1)Enxaqueca, cefaleia ou dor de cabeça? “
Dor de cabeça e cefaleia possuem o mesmo significado. Já a enxaqueca é um dos mais de 150 diferentes tipos de cefaleia classificados atualmente”, esclarece o Dr. Marcelo Ciciarelli, neurologista e presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC). A SBC estima que 90% das pessoas experimente pelos menos 1 crise de dor de cabeça ao longo da vida. Falando exclusivamente da enxaqueca, a prevalência na população brasileira é de aproximadamente 15% (18% entre as mulheres, 6% nos homens e 4% nas crianças). “Por volta dos 40 anos, a relação chega a 3 mulheres para 1 homem com o problema”, diz o Dr. Roger Taussig Soares, neurologista conhecido como Dr. Cérebro.
2) O que me causa a enxaqueca?
A enxaqueca tem como causa a hereditariedade, já que a maioria dos sofredores desse transtorno tem história familiar da doença. Mas existem fatores desencadeantes para que ela ocorra, tais como flutuações hormonais, estresse, alimentos e bebidas, jejum prolongado, etc. “A enxaqueca se expressa clinicamente por uma sintomatologia bastante variada, mas via de regra predomina uma dor nas regiões anteriores da cabeça, na maioria das vezes unilateral, com um caráter pulsátil (latejante) e duração de 4 a 72 horas, numa frequência média de 1 a 6 crises ao mês”, explica Dr. Ciciarelli. As crises muitas vezes são acompanhadas de enjoos, às vezes vômitos e intolerância à claridade e ao barulho. Essas crises costumam se intensificar com o esforço físico.
3)A TPM chega e a enxaqueca também!
As mulheres sofrem enxaqueca com maior frequência devido a fatores hormonais. “É normal que as mulheres sofram de enxaqueca ao iniciarem seu ciclo menstrual. A menstruação pode ser um fator causal e pode também acentuar a dor naquelas que já tem, como os outros sintomas de tensão pré-menstrual, a TPM”, explica a Dra. Maria Beatriz Piraí de Oliveira, ginecologista e obstetra.
4) Vejo raios luminosos...e agora?
“Existem também crises de enxaqueca com aura, onde a dor, normalmente, é precedida por sintomas neurológicos, principalmente, da esfera visual, representados por perda transitória de do parte campo visual e pelo aparecimento de ‘bolas’ ou ‘raios luminosos’”, conta o Dr. Ciciarelli. Aura é o nome que se dá ao conjunto de sintomas neurológicos que, nas crises de enxaqueca, se apresentam geralmente um pouco antes da dor de cabeça. A aura visual é a mais comum. Outros sintomas neurológicos são mais raros.
5)Dor: eu não te escuto mais!
Nada melhor do que tomar aquele comprimido comercializado como ‘milagroso’ na hora em que a dor de cabeça tende a chegar, não é mesmo? Atualmente é notável um número cada dia maior de pessoas que dizem sofrer com cefaleias constantes, o que colabora para que seja criado o costume do consumo indiscriminado de analgésicos. Segundo a SBC, em busca do alívio imediato da dor, as pessoas ingerem analgésicos sem prescrição ou acompanhamento médico. Usam doses progressivamente mais altas desses medicamentos e, desse modo, ao invés de eliminar a dor, contribuem para o agravamento das dores de cabeça. Se utilizadas frequentemente em quantidades excessivas, separadamente ou em combinação, esses analgésicos e outras medicações para dor podem perpetuar a dor de cabeça, tornando-se um problema crônico diário. “O tratamento de enxaqueca é feito de uma forma bastante individualizada. O médico observa a resposta aos medicamentos prescritos e procura chegar ao melhor esquema para o paciente. Além disso, o tratamento da enxaqueca episódica é diferente do tratamento da enxaqueca crônica. É importante procurar o especialista e dar o tempo necessário para se alcançar a melhor resposta terapêutica”, explica o Dr. Roger Taussig Soares.
6) Alimentos indicados
A enxaqueca pode ser desencadeada por vários fatores, genéticos, ambientais, estresse físico e fisiológico, hormonais e alimentares. Influências alimentares são responsáveis por aproximadamente 20% das crises de enxaqueca. Os alimentos desencadeadores da enxaqueca são muito particulares dependendo da sensibilidade de cada indivíduo. Segundo a nutricionista Pamela Miguel, os mais comuns são:
- Alimentos ricos em aminas como queijos, bebidas alcoólicas, embutidos como salsicha, linguiça, presunto, carnes em conserva, chocolate, lentilha e amendoim. As aminas são substâncias importantes para o correto funcionamento do cérebro, porém quando em alta quantidade no organismo podem levar ao estreitamento das artérias que irrigam o cérebro (vasoconstricção), dificultando a chegada de sangue e oxigênio para esse órgão, prejudicando seu funcionamento e causado a enxaqueca;
- Alimentos ricos em açúcar e doces em geral, pois o consumo desses alimentos leva a alterações nos níveis de glicose sanguínea, e essa oscilação pode levar à crise de enxaqueca;
- Alimentos fonte de cafeína como café, chocolate, refrigerantes, chás do tipo mate, verde e preto. A cafeína pode levar ao estreitamento das artérias que irrigam o cérebro (vasoconstricção), igualmente como acontece com as aminas. Porém algumas pessoas que já estão habituadas ao consumo da cafeína podem sofrer com as crises de enxaqueca quando retiram os alimentos fonte de cafeína de forma repentina da dieta.
- Glutamato monossódico, esse realçador de sabores está presente em vários produtos industrializados como temperos prontos, caldos de carne, de galinha e de legumes, sopas instantâneas, embutidos e congelados. O glutamato está envolvido na enxaqueca, pois pode inibir a absorção de glicose por parte das células cerebrais, fazendo com que esse órgão fique sem energia, levando à dor.
- Adoçantes artificiais;
- Alimentos gordurosos, pois o excesso de gordura tem ação inflamatória no organismo atenuando os processos de dor;
- Alimentos com glúten, ou seja, com trigo, como pães, biscoitos e massas, aveia, centeio e cevada, pois possui ação inflamatória no organismo atenuando os processos de dor;
- Leite e derivados, também possuem ação inflamatória no organismo que aumentam os processos de dor;
- Frutas cítricas, pois contêm substâncias que podem desencadear a dor. A grande maioria dos alimentos que tendem a desencadear as crises de enxaqueca possui uma característica em comum, elas provocam alterações do calibre dos casos sanguíneos, reduzindo a chegada de sangue em órgãos importantes, como o cérebro ou aumentando muito essa chegada.
7) Suplementação alimentar, seja bem-vinda!
Lembram-se do suplemento que é 10? Sim, a Coenzima Q-10! Ela é recomendada por especialistas para ajudar no combate das temíveis dores de cabeça. Além dela, existe outra suplementação alimentar que pode te dar uma forcinha na hora de dizer ‘tchau’ para as dores. “A vitamina B6, por exemplo, pode ser utilizada principalmente na prevenção da enxaqueca menstrual. Já o magnésio, vitamina B2 e coenzima Q10 podem auxiliar no tratamento preventivo das crises de enxaqueca”, orienta o Dr. Marcelo Ciciarelli. 8) Mude seus hábitos já! A rotina agitada gera inúmeros afazeres que muitas vezes deixam todos muito estressados, aí é hora da chegada da dor de cabeça. Desacelere, seja mais feliz, e sem dor, claro! “De um lado temos mais estresse e sobrecarga de trabalho, do outro temos mais consciência sobre a saúde, mais atividade esportiva, menos uso de tabaco, etc. As decisões individuais são o principal fator para ter uma vida mais ou menos estressante”, explica o neurologista Dr. Roger Taussig Soares. “As medidas não farmacológicas, ou também chamadas de terapias alternativas tais como, homeopatia, yoga e hipnose não tem comprovação científica como abordagens eficazes no tratamento da enxaqueca, entretanto o biofeedback associado à técnica de relaxamento e a acupuntura têm mostrado benefício”, diz Dr.Marcelo Ciciarelli. Uma atividade física regular, principalmente aeróbica, uma dieta equilibrada com horários bem estabelecidos, evitando jejum prolongado, um sono adequado e regular, ajudam a garantir a saúde do corpo. “Praticar atividades que causam prazer e evitar situações, alimentos e bebidas que sabidamente desencadeiam as dores de cabeça são medidas que devem ser estimuladas com o objetivo de diminuir a frequência e a intensidade das crises de enxaqueca”, conclui o Dr. Ciciarelli.
Fontes consultadas:
Dr. Marcelo Ciciarelli: Médico neurologista, presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC) Dra. Maria Beatriz Piraí de Oliveira: Médica ginecologista, obstetra, especialista em sexologia clínica Pâmela Miguel: Nutricionista especialista em fisiologia do exercício Dr. Roger Taussig Soares: Médico neurologista, o ‘Dr. Cérebro’
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