SUPLEMENTOS

Luteína - a pílula da beleza, a heroína dos olhos

Com o passar dos anos é inevitável não pensar em cuidados básicos com a pele. Os cremes e tratamentos estéticos são oferecidos em infinita diversidade pelo mercado. A luteína integra o time de produtos aliados na busca por uma pele saudável. Sua ação está relacionada ainda a uma melhor saúde da visão, por ser capaz de reduzir o risco de degeneração macular e o surgimento de catarata.

Luteína - a pílula da beleza, a heroína dos olhos

A pele é o maior órgão do corpo humano. Ela e os olhos são os únicos órgãos constantemente expostos ao ambiente. Pela exposição em demasia é imprescindível se preocupar com cuidados básicos do dia a dia. O mercado de cosméticos no Brasil faturou US$43 bilhões em 2011, segundo dados do Instituto Euromonitor, apresentando um crescimento de 18,9%, o maior entre os 10 principais mercados do mundo neste setor. O Brasil lidera o consumo de produtos infantis, desodorantes e artigos de perfumaria e ocupa a segunda colocação em vendas de protetores solares, itens para higiene oral, produtos masculinos e linhas para cabelo e banho. Esses números comprovam o foco cada vez mais crescente na estética. A pele exerce numerosas funções no corpo humano: age como um barreira para os órgãos internos, regula a temperatura do corpo e desempenha um importante papel na resposta imunológica e na formação da vitamina D, essencial à saúde dos ossos. “Por isso existe a importância de mantê-la sempre saudável, além de bonita”, orienta a dermatologista Fernanda Aguirre, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Uma aliada de primeira categoria nessa batalha pela pele perfeita é a luteína, um carotenóide com ação antioxidante, ou seja, faz parte do seleto grupo de nutrientes que conferem ação protetora inibindo a ação dos radicais livres presentes em diversas partes do corpo e que causam danos ao organismo, acelerando o processo de envelhecimento e o surgimento de doenças.

“Seus benefícios se devem ao fato de que ela se deposita em locais, onde os radicais livres podem causar danos, como por exemplo, os olhos e a pele”, explica a nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, Cynthia Bassi. O organismo não é capaz de produzir essa substância, por isso é necessário manter uma dieta saudável e rica nesse composto. A boa notícia, é que ela é facilmente encontrada em alguns alimentos. As melhores fontes são as verduras de cor verde escuro. Uma xícara de couve cozida contém em média 33,8mg da substância e uma xícara de espinafre possui aproximadamente 15mg. Legumes como brócolis e alimentos como laranja, mamão, tangerina, ervilha, agrião, milho, alface e ovos, possuem uma quantidade menor de luteína, mas também são boas fontes. A absorção pelo organismo é maior quando consumida junto com algum tipo de gordura, isso porque é uma molécula lipossolúvel, por isso, acrescentar uma colher de óleo de canola ou azeite, após o alimento pronto, pode ser uma boa dica, para aumentar o aproveitamento pelo organismo. Dois estudos em particular sugerem que a administração por via oral de suplementos a base de luteína podem proteger a pele das lesões provocadas pela radiação UV-B. “Esse consumo inibe a lesão ao DNA, diminuindo os efeitos inflamatórios desencadeados por ele e o envelhecimento precoce da pele. Os dados sugerem que a suplementação de luteína via oral pode, potencialmente, atuar de uma forma quimioprotetora contra o câncer e proteger o sistema cardiovascular”, orienta Fernanda Aguirre. “A prescrição de suplementos contendo luteína, também tem se tornado comum, por nutricionistas e médicos, interessados principalmente nos benefícios para visão, mas nesses casos avaliar o caso individualmente é fundamental”, explica Cynthia Bassi.

A luteína não garante um melhor desempenho físico durante o exercício. “Porém, por evitar o estresse oxidativo, ocorre uma melhor recuperação pós-atividade. E sempre que o organismo se recupera adequadamente, o indivíduo fica menos cansado, irritado, ou seja, fica mais disposto, mas nada que se compare a algum estimulante como por exemplo a cafeína”, explica a nutricionista Fernanda Paulucci, da empresa de suplementos vitamínicos Sundown Naturals.

De olhos bem abertos

Uma pequena parte da retina, chamada mácula concentra grande parte da substância, que age protegendo o órgão contra a ação danosa da chamada luz azul e retardando sua degeneração. O cristalino constitui outra parte importante da visão que também concentra luteína e nesse caso, a substância associa-se à desaceleração no processo de evolução da catarata. “A deficiência de luteína nessas áreas é um fator de risco a doenças que evoluem para a perda da visão”, diz Cynthia Bassi.

O envelhecimento faz aparecer depostos amarelos na retina conhecidos como drusas. Quando estas manchas são pequenas não indicam perigo para a visão, mas as drusas maiores estão relacionadas à degeneração macular e risco de cegueira. A doença também pode resultar na perda súbita da visão por causa da formação de novos vasos sob a retina, principalmente entre pessoas que têm diabetes ou colesterol alto. O oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto adverte que a maioria das doenças oculares que surgem com a idade não apresentam sintomas logo no início. É por isso que depois dos 40 anos os exames oftalmológicos devem ser anuais. O principal sinal da degeneração macular é enxergar linhas tortuosas. A recomendação é consultar um oftalmologista imediatamente. Queiroz Neto afirma que o tratamento pode ser feito com aplicação de laser, terapia fotodinâmica ou aplicação de um medicamento na parte posterior do olho. Nenhum deles recupera a visão. Por isso a prevenção com a dieta é melhor.

Dieta reduz risco de cegueira

O risco de desenvolver DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade), doença ocular que mais causa cegueira irreparável no mundo, pode diminuir com a combinação de seis nutrientes na dieta. É o que revela o estudo Age-Related Eye Disease Study liderado nos Estados Unidos pelo National Eye Institute. Neste estudo, os pesquisadores de 82 clínicas afirmam que acompanharam durante cinco anos mais de quatro mil pacientes com idade entre 50 e 85 anos, com risco de desenvolver degeneração macular. O resultado do estudo mostra que a melhor suplementação para preservar a saúde da retina combina vitamina C, vitamina E, zinco, cobre, luteína e zeaxantina. Em relação à primeira edição do estudo a principal constatação desta vez é a de que o betacaroteno, que até então seria o único recomendado, poderia ser substituído pela luteína/zeaxantina. O que inclui a dieta “Além da degeneração macular, mais da metade das doenças oculares podem estar relacionadas à má alimentação. O problema é que 50% dos brasileiros estão acima do peso por se alimentarem mal segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)”, explica o oftalmologista Queiroz Neto. De acordo com o especialista, a falta de vitaminas, como por exemplo, a de letra A, encontrada em diversas frutas e verduras provoca dificuldades de adaptação de um ambiente claro para outro escuro que é conhecida como cegueira noturna. Inclua na dieta os itens e previna-se dessa e de outras doenças nos olhos. Confira o quadro abaixo. •

Suco de laranja e outras frutas cítricas

- Ricos em vitamina C protegem os vasos sanguíneos dos olhos e adiam o aparecimento da catarata, além de preservar a saúde da retina. Para obter as 500mg indicadas para a saúde da retina são necessários 5 copos de suco por dia. •

Chocolate amargo - é a maior fonte de cobre. O consumo de 60g por dia faz bem ao coração, aos vasos oculares e à retina. •

Ostras e leguminosas (feijões) – são ricos em zinco que tem melhor absorção quando consumido junto à vitamina C. A maior concentração está nas ostras. •

Folhas verde escuro (couve e espinafre) - são boas fontes de luteína/zeaxantina que aumentam a pigmentação da mácula •

Gérmen de trigo e amêndoas - são ricos em vitamina E que age como antioxidante sobre a saúde ocular.

Pílula da beleza

O mercado de cosmecêuticos continua com um crescimento anual significativo, mas hoje em dia os consumidores estão mais conscientes de produtos nutricionais que contribuem para a saúde da pele e prevenção de doenças. Essa afirmação foi obtida em recente estudo assinado pelo Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Segundo este estudo, nos últimos 10 anos, farmacêuticos, químicos, nutricionistas e médicos têm trabalhado em conjunto para desenvolver novas aplicações nutricionais para satisfazer as necessidades e demandas das pessoas. Os nutricosméticos estão em uma área ainda desconhecida para muitos consumidores e às vezes até mesmo para peritos em alimentos e cosméticos. Caracterizada pela suplementação oral de nutrientes, nutricosméticos são também conhecidos como "pílulas da beleza", "beleza de dentro" e até mesmo "cosméticos orais". A principal reivindicação é o efeito antiaging, reduzindo rugas e combatendo os radicais livres gerados pela radiação solar. Entre os ingredientes utilizados em nutricosméticos, os antioxidantes representam o mais importante. Os mais conhecidos são antioxidantes carotenóides (betacaroteno, licopeno, luteína, zeaxantina, astaxantina) e polifenóis (antocianinas, catequinas, flavonóides, taninos, e procianidinas). Nos últimos anos, muitos estudos têm sido publicados relatando a efetiva ação antioxidante desses compostos na prevenção da formação de rugas e manchas causadas pelos radicais livres. Por isso, são chamados de fotoprotetores orais. “Como não são sintetizados pelo organismo, essas moléculas precisam ser obtidas pela dieta. Vegetais de cor laranja, como cenoura, abóbora e até mesmo o tomate são fontes ricas em carotenoides, assim como outras frutas, incluindo o mamão, a manga e o melão cantaloupe”, afirma a farmacêutica Talita Pizza Anunciato, autora do estudo do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP.

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