SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Suplementação Infantil: O que é que tem na lancheira do neném? Parte II

“Sabe-se que a alimentação de crianças se baseia na tríade proteínas, açúcares e gorduras que são os constituintes fundamentais do organismo e indispensáveis para dar forma e energia aos órgãos

Suplementação Infantil: O que é que tem na lancheira do neném? Parte II

Vitaminas na refeição. Um ponto importante a se destacar se refere às vitaminas. “Sabe-se que a alimentação de crianças se baseia na tríade proteínas, açúcares e gorduras que são os constituintes fundamentais do organismo e indispensáveis para dar forma e energia aos órgãos. Além destes elementos, o organismo também necessita das vitaminas. Estas não são fontes de energia, mas são indispensáveis para que ele possa funcionar”, diz o Dr. Carlos Alberto Silva, doutor em ciências fisiológicas pela Unicamp. Apesar das vitaminas existirem no organismo em quantidades mínimas, cada uma exerce papel importante no funcionamento de alguma parte do organismo ou na formação de determinado tecido ou órgão, tais como a estrutura dos ossos, a resistência dos dentes, a cicatrização de feridas ou a interrupção de uma hemorragia. “Nosso corpo não é capaz de fabricar vitaminas, assim, temos de buscá-las nos mais diversos alimentos”, finaliza o Dr. Silva.

As necessidades proteicas de crianças são comumente negligenciadas em virtude de preferências alimentares ou hábitos inadequados. Independentemente das condições socioeconômicas - que interferem de forma significativa na conduta alimentar da população - outros fatores levam à deficiência quantitativa e qualitativa em relação a certos nutrientes na alimentação. Além de sua importância na síntese de todos os tecidos e no crescimento, a proteína gera saciedade e ajuda a controlar a carga glicêmica das refeições, colaborando para a manutenção dos níveis glicêmicos. “Na prática, um aluno que ingere apenas carboidratos simples, terá aumento na glicemia e consequente aumento da secreção de insulina, que irá rapidamente carrear este açúcar para dentro das células, gerando uma hipoglicemia. Esta hipoglicemia fará com que o aluno sinta sono, perda de concentração e sem duvida, queda de desempenho escolar”, afirma a nutricionista da Probiótica, Érica Zago. Embora o conceito de necessidades proteicas seja alvo de muitas discussões, sabe-se que as necessidades de alguns aminoácidos de crianças e adolescentes é muito maior do que de adultos, e somente uma dieta variada e balanceada será capaz de oferecer todos os aminoácidos.

 As fontes proteicas de origem animal (leite e derivados, carnes, ovos) são consideradas as melhores, porque fornecem todos os aminoácidos. Aqueles que não têm o hábito de ingerir estes alimentos nas primeiras refeições do dia, fatalmente geram um déficit deste nutriente, que consequentemente pode atrapalhar o crescimento e outras muitas funções vitais. Os aminoácidos provenientes da digestão das proteínas ficarão disponíveis na corrente sanguínea por determinado tempo. Após este período, caso o organismo tenha necessidade de algum aminoácido, ele terá que buscar na musculatura, gerando o que chamamos de catabolismo muscular. “O quadro se agrava quando imaginamos que muitas crianças não têm o hábito de fazer o desjejum. Apenas na cantina da escola é que elas farão sua primeira refeição. A disponibilidade de alimentos nestas cantinas é frequentemente discutida, mas infelizmente pouco se muda, já que o hábito alimentar dos seus pequenos consumidores é quem dá as ordens”, explica Érica Zago. Felizmente é possível nos dias atuais encontrar alimentos que satisfaçam o paladar exigente e preconceituoso das crianças e incluí-los nas refeições dentro e fora de casa, como barras de proteína, chocolates com proteína, panquecas proteicas e até mesmo whey protein. “Dentro do conceito de dieta balanceada, a inclusão da proteína nos lanches intermediários poderá beneficiar o desempenho escolar, o desenvolvimento e prevenir a obesidade infantil”, conclui a nutricionista Érica Zago.

OPINIÃO PROFISSIONAL

*Para Carlos Alberto Silva Doutor em ciências fisiológicas pela Unicamp, a prática de suplementos em shakes e barras de cereal nas lancheiras dos filhos pode ser viável. “Isso sem pensarmos em fatores prejudiciais, uma vez que há no mercado produtos com esta indicação. Mesmo sendo aplicados a crianças com alterações patológicas, entende-se que há benefícios que podem se expressar mesmo não havendo alguma patologia. Considera-se que durante a fase de crescimento as necessidades suplementares são maiores, assim, poderia sugerir um programa de oferecimento do suplemento duas vezes por semana, afastando de uma possível superdosagem”, explica o doutor. É importante considerar duas condições separadas: primeiro, crianças/adolescentes que são praticantes de exercício físico. “Um padrão a se considerar é o status nutricional, buscando identificar se há constância de alimentação saudável, assim, o suplemento a ser administrado pode ser somente complementar em pequenas doses. Por outro lado, se o adolescente passou por uma condição de comprometimento nutricional nas primeiras fases da vida, há necessidade de atender o equilíbrio proteico, visto que as vias ligadas com o catabolismo (quebra) de proteína muscular bem como a recuperação caso haja lesão ocorre de forma mais lenta. Com o tempo, a constância de atividade física pode promover diminuição na performance”, explica Silva. Certamente cientistas ligados ao meio esportivo tem se dedicado ao estudo do oferecimento de suplementos, tal como a whey protein para adolescentes praticantes de exercício físico, minimizando os efeitos ocasionados por uma possível sobrecarga ou exagero. “Neste sentido, deve-se considerar que estamos nos baseando em organismos em fase de crescimento com intensa formação óssea, muscular, alta taxa metabólica, e consequente gasto energético gerado pelo exercício, assim há necessidade de reposição, justificando o uso deste produto”, explica o doutor.

 Como as necessidades calóricas individuais de praticantes de exercício físico são altas, os suplementos podem atender as necessidades de proteína e/ou fornecer os aminoácidos essenciais visando melhorar a síntese de proteínas. Há estudos demonstrando que o oferecimento de whey protein promove aumento no número de bactérias probióticas em suas fezes, o que proporciona uma imunidade gastrointestinal aumentada, e nas taxas de crescimento reduzindo o risco de diversos tipos de doenças, sem oferecer riscos à saúde das crianças.

*Para o Comitê Científico Vitafor

Dada a larga utilização de leite bovino na alimentação de crianças em idade escolar, está claro que elas teriam benefícios significativamente mais amplos caso consumissem um alimento que possuísse um perfil de aminoácidos que fosse o mais semelhante ao do leite humano. Conforme pesquisa científica foi elucidando novos benefícios à saúde, fornecidos através do consumo das várias frações da whey e peptídeos derivados de whey, há muito tempo passou-se a adicionar essa admirável proteína nas formulações destinadas a crianças dessa faixa etária. Neste aspecto, duas frações bioativas da whey são marcantes para se chegar ao objetivo de humanizar as fórmulas consumidas por crianças fisicamente ativas: estas frações são conhecidas como lactoferrina e a alfa-lactalbumina. A lactoferrina é uma das frações da whey que apresenta propriedades bioativas funcionais mesmo em baixas concentrações. Ela tem sido utilizada nos últimos 20 anos em inúmeros produtos fabricados em todos os continentes com aplicações desde o esporte competitivo, produtos para a saúde dentária e até a nutrição hospitalar. Ela apresenta potentes ações antibacterianas, antivirais, moduladoras do sistema imunológico, de controle de danos celulares, de prevenção do crescimento de organismos patogênicos no intestino e antioxidantes, além de ser um dos principais fatores de resistência a doenças não-específicas encontrados nas mamas. A concentração de lactoferrina no leite humano é 20 vezes maior que a do leite bovino, perdendo apenas para a sua concentração nas lágrimas. Por outro lado, a alfa-lactalbumina sempre despertou enorme interesse no que diz respeito à tentativa de humanizar ao máximo as fórmulas de uso infantil devido à sua alta concentração no leite humano e à sua capacidade de facilitar a tentativa de se obter um alimento com o perfil de aminoácidos mais parecido com o do leite humano. Esta fração bioativa apresenta altas quantidades de um aminoácido conhecido como cisteína e é justamente aqui que este assunto fica cada vez mais interessante. A cisteína é um aminoácido que atua como matéria prima para o corpo fabricar uma substância conhecida como glutationa, a qual é um dos mais poderosos antioxidantes conhecidos pela ciência. O interesse dos cientistas para esta substância é tão grande que no ano de 2011 teve início um protocolo clínico patrocinado pelo governo norte-americano com o objetivo de elucidar o benefício da suplementação com um produto comercial à base de isolado de whey com alto teor de alfa-lactalbumina (e consequentemente alto teor de cisteína) em crianças portadoras de autismo.

*Para Carlos Eduardo Martins Especialista em nutrição esportiva e estética, o leite de vaca, mais precisamente o soro do leite (whey protein) representa uma importante fonte de proteína de alta qualidade nutricional. No entanto, cresce a intolerância a lactose e as alergias por conta do fator hiperalergênico do leite, ficando notável a recomendação de whey protein. Em resumo, o desenvolvimento de suplementos dietéticos para crianças envolve muitos desafios para os fabricantes. As empresas dirigidas para o público infantil devem também compreender as complexidades de fabricação dos produtos para esta faixa etária em relação às formulas, dosagem, palatabilidade e rotulagem. Quanto mais os pais olharem para a indústria de suplementos, visando promover a saúde e bem-estar de seus filhos, mais o objetivo final continuará sendo a utilização de suplementos mais seguros e eficazes. As cantinas escolares estão repletas de alimentos sem valor nutricional equilibrado, ao passo que muitas vezes inexiste outra opção adequada. As crianças ficam sem opções de escolha, propiciando a ingestão de alimentos cada vez mais ricos em açúcares e gorduras trans. No entanto, algumas intervenções nutricionais simples podem ser feitas rotineiramente, como a substituição de um alimento líquido rico em açúcares simples. Por exemplo, os achocolatados ou sucos industrializados podem ser substituídos por um alimento mais rico em proteínas de alto valor biológico. A whey protein preenche perfeitamente esta necessidade, viabilizando uma ingestão mais completa em nutrientes e com sabor pautável. Quando combinado a um carboidrato de baixo índice glicêmico, como o waxy maize, responsável pelo fornecimento de energia a nível prolongado sem causar hiperinsulinemia e evitando a diminuição drástica da glicose sanguínea circulante, a suplementação com whey protein é indicada sim para crianças. Não poderá faltar no lanche da escola •

Líquido: para repor as perdas nas atividades físicas: sucos, chás, água de coco engarrafados ou em embalagem tetra-pack, preferencialmente sem açúcar; •

Fruta: prática para consumir com casca ou cuja casca pode ser retirada com facilidade (maçã, banana, pêra, morango, uva); •

Um tipo de carboidrato: pães (integral, fôrma, sírio), bolachas sem recheio, bolos caseiros;  

Um tipo de proteína: proteínas lácteas - queijos, requeijões, iogurtes (somente se for possível manter em temperatura adequada).

O que não deve entrar na lancheira

Snacks e salgadinhos de pacote; • Refrigerantes; • Balas; • Bolos com recheios e cremes; • Frituras; •

Bolacha recheada; • Bolachas doces e salgadas.

SAÍDA CONTRA A DESNUTRIÇÃO

 Segundo relatório recente apresentado pela UNICEF, pneumonia, diarreia e malária continuam sendo as principais causas de morte na infância em nível global, interrompendo a vida de mais de seis mil crianças menores de 5 anos, todos os dias. A desnutrição é a causa de quase metade dessas mortes. No primeiro semestre deste ano, representantes de países de todo o mundo participaram do evento Nutrition for Growth (nutrição para o crescimento), promovido em Londres.

 A Children's Investment Fund Foundation (CIFF), uma das maiores organizações filantrópicas do mundo, anunciou na ocasião um investimento superior a de US$780 milhões, com o intuito de erradicar a subnutrição de crianças. Está comprovado que o investimento no aumento de intervenções comunitárias simples e com bom custo benefício para a nutrição, incluindo a amamentação exclusiva, suplementos alimentares e lavagem de mãos, trata a deficiência de nutrientes nos mil dias cruciais entre a concepção e os primeiros dois anos de vida da criança, permitindo assim que o cérebro e o corpo possam atingir seu potencial natural. O governo brasileiro reduziu o raquitismo entre as crianças menores de cinco anos de 37% a 7% em uma década. Países da África, Ásia e América Central também se preocupam e estão investindo em alimentação focada nas escolas, com uso de suplementação alimentar para fugir da desnutrição infantil.

Carlos Eduardo Martins

Nutricionista

CRN - 34187-SP

Bacharel em Nutrição. Com Especialização em Nutrição Esportiva e Estética. Mestre em Ciências no Laboratório de Nutrição e Esporte da USP. Doutorado em andamento no Laboratório de Nutrição e Fisiologia Aplicada da USP. Nutricionista em Consultório Particular. Carlos Supera a Lacuna entre a Ciência e a Aplicação No Mundo Real. Ele aplica as Pesquisas mais Recentes na sua Prática de Redação e Consultoria. Para se Manter Saudável, Executa Treino com Pesos Aliado ao Jiu-Jitsu e uma Dieta Especifica.

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