PALAVRA DO ESPECIALISTA

A dor é aguda no músculo? Cuidado, pode ser fibromialgia

Saiba como conviver com essa doença reumática caracterizada por dor crônica em todos os músculos e tendões

A dor é aguda no músculo? Cuidado, pode ser fibromialgia Crédito: BANCO DE IMAGENS

Praticar atividades físicas requer um preparo sério. A escolha certa e o ingresso em uma academia equipada, com bons aparelhos de musculação e recursos para exercícios funcionais, além da assistência de um treinador capacitado e competente, é sem dúvida fundamental para a conquista de um resultado saudável, esperado por qualquer aluno. A determinação e a dedicação são imprescindíveis na hora de iniciar uma nova ficha de treino. Esforçar-se é preciso para conseguir completar a corrida ou a caminhada na esteira, para levantar os halteres e para executar bem os abdominais. Mas toda calma é necessária neste momento, afinal esforçar-se demais gera um grande perigo para o seu corpo.

Uma lesão pode ocorrer, além é claro da dor que certamente será sua companheira inseparável por um bom tempo, fazendo com que você tenha que se afastar de vez do ambiente que você mais curte: a academia. Socorro!!! Mas se essa dor é aguda e custa a ir embora, mesmo depois de relaxar os músculos interrompendo os treinos e mesmo tomando doses e mais doses de remédios para acabar com esse desconforto, o caso pode ser mais sério do que você imagina. Estamos falando da fibromialgia, uma doença reumática que se caracteriza por dor crônica em todos os músculos e tendões. Ainda não se sabe a causa desta síndrome, nem tão pouco exames complementares que possam confirmar o diagnóstico, logo as queixas de quem anda acompanhado por dores agudas musculares deve ser levada a sério e certamente acompanhada por um tratamento médico.

O diagnóstico é feito com base na história apresentada pelo paciente, nas evidências clínicas e na exclusão de outros problemas de saúde que poderiam se apresentar de forma parecida. O alerta para a suspeita de fibromialgia é a sensação de "que dói tudo", acompanhada de um ou mais sintomas abaixo:

1. Dor generalizada pelo corpo por, pelo menos, três meses.

2. Sono inquieto, superficial e não-restaurador (o paciente já acorda cansado).

3. Cansaço, perda de energia e diminuição da resistência a exercícios físicos.

4. Diarreia alternada com prisões de ventre e outras alterações intestinais.

5. Formigamento e dormência nos braços, pernas, rosto e, sobretudo, nas mãos e nos pés.

6. Depressão de ansiedade crônica.

7. Dor de cabeça.

8. Sensação de inchaço nas articulações.

9. Rigidez muscular.

Fatores de Risco

1. Falta de condicionamento físico: o sedentarismo é apontado como o principal fator de risco, além de uma doença associada. O corpo necessita de exercícios como forma de se manter livre de vários tipos de doenças, como já foi dito em edições anteriores. Hoje o exercício físico é tido como principal fator em termos de prevenção e de ajuda coadjuvante de vários tratamentos médicos.

2. Mudanças hormonais como incidência: suspeita-se que as mudanças hormonais estejam entre os fatores que desencadeiam a doença (menopausa, por exemplo). 3. Estresse e traumas emocionais: uma vida mais tranquila e distante de problemas, sem dúvida é uma alternativa para se afastar dessa síndrome. Procurar gerenciar traumas emocionais, com acompanhamento profissional é fundamental para não sofrer deste mal.

4. Doenças infecciosas: um tratamento adequado para qualquer que seja a doença infecciosa é indiscutível. 5. Hereditariedade: atente-se para algum caso familiar. Se seus pais jásofreram deste mal, você pode ser a próxima vítima!

Tipos de Tratamento

1. Uso de analgésico leve para interromper o ciclo da dor, é indicado em casos de crises agudas.

2. Exercícios físicos de baixo impacto, sobretudo caminhadas ou natação. É provado que a prática constante deste tipo de exercício diminui e muito as crises de dor, tanto na periodicidade, quanto nos intervalos de reincidência. Nos casos de dor acentuada, a suplementação pode ser necessária.

3. Alongamento para aliviar a sensação de dor provocada pela contração muscular excessiva, deve ser sempre feito antes e após da realização do exercício de baixo impacto: a preferência é por além dos alongamentos gerais, os alongamentos individualizados para cada paciente.

4. Acupuntura para melhorar a qualidade do sono, combater a depressão e a ansiedade.

5. Redução das situações de estresse procurando fazer pequenas pausas de descanso ao longo do dia para evitar a fadiga.

6. Técnicas de relaxamento: ioga, meditação, meditação, massagem e hidroterapia (a água também ameniza a dor), lembrando sempre de procurar um profissional especializado para a execução de cada técnica.

Conviva bem com este mal

Embora ainda não tenha sido descoberta a cura para a fibromialgia, há casos em que os sintomas retrocedem quase totalmente. A prática de alongamento corporal e de exercícios físicos de baixa intensidade, aliada ao uso de analgésicos e de antidepressivos tem sido a forma de tratamento mais bem-sucedida. Acupuntura, hidroterapia e outras técnicas que combatem a ansiedade e a depressão também são usadas. Viver de maneira mais relaxada é um prato cheio para uma qualidade de vida, sempre. Procure já o seu médico: informe-se mais e cuide-se sempre, “mens sana in corpore sano”!

Suplementação amiga

Os suplementos alimentares capazes de ajudar na dor tardia, no fortalecimento dos tendões, nas cápsulas articulares e também na recuperação musculares são:

Glutamina: aminoácido mais abundante no corpo humano. Como os músculos são “machucados” durante os exercícios, nada melhor do que recuperá-los com maior velocidade e a glutamina faz isso muito bem. Dosagem - Uma dose de 5g antes e após os treinos já é suficiente para grandes melhoras na dor

BCAA’s: são aminoácidos de cadeia ramificada. Também ajudam na recuperação muscular após os traumas pós treinos.

Dosagem - o ideal é consumir 2g de BCAA’s antes e após os treinos. Glucosamina e Sulfato de Condroitina: os efeitos anti-inflamatórios das duas substâncias está relacionada à estimulação da síntese de proteoglicanos e de ácido hialurónico (componentes das cartilagens), e a diminuição da atividade catabólica dos condrócitos (células de tecido ósseo) inibindo a síntese das enzimas proteolíticas e de outras substâncias que contribuam para danificar matriz da cartilagem e causar a morte de condrócitos articulares.

Dosagem - suas doses diárias estão em 1500mg de Glucosamina e 1200mg de sulfato de condroitina, podendo ser administrada até em duas vezes ao dia.

Maria Beatriz Piraí de Oliveira Médica Ginecologista, Obstetra, Especialista em Sexologia Clínica e Patologia do Trato Genital Inferior (IBCC)

Comentários