Exercícios físicos - os aliados no combate ao cigarro

O profissional de educação física que realiza trabalhos de personal ou mesmo atua na linha de frente da coordenação de grupos de trabalhos está a mercê de se deparar com diferentes casos de alunos que optam pela busca de qualidade de vida após orientação médica. Entretanto, positivamente falando, o que mais tem chamado minha atenção nos últimos anos é o crescimento da procura por uma vida mais saudável por parte dos fumantes. A grande maioria das pessoas deseja largar o vício do cigarro o mais rápido possível, sendo que a meta surge por meio da prática de atividades físicas, inicialmente regulares. A explicação para tal opção benéfica por parte dos fumantes pode ser baseada no verdadeiro boom de notícias divulgadas pela mídia que enfatizam o crescimento do número de óbitos registrados em casos de problemas pulmonares, obviamente, pelo consumo de cigarro. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reforça quase que semanalmente os malefícios causados pelo problema. Recentemente, a Organização divulgou que o cigarro é responsável pela morte de três milhões de pessoas por ano, atrás apenas do sedentarismo, também forte desencadeador de negativismo à saúde. Fora que a OMS ressalta também as doenças provenientes do fumo.

A lista traz câncer de pulmão, de boca, de laringe e estômago; leucemia, infarto do miocárdio, enfisema nos pulmões, impotência sexual, bronquite; trombose vascular; úlcera; infecções respiratórias e aneurisma cerebral, entre outras. Praticar atividades físicas pode mesmo ser uma janela saudável na vida de quem fuma. Exercícios como corrida, caminhada, natação e ciclismo são os mais indicados, principalmente porque atuam diretamente na capacidade respiratória. Contudo, o fumante não se deve alto delegar a prática das melhorias, é preciso tomar importantes cuidados. Um deles é primeiramente se consultar com um médico para saber o seu real estado de saúde. A realização do famoso check-up dá segurança para saber os limites e, claro, conseguir partir para a efetuação das atividades sem prejudicar a saúde. Isso porque, dependendo da quantidade de cigarros consumidos, o quadro pode exigir maior atenção e cuidados no início. Sabendo informações sobre o estado de saúde, pode-se procurar um especialista (professor de educação física) para começar as atividades físicas.

O exercício mais procurado pelos alunos envolvidos neste tema é a caminhada. Caminhando e andando... Caminhar é o pontapé inicial para se sentir mais a vontade com a nova rotina. Para começar o indicado é uma caminhada de 15 a 20 minutos por dia, ou três vezes por semana, que já servirá de incentivo para o organismo substituir a vontade de fumar. Depois de um tempo, a caminhada servirá de trampolim para evoluções físicas, desencadeando assim, trotes leves até o ápice que é começar a correr. Assim, o acompanhamento do profissional é fundamental, já que ele dita o ritmo das atividades, tendo a consciência de que o fumante requer postura cautelosa por causa de sua capacidade respiratória baixa, por isso é provável que algumas dificuldades apareçam no começo da nova jornada. Utilizando-se da caminhada e até mesmo de outras atividades, o fumante terá benefícios físicos e psicológicos. A prática dos exercícios tem o poder de exercer no ser humano a liberação de endorfina, que provoca a sensação de bem-estar e, por meio disso, substitui a satisfação que o consumo de cigarro traz para quem fuma. É possível afirmar que com o tempo rapidamente notam-se melhoras na autoestima, autonomia, convívio social elevado e menos estresse. Já as melhorias físicas demoram um pouco para serem notadas, mais ou menos um mês. Entre elas estão: diminuição de peso, dos níveis de colesterol e triglicérides, diminuição de diabetes, hipertenstão e doenças do coração, entre outras.

É importante enfatizar que o tratamento para o fumante largar o cigarro por meio da atividade física também requer um acompanhamento multidisciplinar. Ou seja, juntamente com um profissional de educação física que lhe dê total atenção, deve-se trabalhar com pneumologista, cardiologista e psicólogo. Mas explicado todo o cenário positivo para obter êxito, pode surgir a questão: professor, você conhece algum caso que tenha dado sucesso seguindo as dicas? Realmente a tarefa de largar o cigarro não é fácil, e seria até mentira da minha parte dizer que rapidamente os exercícios vão fazer você “apagar” de vez o malefício da sua rotina. Porém, como conhecedor de causa, posso descrever exemplo de que a prática das atividades é capaz de fazer.

ESTUDO DE CASO

Comecei um recente trabalho específico com um aluno de 30 anos. Ele fuma desde os 18 anos e sempre consumiu um maço de cigarros por dia, isso quando não passava da média. Visto que seu desempenho físico no futebol com os amigos estava cada vez mais abaixo do esperado, procurou-me para começar algumas aulas que pudessem, pelo menos duas vezes por semana, fazer com que o consumo de cigarros fosse menor. Estamos com seis meses de trabalho, e as mudanças positivas já começaram. Somente numa conta rápida que fiz com meu aluno, cheguei a conclusão de que entre uma hora e meia e duas horas com os exercícios, ele deixa de fumar de três a quatro cigarros por dia. Isso duas vezes por semana. Além disso, depois das atividades, o seu lado psicológico já identificou a ação de qualidade de vida como aliada, pois exerce nele o repúdio ao cigarro, ao ponto de recusá-lo por horas. Portanto, conseguimos dizer que em menos de um ano ele reduziu pela metade o número de cigarros consumidos mensalmente. Fora este caso, já conheci demais histórias de sucesso. É claro, a longo prazo, mas que puderam ser a válvula de escape para a saúde dos fumantes. O que fica claro é que os exercícios físicos são fortes aliados no combate ao vício do cigarro. Talvez, seja a fórmula mais adequada de paralelamente unir a banalização do malefício com a busca por qualidade de vida. Afinal, a tendência é de que ao se observar os resultados, a vontade de continuar com a rotina saudável aumente, consequentemente o ato de fumar será mera assombração.