SUPLEMENTOS

Suplementação Pet: Eles também suplementam!

Cavalos, cães e gatos também podem consumir suplementos alimentares. Saiba quais as diferenças a serem consideradas na hora de escolher suplementos para os seus amigos de quatro patas

Suplementação Pet: Eles também suplementam! Os suplementos para animais são regulamentados pelo Ministério da Agricultura.
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Eles precisam de creatina e aminoácidos para desenvolver maior metabolismo energético em atividades físicas de explosão, podem necessitar de vitaminas como coadjuvantes de tratamentos de alguns problemas de saúde e ainda precisam de antioxidantes para evitar lesões. Desta vez, não estamos falando de atletas ou de pessoas que buscam maior qualidade de vida, mas de animais. Bois, cavalos, cães, gatos, pássaros e até mesmo roedores como os hamsters ou chinchilas podem se beneficiar com a suplementação de creatina, arginina, BCAA, L-Carnitina, glutamina, ômega 3 e tantos outros nutrientes que nos acostumamos a ver nas páginas da revista como fundamentais para os humanos. E eles têm suplementos só deles! Os suplementos são necessários em três grandes situações nos equinos, cães e gatos: a necessidade de melhoria no desempenho, situações fisiológicas de diferentes fases da vida e tratamento ou prevenção de doenças. Embora haja algumas semelhanças na suplementação dos animais, as principais diferenças nos produtos dizem respeito à dosagem e aos objetivos do consumo, conforme explica Gustavo Mano, médico veterinário e gerente de desenvolvimento de produtos da Vetnil, laboratório que se dedica à fabricação de produtos veterinários desde 1994. “Até mesmo pelo tamanho do segmento de suplementos para humanos, existem produtos mais focados, com poucos nutrientes em cada formulação. Para os animais é necessário ter mais praticidade, então a indústria costuma desenvolver produtos com elementos que podem ser administrados em conjunto em prol de um objetivo específico”, explica. No caso dos animais, os produtos mais consumidos são voltados a diferentes objetivos, como fortalecer o desempenho do fígado, por exemplo, o que exige uma combinação de cisteína, taurina e zinco, entre outros elementos. No caso de equinos, produtos para a melhora do desempenho muscular possuem base de aminoácidos purificados, com destaque para a Glutamina e a L-Carnitina, nucleotídeos, algumas vitaminas e elementos antioxidantes. Mas existem outros objetivos.

O que eles usam?

Para entender melhor quando os suplementos entram na rotina dos animais vamos dividir em tipos de animais, principais nutrientes e finalidades: Cavalos: Eles estão presentes em esportes de alto rendimento e performance, como a corrida, o polo, tambor e baliza e vaquejada. Como estes esportes são de explosão, conforme explica o médico veterinário, existe a necessidade de otimizar o metabolismo energético e favorecer o ganho de massa magra. Para isso podem ser utilizados como recurso nutricional a creatina ou outros aminoácidos. “Outro problema muito comum nestes animais são lesões devido ao esforço excessivo, que em casos extremos pode até levar o cavalo a óbito”, lembra Gustavo. “Para evitá-las, é fundamental a utilização de elementos antioxidantes, como Vitamina E, Selênio e Ômega 3, além do correto treinamento do animal”, complementa. O especialista lembra que o cavalo atleta possui uma rotina completamente diferente da sua programação genética. “Ele não fica solto no pasto e em grupo, alimentando-se várias vezes ao longo do dia, tem espaço restrito e tem todo o seu metabolismo alterado, o que pode justificar o fato de se oferecer nutrientes de forma específica e direcionada” Gustavo cita uma importante situação fisiológica que pode exigir suplementação tanto em éguas quanto em cadelas: o período de lactação. “Quando estão produzindo leite, especialmente as éguas passam por um forte estresse metabólico, o que pode exigir suplementação de aminoácidos, energia e de cálcio”, explica. Outra situação que pode necessitar de suplementos é a fase de reprodução: especialmente os equinos podem se beneficiar de nutrientes específicos para a melhora da performance reprodutiva, como a L-Carnitina, o Betacaroteno, Vitamina E, Selênio, entre outros.

Cães e Gatos:

O veterinário dá como exemplo a suplementação com biotina e zinco, que tem a função de melhorar problemas na pelagem. Esta ação é semelhante ao que os humanos utilizam para a pele. Ele também lembra que a taurina e a carnitina podem ser nutrientes importantes em raças com tendência a problemas cardíacos, por exemplo. Em cães atletas, existem casos em que é necessário suplementar com nutrientes energéticos como glicose, frutose e maltodextrina, ou mesmo a gordura, por exemplo, nos animais que fazem exercícios longos. “Ao contrário dos humanos, os cães metabolizam muito bem os ácidos graxos, blocos das gorduras”. No caso de prevenção e tratamento de doenças em cães e gatos, o profissional destaca que o veterinário deve se atentar à predisposição da raça e procurar pensar preventivamente. Já no caso de alguns problemas como anemias, problemas de pele e cardíacos, ferro, biotina e carnitina, respectivamente, podem ajudar. Os pets idosos costumam necessitar de elementos que auxiliam na saúde do intestino, e antioxidantes, que protegem o corpo dos radicais livres, mais comuns nesta fase da vida. Até mesmo os petiscos utilizados no adestramento de cães hoje são fabricados com substâncias benéficas, como os probióticos.

Outros animais:

A suplementação pode ser ainda administrada em animais de produção, como é o caso dos bovinos, suínos e aves, mas nessas situações o foco está em melhorar a produtividade animal. “Em um cenário mais abrangente, os equinos se assemelham mais aos humanos, pois seu consumo de suplementos é bastante voltado ao desempenho esportivo”, explica. Mesmo assim, vale destacar que já existe também a produção de suplementos alimentares para animais de estimação menos comuns, como répteis, mustelídeos - o furão é o mais comum da categoria- e aves. O especialista esclarece que, assim como em nós, humanos, os animais também absorvem os nutrientes pelo intestino, de onde partem para o fígado, que faz a “triagem” dessas substâncias. “Uma das grandes diferenças encontradas na absorção dos suplementos com relação aos pets, está na digestão mais adaptada para metabolizar proteína animal, enquanto que nos equinos o aproveitamento dependerá do tipo de trabalho a que o animal está sendo submetido, o que se relaciona diretamente às diferentes raças”, destaca, ressaltando que o metabolismo é a grande diferença quando se compara animais e humanos. Segundo o veterinário, o resultado do uso de suplementos é bastante variável. “A recepção do suplemento depende da realidade de cada protocolo e cada animal, dependendo também da base alimentar dos cães, gatos e equinos, que sempre deve ser de qualidade”.

Os cuidados na hora de suplementar

Ao contrário dos medicamentos, que tratam de doenças e exigem prescrição do médico veterinário, os suplementos são nutrientes que auxiliam, mas não necessitam de indicação médica. Mas isso não significa que o papel do veterinário não seja fundamental. “É importante que o uso de suplementos seja demandado e indicado pelo veterinário, que é capacitado para recomendar o produto certo”, alerta Gustavo. De qualquer forma, o veterinário reconhece que os animais, de forma geral, são bastante tolerantes às estratégias nutricionais. “Os animais costumam ser tolerantes ao excesso de nutrientes, e com as formulações corretas, baseadas em estudos, hoje em dia é bastante raro que haja erros graves no uso de suplementos”. O importante da avaliação profissional, segundo Gustavo, é que o especialista é capaz de verificar se há necessidade real de dar o suplemento. Infelizmente, há outro cuidado cujo alerta é necessário: o uso de suplementos veterinários em pessoas. Gustavo conta que muitos podem se confundir com os nutrientes, mas as doses, formulações e misturas são diferentes. “Nenhum suplemento veterinário é recomendado para humanos, pois os nutrientes são diferentes, e não há testes desses produtos em pessoas”. Especialista no assunto, Gustavo conclui com outra informação muito importante sobre a regulamentação dos produtos. “

Os suplementos para animais são regulamentados pelo Ministério da Agricultura, enquanto que os humanos são regulados pela ANVISA agência vinculada ao Ministério da Saúde”. Por este mesmo motivo, os suplementos humanos não podem ser dados aos animais, já que a concentração de poucos tipos de nutrientes nos nossos suplementos pode gerar riscos à saúde dos animais, conforme alerta Gustavo. “É justamente por isso que existe uma indústria veterinária para suprir estas necessidades, pois os suplementos para animais são voltados para resultados específicos a que eles se propõem, sendo que o mais buscado é o resultado terapêutico, no caso dos pets, e o atlético, no caso dos equinos”, conclui.

Animais Idosos: uma ocasião especial

De acordo com levantamentos do mercado, hoje a expectativa de vida dos cães é de 18 anos e de gatos de aproximadamente 20 anos, ou seja: eles vivem o dobro do que viviam há 30 anos. Nesta fase da vida os animais precisam de apoio nutricional adequado para suprir as necessidades específicas que surgem. “O objetivo é a prevenção. Entendemos que cuidados preventivos como visitas periódicas ao veterinário, exercícios moderados e dieta adequada, incluindo suplementos que forneçam nutrientes essenciais e antioxidantes, são reconhecidamente importantes estratégias antienvelhecimento”, revela a médica veterinária da Vetnil, Isabella Vincoletto.

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