1) O que é artrite?
Artrite reumatoide é uma doença comum das articulações que se caracteriza por inflamações frequentes de várias juntas, causando dor, inchaço e dificuldade para os movimentos. A AR acomete aproximadamente 1% da população, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Qualquer pessoa, desde crianças até idosos, pode desenvolver a doença, mas mulheres entre seus 50 anos são as vítimas mais comuns. Pessoas com história de artrite reumatoide na família têm mais risco de desenvolver o problema. “Essa é uma doença que prejudica a movimentação das articulações e por isso, o paciente deve se adaptar ao longo de sua vida a essa limitação e buscar alternativas em seu dia a dia para manter seu bem-estar físico e emocional”, afirma o Dr. Fábio Carvalho, médico imunologista.
2) Quais são as causas da doença?
O aparecimento da doença decorre de vários fatores como: predisposição genética, exposição a fatores ambientais e possivelmente infecções. “A causa mais importante é a tendência genética, e acredita-se que alguns genes possam interagir com os outros fatores causais. Sabe-se que alguns pacientes não apresentam estes genes e a presença destes não significa que a doença irá sempre aparecer”, esclarece a Dra. Licia Maria Henrique da Mota, médica reumatologista e coordenadora da Comissão de artrite reumatoide da SBR.
3) Viva higienizado e sem cigarro
Além dos fatores genéticos, inúmeros vírus e bactérias foram investigados como sendo possíveis causadores, o que não foi confirmado até o momento. Infecções periodontais podem predispor ao aparecimento da AR, sem confirmação técnica exata. É sabido que pessoas que fumam e fumantes passivos tem grande chance de desenvolver o problema. Outros fatores como poluentes do tipo sílica e fatores hormonais também estão relacionados com artrite reumatoide e isto justifica o fato da doença ocorrer três vezes mais em mulheres e apresentar melhora clínica no período da gestação.
4) Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, ou seja, se baseia na história clínica e no exame físico feito pelo médico. Alguns exames complementares, de sangue ou de imagem, incluindo as provas que medem a atividade inflamatória, o fator reumatoide, e eventualmente, ultrassonografia ou ressonância das juntas, possam ajudar no diagnóstico. “A AR pode iniciar com apenas uma ou poucas articulações inchadas, quentes e dolorosas, artrite ou sinovite, geralmente acompanhada de rigidez para movimentá-las principalmente pela manhã e que pode durar horas até melhorar. Artrite corresponde à inflamação de algum dos componentes da estrutura articular como a cartilagem articular, osso subcondral ou membrana sinovial. Sinovite é a inflamação da membrana sinovial, que recobre a cápsula articular – que envolve a articulação - por dentro, e, geralmente, se manifesta por vermelhidão, inchaço, calor, dificuldade de movimento e dor. O cansaço (fadiga) também é uma manifestação frequente”, explica a reumatologista Licia.
5) Vítimas da AR
O quadro clínico mais visto é caracterizado por artrite nos dois lados do corpo, principalmente nas mãos, punhos e pés, que vai evoluindo para maiores articulações e mais centrais como cotovelos, ombros, tornozelos, joelhos e quadris. A evolução é progressiva sem o tratamento adequado, determinando desvios e deformidades decorrentes do afrouxamento ou ruptura dos tendões e das erosões articulares. A AR pode levar a alterações em todas as estruturas das articulações, como ossos, cartilagens, cápsula articular, tendões, ligamentos e músculos que são os responsáveis pelo movimento articular. Dentre os achados tardios e que levam à incapacidade física para as atividades do dia-a-dia, a reumatologista Licia Mota cita diversas alterações em diferentes juntas: - desvio dos dedos ou "dedos em ventania": resultado de múltiplos fatores como o deslocamento dos tendões extensores dos dedos; - deformidades em "pescoço de cisne": hiperextensão das interfalangeanas proximais e flexão das distais; - mãos em “dorso de camelo": aumento de volume do punho; - joelhos, tornozelos e/ou hálux valgos; - "dedos em crista de galo": deslocamento dorsal das falanges proximais com exposição da cabeça dos metatarsianos. - pés planos: arco longitudinal achatado.
6) Prevenção é o melhor remédio!
O tratamento adequado e precoce pode prevenir a ocorrência de deformidades e melhorar a qualidade de vida. Por ser uma doença inflamatória crônica, autoimune e sem cura, a pessoa deve adotar alguns hábitos para conviver melhor com o problema. Alongamento, prática de exercícios físicos, descansos regulares, alimentação rica em nutrientes, medidas de higiene e uso de equipamentos de proteção auxiliam para um não desenvolvimento do mal. Uma dieta equilibrada e rica em cálcio como leite e derivados é recomendada pelo risco aumentado de osteoporose. “Para isso à adesão ao tratamento é fundamental e para a vida toda, incluindo medicação com administração rigorosa, fisioterapia, exercício físico, medidas educativas e até cirurgia. Muitos pacientes relutam e acabam deixando o tratamento de lado, sem pensar nas consequências ao longo prazo”, Dr. Fabio Carvalho, médico imunologista.
7) Posso praticar atividades físicas? DEVE!
A pessoa que tem AR pode e deve praticar atividade física, sobretudo para manter o condicionamento cardiovascular. Os exercícios não devem ser exaustivos e nem causar impacto, e, nos períodos de atividade da doença, o repouso deve ser indicado. Um programa específico de exercícios pode ser orientado pelo médico, fisioterapeuta ou educador físico, após avaliação cuidadosa de cada caso. As antigas estratégias terapêuticas favoreciam o repouso. Entretanto, recentemente os estudos sugerem que os pacientes que participam de programas de exercícios regulares melhoram a flexibilidade, a força, a vascularização (circulação) e o funcionamento físico, sem aumentar os sintomas articulares. “Algumas técnicas fisioterapêuticas auxiliam muito no tratamento, como: exercícios supervisionados, massagem para promover relaxamento, calor úmido e parafina para aliviar a dor e o laser e o ultrassom para combater o processo inflamatório”, explica a fisioterapeuta Fabiana Alves.
8) Mexa-se e conviva com a AR
Pacientes com doenças crônicas, como a AR, buscam terapias alternativas, como uma forma de tratamento de sua condição. “Essas terapias incluem dietas, meditação, biofeedback, acupuntura, massagens, quiropraxia, homeopatia, entre outras. Na maioria das vezes, faltam estudos científicos sobre a segurança e a eficácia destes tratamentos, ou seja, não é possível afirmar que tais terapias tragam algum benefício para o paciente”, afirma Dra. Licia Mota. O papel dos exercícios na luta contra a deficiência reumática é grande e importante para controlar o comprometimento das articulações e a perda da mobilidade. Por todos esses fatores deve ser dada a importância para o tratamento fisioterápico. Repouso só deve ser indicado em quadros muito dolorosos e por pouco tempo. No entanto, dicas simples podem contornar essas dificuldades: • Dormir de lado, com três travesseiros: um debaixo da cabeça; outro entre as pernas para não bater um joelho com outro e nivelar a bacia e o quadril; e um terceiro para abraçar à frente, proporcionando uma posição mais confortável; • Evitar tomar café ou bebidas que contenham cafeína para não prejudicar o sono. Quem dorme mal não relaxa a estrutura muscular, causando dores adicionais ao paciente. Manter a postura correta ao sentar e andar também ajuda a afastar dores musculares; • Tornar a casa mais prática e menos favorável a quedas; • Elevar a altura da cama para ficar mais próxima do nível dos joelhos, facilitando o movimento de sentar e levantar; • Procurar utensílios desenvolvidos especificamente para portadores de AR; • Ao invés de abandonar atividades de lazer como jardinagem ou pintura, procure realizá-las fazendo pausas frequentes para descanso, não sobrecarregando as articulações e músculos.
9) Quem poderá me defender?
O reumatologista é o especialista essencial na avaliação e no tratamento dos pacientes com AR. Como a fisioterapia e a terapia ocupacional contribuem para que o paciente possa continuar a exercer as atividades da vida diária, a ajuda de profissionais dessas áreas em coordenação com o reumatologista também é indicada. Existem grupos de apoio para pessoas com AR que podem proporcionar troca de experiências e informações, ajudando-as a conviver com a doença e enfrentar as suas limitações.
A ANAPAR é a Associação Nacional de Grupos de Pacientes Reumáticos. “O grupo ajuda a pessoa com AR a se encontrar, pois o convívio com outras pessoas com essa doença facilita o entendimento de seus sintomas e o controle da doença”, explica Eduardo, presidente da entidade. A ANAPAR possui 16 grupos membros, nos estados: AM, MA, CE, RN, SE, BA, GO, DF, SP, SC e RS. Há vários endereços disponíveis no site do Grupo de Pacientes Artríticos de São Paulo (GRUPASP) – www.grupasp.org.br, sede da entidade nacional de apoio à doença. Fontes consultadas: Dr. Fábio Carvalho: Médico imunologista Dra. Licia Maria Henrique da Mota: Médica reumatologista, Coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) Fabiana Alves: Fisioterapeuta, pós-graduada Motricidade Humana pela UNESP de Bauru
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