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Entenda tudo sobre: Anorexia e Bulimia

Emagrecer é bom, mas lembre-se: sempre com saúde!

Entenda tudo sobre: Anorexia e Bulimia A atividade física é recomendada também aos que sofrem transtornos alimentares.
Crédito: REVISTA SUPLEMENTAÇÃO

A preocupação desenfreada pela conquista da beleza magra, obtendo o corpo ideal pode gerar dois transtornos alimentares preocupantes à saúde: trata-se da Anorexia e da Bulimia. Esses transtornos são similares, caracterizados pelo desejo de perda de peso, seja pela falta de alimentação ou excesso dela, seguido de vômitos ou ainda associado à ingestão de laxantes. Emagrecer é bom, mas lembre-se: sempre com saúde!

 

1 - Qual a diferença entre bulimia e anorexia?

Ambos são considerados transtornos alimentares. A anorexia se caracteriza por uma privação na ingestão de alimentos devido a uma excessiva preocupação com a perda de peso. Segundo a psicóloga, psicodramatista e psicoterapeuta Dra. Miriam Barros, o objetivo é conquistar uma imagem corporal idealizada. “A pessoa que sofre desse transtorno também apresenta uma distorção da imagem corporal. Ela se olha no espelho e se vê bem mais gorda do que realmente está”, diz a profissional. A anorexia é mais visível do que a bulimia, porque as mulheres apresentam um baixíssimo peso que chama a atenção dos familiares e amigos. O peso está abaixo do esperado, apresentando um índice de massa corporal de aproximadamente 17,5 ou menos. “O que grosseiramente é algo em torno de 85% do esperado”, indica a profissional. Já a pessoa com bulimia tem um corpo normal, às vezes até sarado. “A pessoa não se priva dos alimentos, ao contrário, ela até exagera, mas recorre a algum método que a faça expulsar do seu organismo o alimento que ingeriu, pode ser através de chás, purgantes, provocando o próprio vômito ou através de jejuns exagerados”, explica a Dra. Miriam Barros.

 

 

2 - Espelho, espelho meu...

Quem busca um corpo magro e belo, com curvas e músculos proporcionais, firmeza na pele, a conquista de um estilo desejável tem no espelho um inseparável companheiro. Identificar na aparência física sintomas para esses transtornos alimentares se torna uma obsessão.  “Na anorexia nervosa essa identificação é mais fácil já que existe emagrecimento que vai se acentuando. Na bulimia nervosa, não há esse emagrecimento, portanto, sua identificação é mais difícil, ainda mais porque os pacientes geralmente apresentam os episódios compulsivos quando estão sozinhos. Porém pode chamar a atenção às idas frequentes ao banheiro após as refeições ou exagero no tempo de se fazer ginástica”, explica Dr. Fabio Salzano, vice-coordenador do Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Existe grande comorbidade tanto na anorexia nervosa como na bulimia nervosa com episódios depressivos. “A segunda comorbidade para anorexia nervosa são os quadros ansiosos, particularmente transtorno obsessivo-compulsivo e para bulimia nervosa o abuso de álcool e outras drogas”, esclarece o Dr. Salzano.

 

 

3 -Quem quer emagrecer: o homem ou a mulher?

A prevalência de transtornos alimentares (TA) é sempre subestimada, já que a maior parte das pesquisas de prevalência usa como referência casos de internação com a doença. “O problema é que muito raramente o TA vem escrito no prontuário como motivo principal da internação, o que vem documentado são seus sintomas: arritmia, desidratação, desnutrição, hipoglicemia, convulsões, baixo potássio sanguíneo, edema pulmonar, etc. Além disso, poucos profissionais de saúde estão habilitados para fazer diagnóstico de TA e muitas pessoas passam a vida doentes sem receber tal diagnóstico. Quadros parciais também acabam não sendo identificados”, explica a coordenadora da equipe de nutrição clínica do Ambulim (Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas de São Paulo), Fernanda Pisciolaro. A prevalência de anorexia nervosa (AN) estimada é de 0,5 a 1% e a de bulimia nervosa (BN) de 1 a 3% em mulheres jovens. “A prevalência pode chegar a 10% da população se levarmos em conta os quadros parciais. Esses valores são baseados em pesquisas mundiais, mas o Brasil acompanha essa prevalência”, aponta a coordenadora. A prevalência é de aproximadamente 90% mulheres e 10% homens. A idade de início mais comum da AN acontece na fase pré-puberal ou puberal, entre 10 e 16 anos, e na BN na adolescência, dos 16 aos 19 anos. “Mas podem acontecer em qualquer idade”, lembra a coordenadora Fernanda.

 

4 -  O temor do ganho de peso

Por querer não engordar, o bulímico e o anoréxico se entregam a episódios de compulsão alimentar e nesses casos precisam se livrar do alimento que ingeriram. Uma alternativa adotada pela grande maioria é uma série de vômitos após a ingestão de qualquer alimento. “Na verdade, vomitar é uma medida compensatória inadequada de caráter purgativo que pode ocorrer na bulimia nervosa ou na anorexia nervosa”, explica o Dr. Salzano. Não é apenas o ‘vomitar’ uma ação preocupante para ambos transtornos. Outras ações também podem chamar atenção e ocasionar emagrecimento rápido e sem o foco na saúde. “Associa-se bulimia a vomitar porque as descrições focavam nessa medida compensatória, mas fazer 4 horas de atividade física seguida também pode ser considerado bulímico quando a intenção é compensar um episódio de compulsão alimentar”, orienta o Dr. Salzano.

 

5 - Como se livrar desse mal

Uma alimentação saudável deve ser entendida sob a ótica biopsicossocial, levando em conta não só o valor nutricional da comida, mas também o valor sentimental, psicológico e social. Uma alimentação saudável pressupõe a ingestão de todos os tipos de alimento (até mesmo doces, frituras) em quantidades adequadas e nos momentos adequados. “No caso de pessoas que sofrem com transtornos alimentares como a anorexia e a bulimia, as preparações mais indicadas inicialmente são aquelas que o paciente consegue comer sem precisar fazer nenhum tipo de compensação. Aos poucos é incentivada a inclusão dos variados tipos de alimento”, explica a nutricionista do Ambulim, Ana Carolina Pereira Costa. O acompanhamento nutricional para pacientes com transtornos alimentares varia muito, e pode durar anos. “Não basta somente a ausência de sintomas para a remissão da doença, é preciso continuar trabalhando as atitudes alimentares distorcidas que permanecem”, orienta a nutricionista.

 

6 - Calculando o IMC

A conduta nutricional depende de cada caso. Deve-se levar em conta o IMC (ou índice de massa corpórea) atual do paciente bem como o tempo de restrição alimentar. No início, não se pode aumentar demais a ingestão calórica, pois há risco de síndrome de realimentação, que leva a alterações metabólicas. “É necessário aumentar a quantidade de comida gradativamente, e pode ser necessário o uso de suplementos nutricionais”, orienta a nutricionista Ana Carolina Pereira Costa. O IMC recomendado para adultos entre 19 e 60 anos varia entre 18,5 e 24,9. O cálculo do IMC é feito dividindo o pe o (em quilogramas) pela altura (em metros) ao quadrado. O IMC igual ou superior a 25 indica pessoa com sobrepeso. Menor que 18,5, o quadro é de subnutrição ou pessoa abaixo do peso. Segundo o Ministério da Saúde, o Índice de Massa Corporal (IMC) é uma forma para conhecer o estado nutricional do indivíduo. O IMC é apenas um indicativo para descobrir se está no peso ideal. Outros fatores como sexo, idade, condicionamento físico devem ser levados em conta.

 

7 - Academia é terapia

A atividade física é recomendada aos que sofrem transtornos alimentares, porém todo cuidado é pouco na hora da escolha de cada prática. “Vale ressaltar que o objetivo da atividade física para esses casos é para a saúde e melhora da qualidade de vida. No caso dos pacientes em tratamento eles só recebem liberação para praticar exercícios quando não há comportamentos inadequados, como restrição alimentar, compulsão ou uso de métodos compensatórios. A recomendação de atividade física para esses casos precisa ser cuidadosamente avaliada”, indica a educadora física Paula Costa Teixeira, uma das autoras do estudo que foca a prática de exercícios para pacientes com TA, uma parceria entre o Ambulim e o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul. De acordo com os autores deste estudo, o programa de exercícios deve atuar nos seguintes componentes: flexibilidade, postura, força, atividades em grupos e atividades aeróbicas de intensidade moderada. Apesar de exercícios aeróbicos vigorosos, assim como atividades de alto impacto, serem proibidas, existem outros que, por serem de intensidade moderada, podem ser recomendados como: caminhada, natação, hidroginástica e andar de bicicleta, que, se forem bem orientados quanto à intensidade (de leve a moderada), contribuem para o estado de saúde dos pacientes. “Em pacientes com anorexia, a recuperação do peso corporal é o principal foco, por isso praticar apenas atividades físicas predominantemente aeróbicas não seria recomendado. Esses pacientes, geralmente, possuem histórico com algum tipo de programa de exercícios, sendo essencial o aconselhamento sobre como usufruir ao programa de maneira saudável, principalmente em relação à quantidade e à intensidade. Em pacientes com bulimia, a prática excessiva de exercícios físicos nem sempre é frequente. O melhor programa de exercícios para esses pacientes seria uma combinação entre exercícios aeróbicos e resistidos”, orienta a educadora física.

8 - É preciso se tratar

Tanto a anorexia, como a bulimia devem ser encaradas como fatos preocupantes. Para quadros não tratados de anorexia, a mortalidade pode chegar a 10% dos casos. “Esse é um dos índices de mortalidade mais altos na Psiquiatria”, afirma Dr. Fabio Salzano. O tratamento é multiprofissional, com a participação de pelo menos o médico psiquiatra, o nutricionista e o psicólogo para iniciar uma terapia individual e familiar. As consultas são ambulatoriais com periodicidade variável de acordo com o quadro clínico e a gravidade. “Caso haja necessidade de internação hospitalar, a participação do enfermeiro é indispensável, bem como do terapeuta ocupacional e do assistente social. Solicitamos também a ajuda do educador físico e fisioterapeuta de acordo com as características específicas”, orienta o Dr. Salzano. “Infelizmente existem poucos centros especializados para tratamento de TA no Brasil. No site do Genta (www.genta.com.br), por exemplo, estão listados alguns profissionais e locais que oferecem tratamento especializado. O importante é buscar profissionais qualificados e com experiência comprovada em AN e BN”, orienta a nutricionista Fernanda Pisciolaro.

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