ESPORTES & EXERCÍCIOS

Pilates - Uma modalidade para todos

Para crianças e grávidas, para quem passa muito tempo sentado no escritório, para atletas, e até mesmo para quem quer melhorar a qualidade da vida sexual. A mistura de alongamento com trabalho de resistência física também pode entrar na sua ficha de treinos.

Pilates - Uma modalidade para todos Muitas pessoas encontram no pilates uma maneira prazerosa de realizar seus exercícios
Crédito: REVISTA SUPLEMENTAÇÃO

Cada vez mais as pessoas se rendem a uma nova maneira de fazer exercícios, que podem servir tanto como uma prática única, quanto um coadjuvante de outros esportes. O pilates, assim como musculação e yoga, é um método de condicionamento físico e exercício, conforme explica Luiz Eduardo Monteiro da Silva, fisioterapeuta especializado em fisioterapia traumato-ortopédica funcional e desportiva, com formação no método pilates. “Desde o início, o método foi baseado em alguns princípios básicos como a respiração, concentração, controle, precisão e fluidez”, explica o especialista, que também lembra do termo power house, que traz o conceito de que a energia do corpo é centralizada na região do abdômen.

Com o passar do tempo, os princípios de anatomia, cinesiologia e biomecânica foram agregados ao método, assim como alguns exercícios voltados à funcionalidade e reabilitação musculoesquelética. O profissional explica que conforme o aluno vai ganhando flexibilidade, força e consciência corporal nos exercícios, aumenta-se gradativamente o grau de dificuldade. Um dos motivos para o crescimento do pilates, segundo Luiz Eduardo, é que ele se mostra como mais uma opção para condicionar o corpo, especialmente para as pessoas que não se identificam com a musculação. “Muitas pessoas encontram no pilates uma maneira prazerosa de realizar seus exercícios, além de manter a forma com maior orientação, já que a maioria dos estúdios de pilates atende de dois a três alunos por horário, tornando o atendimento mais personalizado”. Entre os benefícios da prática do pilates, o fisioterapeuta cita o aumento da resistência física e mental e a melhora da flexibilidade, além de auxiliar no tônus e força muscular, na melhora do controle corporal, correção da postura, alívio das tensões, dores e estresse. Os exercícios também trabalham respiração, fortalecimento de órgãos internos, melhora da concentração, estimulação do sistema circulatório e oxigenação dos tecidos. Com todos estes objetivos, o pilates é também um bom caminho para combater problemas de saúde.

Hoje em dia, a maioria dos ortopedistas indica o método para tratar vários distúrbios musculoesqueléticos. “Tenho atendido com muita frequência casos de hérnias discais, síndromes dolorosas do quadril e do ombro, além de condropatias no joelho”, relata o profissional. Ele ainda lembra que o método pilates é um excelente aliado no combate a doenças degenerativas. “O pilates combate tendinopatias, distúrbios posturais como escolioses, insônia, ansiedade, entre outros”, elenca Luiz Eduardo afirma que o grande sucesso do pilates está na sua capacidade de reeducação postural. “Isso ocorre porque o método pilates trabalha o corpo de forma global e não isoladamente como a musculação, pois é um trabalho realizado sobre as cadeias musculares”, conclui. Uma mãozinha nas outras atividades Mesmo sabendo que o pilates pode caminhar com as próprias pernas como uma atividade física, o fisioterapeuta lembra que a prática pode ser uma opção aos atletas de diversas modalidades esportivas. “O pilates é um coadjuvante de todos os esportes”, resume o fisioterapeuta. Luiz Eduardo lembra que todo esporte exige um trabalho paralelo de fortalecimento muscular, propriocepção (a capacidade de reconhecer o próprio corpo) e flexibilidade, o que ajuda em casos de encurtamentos e desequilíbrios musculares, por exemplo. O especialista também afirma que, além de fortalecer e dar flexibilidade aos músculos, o pilates trabalha muito a chamada propriocepção neuromuscular. “Ela é muito importante na prevenção de entorses de tornozelo e joelho, bem comuns na prática esportiva”.

Luiz Eduardo enumera algumas modalidades que encontram vantagens em aliar-se ao pilates. Jogadores de futebol podem trabalhar equilíbrio e resistência muscular, enquanto na corrida trabalha-se a respiração, o que pode ajudar durante as provas para controle maior da frequência cardíaca. Ciclistas podem buscar benefícios no fortalecimento de membros inferiores, coluna vertebral, mobilização de tornozelo e quadril, melhorando o padrão de movimento durante o pedal. O fisioterapeuta também ensina que os nadadores podem trabalhar no fortalecimento do grupo muscular conhecido como manguito rotador, muito importante para o esporte. “A natação sobrecarrega muito a articulação do ombro”, explica. Os praticantes de musculação e fisiculturistas podem encontrar benefícios relacionados ao alongamento muscular. “A maioria das pessoas busca na musculação um trabalho de hipertrofia, o que pode levar a encurtamentos e tensões musculares”, explica.

“O pilates também pode servir como atividade relaxante, com objetivo de trabalhar a mobilidade articular”, completa. Pilates para todos O fisioterapeuta afirma que tanto homens quanto mulheres podem se beneficiar do método, e dá destaque para as pessoas que passam muito tempo sentadas no escritório, já que o pilates trabalha com flexibilidade e mobilidade articular. Engana-se quem pensa que o pilates deve ser utilizado somente com adultos. O fisioterapeuta lembra que não há restrições à prática do pilates para qualquer pessoa entre 12 e 80 anos. “Há algumas contraindicações ou cuidados especiais a serem tomados, como pessoas sem autorização médica para realizar exercícios físicos ou hipertensos que não controlam o problema com medicamentos”, afirma. A terceira idade exige atenção quanto às patologias degenerativas, como osteoporose, enquanto que os exercícios para as gestantes devem dar ênfase à mobilidade e ao fortalecimento pélvico, respiração e alongamento, preparando o corpo para hora do parto e pós-parto. No entanto, a prática não deve ser feita no primeiro trimestre da gestação, quando o desenvolvimento do bebê é muito delicado. No caso de crianças, o especialista lembra que há divergências quanto à idade correta para começar a prática, mas enfatiza que os pequenos devem praticar pilates de forma lúdica, com atenção à postura, disciplina e concentração.

“Alguns defendem que uma criança de quatro anos já pode praticar o método, mas outros profissionais preferem trabalhar com crianças de 10 a 12 anos, pois nesta fase o nível de concentração já está melhor e a criança pode realizar os exercícios com mais precisão”, orienta. Uma ajudinha para a vida sexual As mulheres encontram outra grande vantagem na prática do pilates. De acordo com Thaís Jacomeli, fisioterapeuta e instrutora de Studio Pilates, as técnicas de exercícios ajudam na vida sexual, já que atuam na musculatura do assoalho pélvico. A fisioterapeuta lembra que já se foi a época de submissão e constrangimento para falar sobre este assunto. “Liberdade sexual também é importante para a autoestima”, lembra a especialista. Ela destaca que alguns exercícios que trabalham a região pélvica auxiliam diretamente no desempenho sexual da mulher. “A irrigação sanguínea é estimulada, favorecendo as condições que levam ao orgasmo e melhoram a sensibilidade local”, explica a especialista, que ensina alguns exercícios que podem ser feitos em casa. “O mais importante é entender o movimento e a contração desejada, até conseguir, com muito treinamento, reproduzir essa contração do assoalho pélvico no dia a dia e durante o ato sexual", afirma Thaís.

Confira algumas sugestões de exercícios que as mulheres podem fazer em casa para ajudar na saúde sexual:

1- Deite de costas, com joelhos flexionados e pés ligeiramente afastados. Concentre-se na posição do quadril e assegure que esteja numa posição confortável, sem dor. Contraia o abdômen, sem mexer o tronco, levando o umbigo em direção do chão, encolhendo a barriga. Mantenha essa contração por três segundos e solte. Repita o movimento quatro vezes.

2- Agora cole um joelho no outro, ainda flexionados. Empurre um contra o outro durante 3 segundos e solte. Repita essa contração quatro vezes para estimular a musculatura pélvica.

3- É muito importante entender a contração que queremos aqui: mantenha a posição número 1 e se imagine prendendo o xixi. Pode parecer estranho, mas para a contração efetiva da musculatura genital, precisamos desse comando. Expire contraindo os músculos da vagina, conte até 30 e relaxe inspirando. Repita esse exercício quatro vezes.

4- Partindo da posição número 1, articule o quadril (encostando a lombar completamente no chão), contraia glúteos e eleve o quadril devagar, desencostando as vértebras do chão até a altura dos ombros. Nessa posição ‘de ponte’, inspire abrindo os joelhos e expire fechando.Repita o movimento quatro vezes, partindo do chão para a posição de ponte.

5- Para avançar o exercício anterior, coloque uma bola de plástico ou almofada entre os joelhos e aperte por 30 segundos. Repita quatro vezes. Se sentir dor ou desconforto, não repita mais o movimento.

Comentários