A lisina é um aminoácido essencial, ou seja, não é produzido pelo nosso organismo e, por isso, deve ser adquirido a partir da alimentação. “É o principal aminoácido limitante em dietas à base de cereais, o que significa dizer que, embora esteja presente nesse tipo de alimento, é encontrado em baixas quantidades”, explica a nutricionista Jeanne Nogueira, especialista em Vigilância Sanitária e Controle de Qualidade dos Alimentos. A lisina é um aminoácido extremamente importante para o desenvolvimento corporal. A ingestão adequada da mesma, juntamente a outros aminoácidos, em proporções apropriadas, é responsável pelo crescimento linear e ganho de peso satisfatório no desenvolvimento de uma criança. A lisina também é considerada fundamental durante o processo de maturação do colágeno no corpo humano. É um aminoácido que ainda eleva a solubilidade do cálcio, quando ingeridos juntos, aumentando assim a absorção desse mineral. Quem mantém uma alimentação balanceada está garantido, afinal a lisina é encontrada em produtos básicos de refeição. São eles: feijão, carnes, leite e seus derivados, e também leite e farinha de soja e o tofu. Ela se faz presente ainda em medicamentos e também em suplementos. “Em medicamentos tem-se observado a função da lisina para o tratamento do Herpes (veja no quadro HERPES, O VILÃO). O aminoácido inibe o crescimento do vírus, favorecendo o fortalecimento do sistema imunológico. Já na suplementação encontramos a lisina também com a finalidade da melhora do sistema imunológico e na melhora da absorção e retenção do cálcio. Vale lembrar que o soro do leite utilizado na produção dos hiperproteicos contém quantidades dos aminoácidos essenciais, inclusive de lisina”, explica a nutricionista Thais Lorenzato, especialista em Nutrição Esportiva pela Central de Cursos da Universidade Gama Filho. A suplementação com lisina foi tema de um estudo em países subdesenvolvidos em 2010, desenvolvido pela Fundação Internacional de Nutrição Nevin Scrimshaw, de Boston. Nele, o efeito da suplementação com lisina (1g de lisina/dia), em comparação com o de placebo foi examinado em dois grupos de homens, mulheres e crianças. Aproximadamente 30% dos homens, 50% das mulheres e 15% das crianças estavam em risco de insuficiência de lisina. A ingestão dessa suplementação reduziu a morbidade por diarréia em crianças e morbidade respiratória em homens.
RELAÇÃO AMIGÁVEL
Além disso, alguns estudos apontam que a suplementação de arginina e lisina, concomitantemente, aumenta a liberação do hormônio de crescimento, o que pode favorecer o ganho de massa muscular em atletas. “Porém, vale lembrar que ainda não é um consenso do universo acadêmico. Algumas pesquisas contêm resultados satisfatórios em relação ao uso de combinações de aminoácidos específicos que envolvam a lisina, outros nem tanto”, como explica a Jeanne Nogueira.
EXAGERAR? NUNCA!
Assim como qualquer outro tipo de suplemento, é extremamente importante que haja uma recomendação e um acompanhamento do consumo de lisina. “É importante estar atento não só a procedência do produto em questão, como também a dosagem diária, a maneira de utilização e o mais importante, a real necessidade de se fazer uso do mesmo, o que só um profissional capacitado e especializado poderá avaliar (médico/nutricionista)”, alerta a nutricionista Jeanne. "O consumo da lisina em excesso pode propiciar endurecimento da artéria e provocar artereoesclerose. Por enquanto não há estudos científicos que comprovem se tais malefícios estão associados à quantidade de lisina no organismo, mas como em tudo, o que vale é a regra: o exagero sempre é prejudicial à saúde”, explica o cardiologista Dr. Américo Tângari Jr, especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira.
COMA ARROZ E FEIJÃO
A combinação mais básica de uma refeição sem dúvida é a parceria entre o arroz e o feijão. Essa dupla garante uma boa oferta de carboidratos complexos, proteína de origem vegetal de boa qualidade, fibras solúveis e insolúveis além de vitaminas e minerais como ferro, potássio, manganês e zinco. “É importante salientar que enquanto o arroz é rico em metionina, é deficiente em lisina. Já o feijão é uma rica fonte de lisina e possui deficiência em metionina, logo a junção do arroz com o feijão é fundamental para uma alimentação balanceada”, explica Thais Lorenzato. Mesmo tendo essa combinação como nossa base, podemos observar um declínio no consumo desses alimentos. “As novas gerações já seduzidas pela grande oferta de alimentos industrializados como biscoitos, refrigerantes e fast-foods e assim os consomem em grande quantidade e maior frequência. É importante continuarmos destacando as vantagens do que é nossa base de alimentação a fim de promover hábitos alimentares saudáveis, nutritivos e completos”, orienta a nutricionista.
HERPES, O VILÃO
O herpes atinge 90% da população, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). De acordo com a entidade, somente 10% das pessoas não conseguem criar imunidade para adormecer o vírus. Incurável, a doença pode ser tratada e controlada. Há dois tipos de vírus, o tipo 1, responsável por infecções na face e tronco, e o tipo 2, relacionado às infecções dos genitais, e de transmissão sexual. Após a infecção primária, o vírus fica latente nos gânglios da medula espinhal. “Quando ocorre queda da imunidade do indivíduo, por exemplo, devido ao estresse, exposição solar exagerada, dietas restritivas, outras infecções no organismo, o vírus migra através do nervo periférico e retorna à pele ou mucosa, e produz a erupção do herpes simples, que acontece de forma recorrente, repetitiva”, explica o dermatologista Dr. Leonardo Abrucio Neto, especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. A transmissão da infecção ocorre por contato pessoal. O quadro clínico é caracterizado por dor em queimação, formigamento e ardência na área afetada, e, depois de horas ou dias surgem vesículas ou bolhas dolorosas, agrupadas, com aspecto de "cacho de uva". As localizações mais frequentes são nos lábios, nariz, dedos das mãos (em dentistas), regiões glúteas e genitais. “Há estudos que indicam que indivíduos com deficiência do aminoácido lisina, apresentam crises mais intensas e frequentes de herpes simples. Há pessoas, com excreção urinária excessiva de lisina, com os mesmos sintomas. Além disso, o excesso do aminoácido arginina na alimentação precipita surtos mais numerosos.
Isto ocorre porque a arginina compõe a cápsula do vírus”, conta Dr. Abrucio. Portanto, em indivíduos com herpes recorrente deve-se evitar o consumo de alimentos ricos em arginina, como por exemplo, kiwi, abacaxi, chocolate amargo e semente oleaginosas (amendoim, castanha, pistache e avelã). Deve-se preferir alimentos ricos em lisina, como laticínios e carne vermelha. Quando se suplementa a lisina, há uma competição pela absorção da arginina, o que leva a uma menor multiplicação viral. Inicia-se o tratamento com cápsulas de 500mg de lisina. “Pede-se para o paciente voltar em 4 semanas. Se o paciente não melhorar pode-se aumentar a dose de lisina para 500mg, 2 vezes ao dia. A dose pode ser elevada até 2 gramas ao dia. Como se trata de um aminoácido, não há relatos de efeitos colaterais”, orienta e esclarece o dermatologista. Vale salientar que a lisina é utilizada na prevenção do herpes recorrente, para a redução da intensidade e do número de surtos da doença. “Quando um paciente tem uma crise desse tipo de herpes, administra-se antiviral oral e tópico. Depois que ocorra melhora das lesões é que se emprega a lisina isoladamente ou associadamente, com complexos vitamínicos com zinco (mineral que promove aumento da imunidade) ou com antiviral oral”, finaliza o dermatologista.
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