Na comunidade científica considera-se saudável que o organismo em processo de crescimento e desenvolvimento pratique atividades físicas, de forma sistemática e metodologicamente organizada, na busca de benefícios tanto na formação corporal quanto na formação da psique. Especialistas afirmam que a adolescência é o período decisivo para o desenvolvimento corporal e estruturação da massa muscular e óssea, no entanto, o fator que impera é a imagem corporal, fator imprescindível enquanto estímulo para que adolescentes busquem a prática de atividades desportivas. A sociedade atual define como adolescência a fase de transição entre a infância e a idade adulta e caracteriza-se pelas grandes mudanças que ocorrem no aspecto social, psíquico e físico. Esta tríade proporciona a aquisição de características pessoais que o capacitam a assumir os deveres e inseri-los na fase adulta.
Com relação aos diferentes aspectos implícitos na adolescência, mesmo havendo consenso para a importância da atividade física enquanto instrumento ímpar no desenvolvimento corporal, bem como dentro do caráter preventivo envolvido na redução dos riscos de futuras doenças, a sociedade ainda é permeada de dúvidas quanto às relações entre a influência desta prática e a maturação dos sistemas orgânicos. Assim, é indiscutível que toda prática de atividade física deve estar aliada à nutrição adequada formando o pilar de sustentação para o crescimento e desenvolvimento normal durante a adolescência.
PERFIL TRAÇADO
Vamos descrever o perfil endócrino que acompanha as transformações da adolescência.
A passagem por esta fase da vida é marcada por intensa secreção hormonal, acelerando o desenvolvimento axial e o alongamento dos ossos, o metabolismo muda, as exigências suplementares são bem-vindas, no intuito de ajustar o suprimento à demanda. Neste sentido, é que a prática de atividade física regular, atua como facilitadora do aumento da massa magra e redução na gordura corporal, atuando na melhora da eficiência cardiorrespiratória e da resistência muscular. Dentro do perfil endócrino que acompanha a adolescência, sabe-se que essa é a fase em que se ocorre significativa elevação na secreção endócrina. Hormônios “em ebulição” desencadeiam a maturação sexual. Essa é a fase de aflorar as paixões, o espírito altivo e a irreverência. Neste sentido, uma vida saudável que impera a atenção da família, a intensa integração a vida social, o convívio em grupos de amigos e a orientação profissional são instrumentos que esculpem e constroem o caráter do cidadão.
Tendo em vista que a inatividade física é um dos fatores de suma importância no desenvolvimento da obesidade, faz-se necessária a busca de condicionamento físico como a ação que proporciona modificações na composição corporal, redução na concentração de lipídeos plasmáticos e aquisição de um bom estado de saúde. De forma geral, adolescentes com bom condicionamento físico apresentam menor Índice de Massa Corporal (IMC), pressão arterial dentro da normalidade, maior concentração do colesterol bom (HDL), além de concentrações ideais do colesterol ruim e triglicerídeos, diferindo de sedentários. Além dos aspectos corporais, a prática de atividade física também favorece o afastamento dos jovens nos vícios, a elevação da autoestima e o auxílio no equilíbrio funcional orgânico. Neste aspecto, destaca-se a prática de exercícios aeróbicos que proporcionam muitos benefícios fisiológicos, promovendo importantes adaptações na composição corporal, além de propiciar efeitos psicológicos positivos, representados pela melhora do humor, redução do estresse, aumento da autoestima além de favorecer o raciocínio otimista.
ABUSAR NÃO VALE
Dentre os cuidados que justificam uma orientação segura para a prática consciente de atividade física em adolescentes, deve-se ter cuidado com treinos excessivos, principalmente se acompanhados de desequilíbrio nutricional. Deve-se ainda orientar para que o jovem não adote dietas inadequadas, não faça omissão de refeições ou substituição por dietas líquidas. Como ênfase nas orientações dos profissionais é indispensável uma avaliação minuciosa buscando observar se existe algum comprometimento cardiovascular ou neuromuscular, além de buscar constantemente dimensionar a intensidade e a frequência da atividade, lembrando que juntamente com a prática de atividade física também pode-se aproveitar a oportunidade para minimizar distúrbios da conduta, como a agressividade por exemplo.
O profissional deve orientar o jovem quanto a prática de forma consciente, uma vez que, enquanto o esporte competitivo é promotor de desenvolvimento de aptidões, o esporte recreativo, se iniciado na idade correta, promove a integração entre a atividade desenvolvida e os inúmeros benefícios orgânicos. Merece destacar que a prática não deve interferir com as potencialidades do jovem no campo das artes, da música, entre outros, de forma que o desenvolvimento físico deve ser acompanhado de menor ansiedade ou desequilíbrio no aspecto físico/emocional. Basicamente, cientistas do esporte relatam a importância do adolescente escolher a atividade conforme a preferência e seguir um padrão de atividade que pode atingir a freqüência de no mínimo de três vezes por semana.
Atualmente tem sido amplamente discutida a prática de musculação por adolescentes, principalmente na fase final do crescimento quando a prática desordenada pode interferir no processo normal de crescimento e crescimento ósseo, graças ao estresse mecânico imposto aos ossos pelo exercício físico de força. Por sua vez, caso a opção seja por executar atividades esportivas de alto risco tal como alpinismo e canoagem, por exemplo, a prática deve ser finamente acompanhada sob supervisão técnica adequada para evitar contusões, uma vez que, o conjunto entre a estrutura óssea, músculos e tendões, ainda se encontram em maturação.
De forma geral, musculação sem grandes cargas, basquete, natação, ciclismo e corrida são as opções mais indicadas para o adolescente queimar calorias e se exercitar sem prejudicar o crescimento. A duração média deve ser de 30 minutos a 1 hora, dependendo da frequência da prática na semana e do nível de condicionamento físico do jovem. Por fim, retratamos o aspecto biopsicossocial que deve acompanhar os adolescentes, onde deve imperar a formação da personalidade e a estabilidade emotiva, fatos que associados a orientação de uma prática esportiva acompanhada por um profissional consciente, ajuda o jovem a descobrir a riqueza de movimentos que o seu corpo lhe possibilita, aliado ao desenvolvimento corporal saudável. Frente ao descrito e para dirimir a dúvida quanto a possibilidade do adolescente que pratica atividade física fazer uso de suplementos, deve-se considerar que a suplementação auxilia na melhora do ganho da massa muscular, propicia melhora no desempenho e na performance física, bem como pode contribuir retardando o surgimento da fadiga. No entanto, se o adolescente faz uso de alimentação balanceada, os nutrientes nela contidos são suficiente para uma boa performance, mas lembramos a importância de consultar sempre o médico e/ou nutricionista.
BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA PARA ADOLESCENTES •
Estimula o bem estar e os hábitos de uma vida saudáveis
Promove a aquisição de hábitos de vida saudáveis
Estimula o desenvolvimento da massa óssea, muscular e articulações
Promove aumento da força e resistência muscular
Contribui no controle de peso corporal •
Promove a convivência saudável em comunidade
Estimula o desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras
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