens que precisam estar funcionando bem, e saber a hora certa de se alimentar é crucial para que as peças fiquem todas no lugar. A nutricionista Mariana Fróes, especialista em nutrição funcional, lembra que é muito comum, em algumas pessoas, uma vontade muito grande de comer doces. “Essa vontade toda pode mostrar um desequilíbrio de vitaminas, minerais, insulina, ou outros nutrientes responsáveis pela formação de serotonina”, destaca. “Outro fator que pode dar essa vontade de comer é ficar muito tempo sem se alimentar, pois isso faz com que aumente um hormônio chamado cortisol, que favorece o ganho de peso e faz com que tenhamos vontade de comer comidas calóricas e ricas em carboidratos como pães, doces e massas”. Mariana sugere que, caso o consumo daquele docinho seja impossível de conter, que ele venha acompanhado de algum tipo de fibra. “A fibra evita que se tenha um pico muito alto na glicose, que pode favorecer o ganho de peso”, conclui. Um bom exemplo são as famosas barrinhas de cereais que vêm acompanhadas de uma pequena camada de chocolate.

A nutricionista Gabriela Soares Maia, especialista em nutrição clínica e funcional e fitoterapia, conta que os doces, ricos em carboidratos simples, são responsáveis por aumentar rapidamente o nível de glicose no sangue. “Então os melhores momentos para consumir doces são quando a glicose está em baixa ou quando existem outros alimentos na refeição que ajudem a mantê-la o mais estável possível”. Ela exemplifica três grandes momentos do dia em que o consumo de doces é mais recomendável. “Pela manhã, quando o corpo está em estado de baixa glicose; após o almoço e jantar, pois o alto consumo de nutrientes nas refeições diminui o ritmo da digestão e absorção, o que mantém a glicose mais estável, e após os exercícios, pois os doces ajudam a repor as reservas de glicogênio”, enumera. Mas é claro que estamos falando de pequenas quantidades. Gabriela lembra que podemos optar pelos menos gordurosos. “Dê preferência a bolos de frutas sem recheio, cookies integrais ou barrinhas de cereal”, exemplifica. Frutas e fibras nos lanchinhos “Quando você acorda, o organismo está sedento por açúcar por conta do jejum noturno”, explica a nutricionista Gabriela Maia. “

A frutose, açúcar natural da fruta, vai cumprir bem o papel de dar esse combustível de qualidade de que o organismo tanto está precisando”, incentiva a especialista. Cheias de fibras, as frutas são altamente recomendadas nos lanchinhos entre as grandes refeições. Antes de dormir, nosso corpo está abastecido com os nutrientes do jantar, mas muita gente não resiste a um pequeno afago no estômago antes de pular na cama. Gabriela afirma que as frutas são a melhor escolha para essa hora, e indica duas frutas em especial: a maçã e a banana. “A maçã tem propriedades calmantes naturais, enquanto que a banana, além de dar saciedade, tem triptofano, que é essencial para a formação de serotonina, um neurotransmissor ligado ao prazer e relaxamento, além de conter vitamina B6 e magnésio, que também são super relaxantes”, ensina, lembrando que as duas frutas podem ser consumidas naturalmente ou assadas com canela, por exemplo, o que dá aquela carinha de sobremesa. Os alimentos ricos em fibras, como as massas integrais, devem ser consumidos também nos intervalos das refeições, e não antes do treino. Mariana explica que, se comemos algo muito rico em fibras antes de realizar atividades físicas, pode haver desconforto durante o treino. Gabriela completa lembrando que o organismo precisa de carboidratos de rápida absorção. “Deixe os cereais e alimentos ricos em fibras para outros horários do dia”, sugere.

Derrube os mitos

Sabe aquela história de que misturar leite com manga faz mal à saúde? Hoje nós sabemos que é apenas um mito. Pois existem dois outros mitos que precisam ser derrubados: a hora de tomar café e o momento de não consumir carne de porco. A nutricionista Gabriela Maia alerta que tomar café logo após as refeições não é recomendado. “Eu não recomendo a ingestão de café após as refeições, principalmente para as mulheres em idade fértil, ou seja, que ovulam e menstruam”. Gabriela explica que a cafeína e as substâncias chamadas de taninos diminuem muito a absorção do ferro contido na refeição. “Isso pode comprometer o status desse mineral no organismo, levando a quadros de anemia”, declara a especialista, que lembra como isso pode ser perigoso nas mulheres, que perdem sangue frequentemente. “A mulher perde muito sangue mensalmente e se a quantidade de ferro no organismo não for suficiente, juntando com o hábito de tomar café, o quadro de anemia pode se instalar e piorar ao longo do tempo”, alerta. Mas isso não significa que o café deva ser eliminado por completo. “Se for irresistível o café, espere pelo menos 40 minutos para tomá-lo ou vá monitorando seu hemograma de tempos em tempos para ver se esse hábito está prejudicando a sua saúde”, sugere. Enquanto isso, a nutricionista Mariana Fróes recorda que o café, se consumido em excesso, estimula a produção de cortisol, um hormônio que favorece o ganho de peso. “E se o corpo precisa de café para acordar, algum desequilíbrio ele está tendo e precisa ser investigado”, conclui. Outro mito muito comum, relacionado ao momento certo de consumir alguns alimentos, é o de que não se deve comer carne de porco por um período após fazer tatuagens ou colocar piercings no corpo. “Se a pessoa não tiver nenhuma intolerância ou alergia à carne suína, ela pode ser consumida sem problemas, desde que bem preparada”, conta Gabriela, que lembra que o consumo sem exageros garante um alimento menos gorduroso que a carne bovina. “Atualmente a carne suína é cultivada dentro de todos os padrões de higiene estabelecidos”, conclui.

Comentários