1 Diabetes é...?
O diabetes é uma doença caracterizada pela falta da ação da insulina, seja por falta de produção deste hormônio, diabetes tipo 1 ou DM1, ou pela redução da ação pela resistência a ação da insulina, como nos casos de diabetes tipo 2 ou DM2, explica o Dr. Márcio Krakauer, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. A insulina é produzida pelo pâncreas e é essencial para que nosso corpo funcione bem e possa utilizar glicose (açúcar) como principal fonte de energia.
2) Eu tenho diabetes?
O endocrinologista lembra que qualquer pessoa pode apresentar diabetes. O diabetes tipo 1 ocorre geralmente em crianças, jovens e adultos e necessita de insulina para o controle; o tipo 2, ocorre com mais frequência após os 40 anos de idade, e o diabetes gestacional aparece na gravidez, sobretudo se a mulher tem mais de 30 anos, tem parentes próximos com diabetes, já teve filhos pesando mais de 4kg ao nascer, já teve abortos ou natimortos, é obesa ou aumentou muito de peso durante a gestação. No Brasil, um em cada 10 adultos é portador de diabetes tipo 2, segundo o Ministério da Saúde. “O diabetes é visto atualmente não apenas como epidemia, mas como pandemia, ou seja, que atinge todo o mundo. Mesmo países acostumados a conviver com a desnutrição, hoje são obrigados a lidar com as consequências da obesidade, como é o caso do diabetes. As projeções para a prevalência de diabetes para o ano de 2025 são alarmantes e o diabetes deve, desde já, ser encarado pelos nossos governantes, como um problema sério de saúde pública”, afirma Dr. Roberto Luís Zagury, endocrinologista membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) do Rio de Janeiro.
3) É hora de furar!
Para diagnosticar o quadro de diabetes é necessário que se realize um exame de sangue. “O uso do glicosímetro, aparelho medidor de glicose, através de um furo na ponta do dedo é uma das opções de teste, porém um exame mais verossímil sem dúvida é o exame de sangue”, afirma o Dr. Balduíno Tschiedel, endocrinologista e presidente da SBD. Se o paciente apresentar o tipo 1, na maioria dos casos as crianças, os sintomas surgem mais facilmente. “O indivíduo perde peso, sente muita sede e urina muito”, explica Tschiedel. Os sintomas do DM1 podem confundir o diagnóstico, e neste momento o paciente parte para outros tratamentos. “Portanto é fundamental o exame de sangue para um diagnóstico preciso”, orienta o endocrinologista. Já o tipo 2 se manifesta de forma tardia. “Os sintomas do DM2 são muito pobres e difíceis de serem notados. Quando o indivíduo sente um dos sintomas, como feridas que não cicatrizam, o estágio da doença já está avançado”, diz Tschiedel.
3) Cuidado: ele pode matar!
Dr. Márcio Krakauer lembra que caso não esteja controlado o diabetes pode causar perda peso, visão turva, infecções urinárias ou muitas vezes assintomáticas. “Em longo prazo, caso não haja um bom controle o diabetes leva a complicações crônicas como cegueira, amputações, alterações renais (diálise e transplantes renais) e complicações cardiovasculares”. Sim, o diabetes mata! “O diabetes mata com muita frequência, principalmente de complicações vasculares e cardiovasculares como o derrame e o infarto”, orienta o endocrinologista. “Podemos afirmar que o diabetes mata mais que o câncer e os acidentes de trânsito. Estima-se que no ano de 2012, em todo o mundo, 4,8 milhões de pessoas tenham morrido. É importante lembrar que a patologia gera também morbidade, ou seja, ocasiona outros riscos importantes à saúde”, afirma Dr. Roberto Luís Zagury.
4) Insulina, eu preciso de você!
A insulina é um hormônio fabricado naturalmente por algumas células localizadas no pâncreas. Portadores de diabetes que necessitam utilizar insulina, o fazem porque seu organismo não a produz ou produz em quantidade insuficiente, necessitando de complementação diária. Saber a maneira correta de aplicação da insulina é extremamente importante. Estima-se que até 50% dos pacientes já tenham aplicado insulina intramuscular de maneira errada; 7% não sabem qual tamanho correto de agulha; 21% admitem utilizar uma mesma seringa e agulha durante um dia inteiro ou mais. Segundo Dr. Roberto Luís Zagury, o emprego de técnica inapropriada pode ocasionar hipoglicemia, em caso de introdução intramuscular da agulha, ou lipodistrofia em pessoas que não fazem rodízio adequado do sítio de injeção.
5) Luz no fim do túnel
Segundo artigo publicado pela revista eletrônica Science Translational Medicine, existe uma luz ao fim do túnel para quem tem as injeções de insulina. Um sistema de liberação de droga implantável, com utilização de um microchip controlado por wireless já está em estudo. Segundo a SBD, não houve eventos tóxicos ao sistema estudados, nem à droga, sem impactar a qualidade de vida dos pacientes envolvidos. Dessa maneira, já existem sistemas inteligentes para administração de peptídeos e polipeptídeos. “Uma vez que a insulina é um polipeptídeo, podemos supor que as injeções de insulina poderão ser substituídas por sistemas inteligentes que liberem doses de insulina, observando não só as necessidades diárias como também o ritmo de liberação”, explica Dr. Krakauer.
6) Chegaram pra ficar!
No time dos remédios antidiabéticos, destaque para as gliptinas. Elas são amigas dos diabéticos, isso porque são muito benéficas contribuindo até para a redução dos riscos do paciente desenvolver hipoglicemia (baixo nível de glicose no sangue). “Realmente elas vieram para ficar. As gliptinas atuam no sistema gastro intestinal, aumentam os hormônios que atuam nos pâncreas e que melhoram a insulina endógenas do indivíduo portador de diabetes tipo 2. Não existe risco de hipoglicemia. Ela são drogas mais espertas, atuantes apenas quando a gente dorme”, explica Dr. Balduíno Tschiedel, endocrinologista e presidente da SBD.
7) Convivendo bem com o diabetes
O sedentarismo é um dos principais fatores do surgimento de diabetes. Exercícios fora e dentro da academia, investir no cardápio certo, dizer não ao sedentarismo, adaptar-se às aplicações de insulina, maneirar no consumo de bebidas alcoólicas e controlar o estresse são as indicações dos especialistas como fatores de proteção da doença. “A musculação no tratamento e prevenção já é bem indicada, promovendo aumento da sensibilidade à insulina, que é um hormônio que regula o metabolismo da glicose através da melhora da captação, transporte e utilização da glicose para as células musculares, sendo um substrato utilizado durante a contração muscular evitando o surgimento da resistência insulínica”, explica o educador físico, especialista em fisiologia, Pedro de Paula Leite Aguiar. “Dentre os benefícios estão o aumento da massa muscular e o melhor consumo e utilização da glicose na melhora do quadro geral do diabetes”, explica Pedro.
8) Selecione as opções do seu prato
As doenças crônicas não transmissíveis são hoje, no Brasil, as maiores causas de morte. O aumento considerável se deve, principalmente, ao estilo de vida que a maioria da população leva, ou seja, uma vida sedentária e o consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares e pobres em fibras e antioxidantes. A alimentação adequada, da infância até a fase adulta, pode diminuir os riscos destas doenças: o consumo de quantidades adequadas de cada grupo de alimentos deve suprir as necessidades energéticas, ao mesmo tempo em que, as necessidades de fibras, vitaminas e minerais. Além disso, deve-se evitar o consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas principalmente em carnes gordas, gorduras hidrogenadas como margarinas, pastelarias e sorvetes e açúcares como doces, refrigerantes e sucos industrializados. Segundo a SBD, a moderação no hábito alimentar cotidiano tem maior importância que o consumo ocasional excessivo. Estes cuidados podem prevenir o aparecimento e controlar as doenças crônico-degenerativas, mas o nutricionista deve ser consultado, principalmente, por indivíduos com diabetes, colesterol ou triacilgliceróis altos, doenças renais ou de fígado e pressão alta, pois necessitam de orientações específicas. “É necessária uma composição adequada e balanceada dos nutrientes e um ajuste das medicações, sempre de forma individual”, explica Dr. Krakauer.
Fontes consultadas:
Balduíno Tschiedel: Médico Endocrinologista, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes
Márcio Krakauer: Médico Endocrinologista pela SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), Presidente da ADIABC (Associação de Diabetes do ABC), Editor de tecnologia em diabetes e coordenador de campanhas da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes)
Pedro de Paula Leite Aguiar: Educador físico, especialista em bioquímica, fisiologia, treinamento e nutrição desportiva pela UNICAMP
Roberto Luís Zagury: Médico Endocrinologista do Hospital Federal da Lagoa e do IEDE (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione) e membro da diretoria da SBD Rio de Janeiro. Membro da diretoria da SBD Rio de Janeiro
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