1- O que é?
Manter uma dieta balanceada é o primeiro mandamento para uma vida saudável, porém mesmo quem procura variar o cardápio pode — sem perceber — apresentar uma carência de um ou mais nutrientes o organismo. Definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como Fome Oculta , o problema chega a afetar uma em cada quatro pessoas em todo o planeta e pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças como câncer, osteoporose, diabetes e até o aumento de problemas cardiovasculares. “É considerada uma das doenças nutricionais mais prevalentes no mundo”, afirma Sônia Trecco, Nutricionista-chefe da seção de Atendimento Laboratorial do Instituto Central da FMUSP - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Ela não está necessariamente associada ou relacionada à outra patologia”, completa.
2- Mal Silencioso?
Sônia explica que a fome oculta é um problema silencioso e que na maioria das vezes só é possível sentir os efeitos da carência de vitaminas e minerais quando problemas mais graves já se instalaram. “Os sintomas aparecem apenas quando a deficiência nutricional já está em um grau mais avançado. Normalmente, depois que várias etapas do processo metabólico estão comprometidas”.
O também nutricionista Bruno Gomes dos Reis, da RG Nutri, lembra que a síndrome pode passar despercebida até em uma avaliação clínica. “Por isso é preciso estar atento aos sinais subclínicos como falta de apetite , sonolência, apatia, fraqueza e alterações de comportamento como irritabilidade e depressão”. A baixa imunidade também entra na lista de sinais de que seu corpo anda precisando de algo a mais. “Pessoas que adoecem facilmente estão sempre com problemas de saúde, como gripes e viroses, também podem estar sofrendo com a deficiência de algum nutriente”, alerta Sônia.
3- Quem pode ter?
A lista de pessoas que estão propensas às carências nutricionais é extensa! O nutricionista Bruno Gomes explica que na fome oculta também existem os chamados grupos de risco. “Temos o grupo de pessoas que é suscetível por motivos biológicos, ou seja, que estão em fases da vida que condicionam necessidades superiores de vitaminas e minerais como crianças em fase de crescimento, adolescentes, gestantes, lactantes e idosos”, diz. “E também os que são definidos pelo estilo de vida como os tabagistas, consumidores de álcool, esportistas, pessoas em dieta para emagrecimento, submetidas ao estresse e com hábitos alimentares inadequados”. Sônia completa a informação reforçando: “Todos aqueles que realizam uma dieta monótona estão sujeitos ao problema”.
4- Visite um médico
Se você soma os fatores, alimentação desequilibrada e alguns dos sintomas descritos vale, a pena consultar um médico. “A maioria dos pacientes que sofrem de fome oculta vem ao consultório com uma série de queixas em relação à disposição e ao bem-estar”, pontua Sônia.
O desequilíbrio pode ser detectado por exames bioquímicos, entre eles os mais comuns são os de sangue como o hemograma e os que revelam as dosagens específicas de alguns nutrientes.
5- Na balança
Sim! A fome oculta também pode trazer incômodos quando o assunto são os indesejáveis quilos a mais. “O cérebro desempenha um importante papel na regulação do equilíbrio energético e o realiza principalmente através de três ações fisiológicas: controle da fome e da saciedade, controle do consumo de energia e regulação da produção de hormônios envolvidos na formação das reservas energéticas”, explica Reis. “Assim, quando alguma deficiência de nutrientes está presente, o nosso organismo entende isso como um desequilíbrio e sinaliza para o cérebro aumentando nosso apetite na tentativa de ingerirmos os nutrientes deficientes e muitas vezes nessa situação optamos por alimentos ricos em açúcares e gorduras e pobres em nutrientes, dificultando assim a perda de peso”.
6- Suplementação como aliada
Os suplementos alimentares podem auxiliar no combate e na prevenção da síndrome. Com orientação profissional, quem não obtém da dieta os nutrientes necessários pode lançar mão de diferentes produtos que sejam fontes de vitaminas e minerais.
Para quem já possui o problema, a suplementação vai depender do nutriente que está escasso no organismo. “Os suplementos recomendados variam de acordo com a deficiência nutricional que a fome oculta está causando”, ressalta Bruno Gomes. “Se o indivíduo apresentar anemia ferropriva (deficiência de ferro), por exemplo, não basta aumentar a ingestão de carnes e feijão, fontes do mineral, deverá também ser utilizado um suplemento com sulfato ferroso”.
7- Como previnir
Lembra quando você aprendeu que cada tipo de alimento pertence a um grupo e que para manter uma alimentação equilibrada era preciso consumir frutas, verduras, legumes, proteínas e carboidratos todos os dias? A regra continua valendo para a vida toda e pode prevenir as carências nutricionais.
“Os alimentos devem ser consumidos de forma balanceada, sem exageros ou escassez. A variedade deve ser a grande inimiga da Fome Oculta ”, diz Reis. “Uma boa dica é fazer sempre pratos bem coloridos. As vitaminas é que dão cor aos alimentos, por isso um prato colorido normalmente também é mais nutritivo”. A nutricionista da Faculdade de Medicina da USP lembra ainda que o ideal é fracionar a alimentação em 5 refeições por dia. “Café da manhã, lanche, almoço, lanche e jantar”.
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