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Lipídio - vilão ou mocinho?

Um macronutriente que oferta o dobro de calorias e pode se acumular nas regiões mais visíveis do nosso corpo, mas se utilizado de maneira adequada e em quantidades corretas acredite: pode alavancar sua dieta!

Lipídio - vilão ou mocinho? Atualmente temos disponível no mercado produtos com base exclusivamente lipídica, em sua maioria fonte de ácidos graxos essenciais, que otimizam funç
Crédito: BANCO DE IMAGENS

 Lipídios, lipídeos ou gorduras, seja qual for o nome utilizado, este nutriente pode causar pavor a pessoas que vivem a contar as calorias de sua dieta. Assim como os carboidratos e as proteínas, os lipídios também são classificados como um macronutriente, mas, ao contrário do nosso querido carboidrato e da nossa amada proteína, ele pode ofertar mais que o dobro de calorias, o que o torna o grande vilão de qualquer dieta de emagrecimento e definição corporal. Mas antes de excluirmos ou tentarmos excluir este nutriente da nossa dieta, vamos conhecer algumas definições e funções: a definição é baseada em sua consistência e dependendo do tipo de ácido graxo presente no triacilglicerol, pode ser sintetizado no organismo, com exceção aos ácidos graxos essenciais. Exerce funções energéticas, estruturais e hormonais, são encontrados em fontes ou alimentos de origem animal como carnes, ovos, leite e derivados, ou alimentos de origem vegetal como frutas, verduras e grãos e quando oxidados no organismo ofertam 9kcal/grama. Os lipídios provenientes da dieta, além de fornecer maior quantidade de calorias por grama, são importantes no transporte de vitaminas lipossolúveis como as vitaminas A, D, E e K, melhoram a palatabilidade dos alimentos, diminuem o volume da alimentação, aumentam o tempo de digestão e fornecem ácidos graxos essenciais. Acredita-se que 98% dos lipídios de origem alimentar estão sob a forma de triacilgliceróis, que podem conter ácidos graxos saturados, monoinsaturados ou poliinsaturados. Os ácidos graxos saturados são a principal causa alimentar da elevação de colesterol plasmático e estão presentes principalmente na gordura animal como carnes gordurosas, leite integral e derivados, polpa de coco e alguns óleos vegetais como o de dendê e o de coco.

 Os ácidos graxos insaturados apresentam uma cadeia hidrocarbonada com uma ou mais ligações duplas; quando temos a dupla ligação no mesmo lado da cadeia de carbono chamamos de cis, em lados opostos da cadeia chamamos de trans. Os ácidos graxos trans estão presentes nos alimentos industrializados e seu consumo em excesso aumenta as concentrações do LDL-colesterol ocasionando diversos riscos à saúde. Os ácidos graxos monoinsaturados estão presentes no azeite, no óleo de canola, nas azeitonas, na avelã, na amêndoa e no abacate e ao serem utilizados como substitutos das gorduras saturadas reduzem as concentrações de colesterol total e possivelmente elevam as concentrações de HDL- colesterol. Os ácidos graxos poliinsaturados ou ácidos graxos essenciais (ácido linoleico – ômega 6, e ácido linolênico – ômega 3) devem ser ingeridos na alimentação, pois fazem parte da estrutura dos fosfolipídeos, componentes importantes das membranas e da matriz estrutural de todas as células, além disso possuem ações semelhantes a de hormônios fundamentais na coagulação sanguínea, vasodilatação, frequência cardíaca, pressão sanguínea e resposta imunológica. Ao pensarmos nas recomendações dos lipídios temos preconizado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira de 2005 um consumo entre 15 e 30% do valor energético total (VET), sendo esta recomendação semelhante à da OMS (Organização Mundial de Saúde), onde menos de 10% devem ser proveniente de gorduras saturadas e o restante deve derivar das gorduras mono e poliinsaturados. Os valores preconizados pela Sociedade Brasileira de Medicina no Esporte de 2009 também não fogem às citações anteriores: os lipídios devem representar de 20 a 25% do valor calórico total (VCT), não excedendo o valor de 30% do VCT. Todas as informações descritas até então nos indicaram as melhores fontes de lipídios para nossa dieta, entretanto podemos, e devemos, ainda destacar o uso das funções deste nutriente na suplementação alimentar.

 Atualmente temos disponível no mercado produtos com base exclusivamente lipídica, em sua maioria fonte de ácidos graxos essenciais, que otimizam funções energéticas, favorecem o controle das frações de colesterol, além de favorecer as ações de emagrecimento. Com base nestas ações podemos destacar os triglicerídeos de cadeia média (TCM ou MCT), o óleo de cartámo e o óleo de coco. O TCM ou MCT é utilizado principalmente como um aporte de fonte de energia rápida, pois apresenta uma estrutura molecular menor e é esta menor estrutura que favorece sua digestão, deixando seus ácidos graxos prontamente absorvíveis assim que chegam ao sítio de absorção intestinal específico. O óleo de cártamo rico em quantidades de ácido linoleico apresenta substâncias capazes de reduzir quantidades de massa gorda (gordura corporal) e aumentar quantidades de massa muscular magra, auxiliando assim o controle e a manutenção de peso. Os mecanismos de ação do óleo de cártamo envolvem mudanças metabólicas que propiciam a diminuição da lipogênese e potencializam a lipólise. As altas quantidades de ácido linoleico garantem também inibição da ação da enzima lipase lipoproteica (LPL), enzima esta responsável por transportar a gordura presente na corrente sanguínea para dentro do tecido adiposo. O óleo de coco por sua vez auxilia o processo de emagrecimento e reduz a gordura corporal devido ao seu efeito termogênico: através do aumento do gasto energético o organismo utiliza mais calorias queimando mais gorduras e potencializando o processo de perda de peso. Além dessa ação o óleo de coco aumenta a sensação de saciedade o que garante o controle de apetite evitando o excesso alimentar nas refeições. Outras ações também são conhecidas e só aumentam os benefícios do uso do óleo de coco: ação antioxidante que diminui a produção de radicais livres; auxilia o controle dos níveis de colesterol; reduz os níveis de LDL e aumenta os níveis de HDL e regulação da função intestinal. Quando fazemos nossas escolhas para o consumo de carboidratos e proteínas temos sempre que escolher as melhores opções destes nutrientes, e para os lipídios esta escolha não será diferente. Quando consumido de maneira adequada, e principalmente, nas quantidades adequadas este macronutriente beneficia nossa saúde em vários aspectos. Lipídios, lipídeos ou gorduras, definam como quiser, mas pode acreditar: este “vilão” também apresenta suas faces de “mocinho”.

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