NUTRIÇÃO & ESPORTE

Nutrição e Esporte: Remo com Fabiana Beltrame

Capaz de desenvolver a musculatura dos membros inferiores e superiores e de beneficiar os sistemas cardio-respiratório e cardiovascular, com um exercício intenso em contato livre com a natureza. Esse esporte nos apresenta a campeã Fabiana Beltrame, a primeira remadora brasileira a chegar com seu barco à frente de uma Olimpíada

Nutrição e Esporte: Remo com Fabiana Beltrame Fabiana Beltrame
Crédito: ARQUIVO PESSOAL

Encontrar uma prática que contemple a soma saúde + definição muscular certamente nos remete aos exercícios físicos oferecidos pelas academias mundo afora. Se o ambiente fechado desses centros de ginástica não agradar, a natureza é uma alternativa válida para complementar essa soma. A caminhada e a corrida de rua ganham cada dia mais adeptos, mas existem opções capazes de garantir um shape ainda mais definido, com horas de treino e muita dedicação. Optando por essa modalidade, você ainda poderá levar uma medalha para casa e comemorar com grito de “é campeão!”. Apresentamos a vocês o remo, uma prática saudável e intensa ao extremo. Utilizado como meio de transporte desde a antiguidade no Egito, Grécia e Itália, o remo só começou a aparecer como esporte no final do século XVII e início do XVIII, na Inglaterra. A famosa corrida entre as universidades de Oxford e Cambridge, realizada de 1828 até hoje no rio Tâmisa foi a primeira disputa oficial desse esporte. Historiadores afirmam que o remo chegou ao Brasil por volta de 1880, antes mesmo da chegada do futebol, sendo este o esporte mais popular em vários estados do país, capaz de arrastar multidões para as regatas.

O objetivo do remo é simples: o atleta deve percorrer um percurso em linha reta, chamado de raia, no menor tempo possível. Independentemente da categoria ou do tipo de barco, a distância de 2000m é sempre a mesma. A raia de competição é demarcada por boias, e cada bateria tem até seis barcos de um, dois, quatro ou oito atletas. Vence quem chegar à frente em menor tempo. A vontade de vencer somada à sensação da subida ao local mais alto do pódio, é o que move Fabiana Beltrame, a primeira remadora brasileira a disputar uma Olimpíada (Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004). “Para um atleta ser bom nessa modalidade é preciso ter muita disciplina e dedicação, como em todo esporte de alto rendimento. O resto, com o treinamento se constrói”, afirma a campeã. Nascida em Florianópolis, Fabiana se mudou para o Rio de Janeiro em 2005 onde vive até hoje. Seu início no remo aconteceu aos 15 anos. “Sempre gostei muito de esportes e estava sempre experimentando algum diferente. Quando eu e uma amiga vimos o pessoal remando na Beira Mar norte em Floripa, decidimos experimentar e gostamos logo no início”, confidencia. “Minha primeira regata aconteceu em 1998, em uma etapa do Campeonato Catarinense, quando competi em um skiff duplo e ficamos com a medalha de prata. Foi muito emocionante, por que vencemos de meninas que já treinavam há bem mais tempo que nós”, lembra a atleta. No ano seguinte, Fabiana participou de seu primeiro campeonato nacional, quando venceu duas provas e decidiu que queria ser uma atleta de verdade. Máquina de títulos Aos 31 anos, Fabiana Beltrame coleciona inúmeros êxitos em sua carreira.

 A atleta foi campeã mundial em 2011, além de ser medalhista de prata no Pan-Americano de Guadalajara, no México, no mesmo ano. Além destas conquistas, a atleta participou de três edições de Jogos Olímpicos (2004, 2008 e 2012) e é cinco vezes campeã sul-americana. O ano apenas chegou ao seu segundo semestre e Fabiana já pode olhar para trás e se orgulhar de 2013. Em julho, a atleta trouxe um bronze para a casa na II Etapa da Copa do Mundo de Eton, na Inglaterra e um ouro na III Etapa de Lucerna. A atleta brasileira completou a prova da categoria skiff peso leve com o tempo de 7m34s33. A segunda colocação ficou com Michaela Taupe-Traer, da Áustria, com 7m35s58. “Fiz o melhor tempo da minha carreira e estou super feliz”, diz a campeã ao chegar ao Brasil. O segredo de Fabiana para vencer deve-se à disciplina nos treinamentos. “Sou bem caxias mesmo, gosto de cumprir todo o treinamento e até um pouco mais. Gosto de pensar que fiz tudo o que estava ao meu alcance para ser a melhor”. O preparo para a temporada de competições é feito através de um bom trabalho de base no período em que ela não está competindo, geralmente entre os meses de novembro e março. Depois da última prova do ano, Fabiana tira duas semanas de folga, para descansar não só o corpo, mas também a mente. “Acho que já conquistei muitas coisas, que nem imaginava conquistar, quando comecei a remar. Mas como todo atleta, sonho em ganhar uma medalha olímpica, pra encerrar minha carreira com chave de ouro”, finaliza a atleta.

EXEMPLO VEM DE CASA

Casada com um dos atletas brasileiros do remo que mais competiu em Jogos Pan-Americanos, Gibran Cunha, Fabiana Beltrame conta com o apoio familiar para seguir em sua carreira. “Sempre tive o apoio dos meus pais, eles que eram meu patrocínio quando eu não recebia nada pra remar. Hoje já não preciso da ajuda financeira deles, mas eles são meus maiores torcedores. Agora quem me apoia muito é meu marido, que me ajuda, entre outras coisas, cuidando da nossa filha Alice”, diz a campeã. A lista de ensinamentos oferecida pelo esporte à vida de Fabiana é extensa. “São muitos os aprendizados, porque minha vida é toda baseada no esporte. Tudo o que conquistei até hoje veio do remo. A pessoa que sou, minha família e minha filha. O esporte me ensinou a ter disciplina, dedicação, respeito pelo próximo e a fazer as coisas com amor”. Remando com a Fabi A alta taxa de consumo de calorias, o aumento da massa muscular, o incremento da resistência física, da flexibilidade e da coordenação motora, conjugado ao baixo risco de lesões, fazem do remo a melhor opção para quem busca no esporte uma fonte de saúde, sem contar que sua prática acontece em lagoas, rios e mares, ao ar livre, sem poluir o meio ambiente, de uma forma ecologicamente correta. A remada básica é uma ação muscular coordenada que requer aplicação de força repetitiva de maneira forte e suave. Cada grupo grande de músculo irá contribuir para essa ação. Um remador precisa da ênfase no movimento dos braços, pernas e troncos com muita sincronia.

Orientada pelo técnico Júlio Soares, treinador da seleção feminina de remo, Fabiana dedica de quatro a cinco horas de treino por dia, em cinco dias da semana, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. Quando está convocada para a seleção, treina na Confederação Brasileira de Remo, senão, treina no Clube de Regatas do Flamengo, equipe rubro-negra da qual é patrocinada. Além de remar na água, Fabi utiliza o remoergômetro para garantir melhor desempenho. Trata-se de uma máquina que simula o movimento do remo. “Ela é uma ótima opção para a parte física e para testes. Também corro de vez em quando e gosto de pedalar como complemento do treinamento”, conta a atleta. A musculação também faz parte da rotina da remadora, tanto com treinos de força com cargas maiores e poucas repetições, quanto com opções de resistência de força, com cargas menores e muitas repetições. Fabiana acorda às 5h toma um bom café da manhã e vai para a primeira sessão de treinamento que normalmente é na água, durando em torno de duas horas, incluindo o trabalho técnico e físico. Depois que sai da água, vai para a segunda sessão, que é de fortalecimento da região lombar e abdominal e exercícios de alongamento, que dura em torno de uma hora. Por volta das 16h, vai para a terceira sessão de treinamento, que pode ser tanto musculação de força ou resistência, quanto na água, dependendo da fase do treinamento, que dura em torno de 2 horas. “Durante o treinamento de base, isto é, quando está longe para a temporada de competição, faço um volume maior de treinamento, com menos intensidade e quando se aproxima da competição, faço menos volume, com uma intensidade e velocidade maiores”, explica.

Garfadas campeãs

Como é da categoria peso leve, Fabiana tem que tomar muito cuidado com a alimentação. “Por isso tenho uma dieta bem regrada, principalmente durante a semana. No final de semana, me permito comer alguma besteira, como sorvete ou chocolate. Costumo comer de 3 em 3 horas, para não ficar com muita fome e exagerar em alguma refeição. Minha dieta varia de 2500 a 3000 calorias por dia, dependendo do treinamento que estou fazendo”, explica a atleta. Por ter um gasto calórico muito grande, Fabi deve repor o que for perdido de maneira correta, com as quantidades certas de carboidrato, proteínas e vitaminas. “Tem que ser uma alimentação bem balanceada para poder recuperar para o treino seguinte. Nós temos uma nutricionista no clube, que acompanha todos os atletas, a Renata Parra e nos ajuda muito”, conta. Quanto à suplementação, a atleta já consumiu algumas opções, como whey protein, maltodextrina e endurox R4. Atualmente, Fabiana consome um polivitamínico pela manhã, composto por uma associação exclusiva de vitaminas, minerais, oligoelementos e o extrato padronizado de Ginseng G115. “Quando estou no período de base, costumo tomar uma medida de whey protein com leite, no treino mais forte do dia. Não posso tomar muito, por que tenho que estar sempre cuidando do peso. Quando estou me sentindo muito cansada, costumo tomar whey protein para recuperação”, diz a catarinense.

Desjejum (5h)

- 2 bananas prata

- 1 colher de sopa de ração humana (com vários farelos, como aveia, linhaça, etc)

- 4 colheres de granola

- 1/2 mamão papaia

- 1 caneca de café com leite

Café da Manhã (9h)

- 2 fatias de pão integral

- 2 fatias de queijo minas

- 2 fatias de blanquet de peru

- 1 copo de água de coco

Almoço: (12h)

- Salada com: 1 cenoura, 1 maçã, 100g de tomate cereja, 1 pires de alface, 1 pires de repolho (os ingredientes variam)

- 4 colheres de sopa de arroz integral

- 1 concha de feijão

- 1 porção de proteína (peixe, frango, carne ou ovo)

- 1 porção de fruta Lanche: (15h)

- 1 caneca de café com leite

- 5 biscoitos integrais

Jantar: (18h)

- 2 fatias de pão integral

- 2 fatias de queijo minhas

- 2 fatias de blanquet de peru

- 1 copo de água de coco

- 1 porção de fruta

Ceia: (21h)

- 1 pote de iogurte desnatado

Fabiana Beltrame

Perfil:

Data de nascimento: 09/04/1982

Local de nascimento: Florianópolis – SC

Altura: 1,72m

Peso: 60kg

Modalidade:

Remo Categoria: Peso leve

Especialidade: skiff simples peso leve

Equipe: Flamengo

Patrocinadores: Adidas

Técnico: Júlio Soares

Nutricionista: Renata Parra

Redes Sociais: Facebook: Fabiana Beltrame

Fã-page: Fabiana Beltrame

Twitter: @FabianaBeltrame

Instagram: @fabibeltrame

Principais Títulos:

- Participação em três edições de Jogos Olímpicos em 2004, 2008 e 2012

- Cinco vezes campeã sul-americana e 11 vezes campeã brasileira.

2013 - Ouro na Copa do Mundo de Remo, de Lucerna, na Suíça, em julho

- Prata na Etapa de Eton, Inglaterra, em junho 2012

- Prata na Regata Qualificatória em Tigre, Argentina no skiff duplo peso leve 2011

- Ouro na Copa do Mundo de Hamburgo

- Ouro no Campeonato Mundial de Bled

- Ouro no Campeonato Brasileiro do Rio de Janeiro no skiff simples aberto, skiff simples peso leve, skiff duplo aberto, skiff duplo peso leve e skiff quádruplo aberto 2010

- Bronze na Copa do Mundo de Lucerna

- Ouro nos Jogos Sul Americanos de Medelín, Colômbia no skiff duplo aberto 2004

- Primeira brasileira a competir nos Jogos Olímpicos no remo

A atleta faz dois tipos de musculação:

1) Força pirâmide: 4, 3 e 2 repetições, com 95, 97,5 e 100% da carga máxima.

Exercícios: Levantamento Terra, Agachamento, Remada deitada e Supino.

2) Resistência: 70 repetições com 50% da carga máxima dos mesmos exercícios, mais o leg press.

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