Durante as atividades diárias o cérebro, composto de bilhões de células nervosas (neurônios), recebe informações, processa e organiza a ação/reação necessária para manter-se em equilíbrio. Estas informações são microcorrentes elétricas que a ciência denomina potenciais de ação, que são propagados da periferia em direção ao cérebro ou migrando de áreas cerebrais para sistemas periféricos, assumindo pleno controle. Os sinais migram em velocidades diferenciadas que podem ser de 2km/h até 250km/h e com isto, nosso cérebro protegido no interior da calota craniana é suprido com todo tipo de informações 24h. Diariamente somos ‘inundados’ de situações diferenciadas e após processamento em áreas cerebrais específicas, diversos estados emocionais são desencadeados, como: angústia, ansiedade, vontade de chorar, insônia, alegria, felicidade, prazer, etc. De forma muito seletiva, estes estados emocionais podem ser responsáveis por desencadear reações de estresse modificando nosso equilíbrio funcional e controle emocional. Analisando estas correntes elétricas, que são distribuídas entre as camadas neuronais, os cientistas desenvolveram o exame eletroencefalograma que detecta as ondas cerebrais, capta os ritmos e os registra. Desse modo, foi observado que vários tipos de ondas cerebrais são emitidas em diferentes estados de consciência, como: Onda Alfa, Beta, Teta e Onda Delta.
AS ONDAS CEREBRAIS
As Ondas Alfa são lentas (8 ciclos por segundo), estáveis e rítmicas, com mais amplitude e mais energia. Elas são emitidas pelo cérebro durante o sono e no estado mental de serenidade. As Ondas Beta são ondas cerebrais produzidas durante o estado de vigília, apresentam ritmos rápidos (13 ou mais ciclos por segundo) sendo irregulares. As Ondas Teta são transformações das ondas Alfa e se caracterizam por atividade mais lenta e poderosa denominado de ritmo Teta (4 ciclos por segundo) e as Ondas Delta, ocorrem em alguns momentos de sono profundo. Considerando-se o status cognitivo, previsões antecipadas de situações com enfoque negativo fazem com que algumas pessoas transformem a preocupação em autotortura, pois os preocupados crônicos sentem desconforto ao tentarem controlar a situação. Esta condição promove a superestimulação em regiões cerebrais, principalmente nas áreas límbicas, onde se processam emoções e medo. Algumas nuances da psicologia comportamental afirmam que humanos apresentam uma tendência inata para controlar situações diversas gerando os preocupados crônicos que acreditam que o mundo é um lugar inseguro, buscando constantemente lutar contra a sensação de desconforto. Estes indivíduos que se preocupam intensamente apresentam grande atividade nas áreas cerebrais associadas ao planejamento, raciocínio e controle do impulso, indicando que a área cerebral denominada ‘lobos frontais’ torna-se intensamente ativa em reflexo da preocupação.
CONTROLE ATRAVÉS DA CIÊNCIA
Cientistas tem verificado a necessidade de controlar melhor os aspectos emocionais buscando minimizar os reflexos neuroendócrinos promovidos pelas reações indutoras de estresse. Cabe ressaltar que nem sempre se justifica a utilização de remédios na busca de sombrear as condições que estão promovendo o mal estar, sendo de bom tom, a prática de diversos métodos alternativos que propiciem o maior controle emocional. Pessoas ansiosas respondem a condições normais da vida como se fossem condições intransponíveis e a cada acontecimento a tensão tende a aumentar e se transformar em ameaça. Certamente se estas pessoas voltassem a um estado de relaxamento, poderiam reagir com mais facilidade aos desafios da vida diária. Neste
BUSQUE A MEDITAÇÃO
Em geral, o que mais atrai na meditação é a promessa de relaxar a maior parte do tempo. Um indivíduo que medita regularmente relaxa com muito mais frequência do que o que não medita. Após superar um desafio, provavelmente esse indivíduo não encare como nocivas as variadas ocorrências, e ainda consiga transpor e reagir com mais propriedade. Existem importantes relatos indicando que a meditação ajuda a diminuir o limiar da dor e da ansiedade, além disto, através de exames de imagem cerebrais foram comparados indivíduos que meditam com outros que não meditam sendo observado que aqueles que meditam apresentam áreas associadas à regulação das emoções (hipocampo, córtex orbitofrontal, tálamo e giro temporal) expressivamente maiores, evento que foi significativo somente após 4 anos da prática. Exames mais específicos utilizando ressonância magnética funcional demonstraram, nas mesmas áreas, maior quantidade de substância cinzenta onde se inserem os corpos dos neurônios, assim, acredita-se que este achado pode indicar melhor capacidade dos adeptos da meditação no controle das emoções e no suportar melhor as condições estressantes. Registros eletroencefalográficos realizados em indivíduos praticantes de meditação demonstraram que a Onda Beta, - produzida quando a mente está agitada, passa a apresentar atividade reduzida na meditação. Ao atingir estados iniciais de meditação, começam a predominar as ondas Alfa que emanam de diferentes áreas do cérebro, indicando que a mente está tranquila, equilibrada, serena e alerta. Praticantes relatam que mergulham em uma condição que denominam ‘paz interior’.
O REPOUSO DA MEDITAÇÃO
Fisiologicamente, deve-se considerar que meditar é mais repousante do que dormir, pois um indivíduo em estado de meditação consome seis vezes menos oxigênio do que quando está dormindo, além disto, pessoas que meditam todos os dias apresentam redução na produção/secreção de adrenalina e cortisol que são hormônios associados a distúrbios como ansiedade, déficit de atenção, hiperatividade, estresse e ainda, neste estado manifestaram aumento na produção de endorfinas, substâncias ligadas à sensação de felicidade. Mas meditar, não é tão fácil assim. Vários praticantes declararam que de início tiveram dificuldade de se manter concentrados por cinco minutos, principalmente nas semanas iniciais, pois se perdiam em pensamentos que se repetiam frequentemente quebrando a harmonia. Aqueles que venciam a inquietude, conseguiam ‘esta viagem interior’ e meditavam relatam sensação de equilíbrio e bem estar que perdurava no passar do dia.
A meditação treina a capacidade de prestar atenção e vaialém da sessão de relaxamento, permitindo que o praticante aperfeiçoe a habilidade de captar sutis manifestações no ambiente e de prestar atenção ao que está acontecendo ao seu redor, em vez de deixar a mente dispersar-se, centrar-se e estabelecer uma relação de maior empatia com pessoas de seu convívio. Psicoterapeutas afirmam que a prática auxilia os pacientes a lidarem com a ansiedade sem o uso de medicamentos, permitindo acesso a lembranças e sentimentos que estavam bloqueados, e pode ser coadjuvante no tratamento de condições indutoras de estresse.
Um ponto de convergência e concordância entre cientistas e escolas de meditação é que esta arte é o método mais antigo para tranquilizar a mente e relaxar o corpo. Vamos elencar alguns passos, que predispõe a meditação:
- Procure uma posição confortável, mas não demais, para não correr o risco de adormecer;
- Use roupas agradáveis;
- Não é preciso sentar-se em uma posição utilizada na hatha yoga, procure uma cadeira que permita a coluna ficar ereta e firme, com as costas apoiadas;
- Mantenha a cabeça, o pescoço e a coluna vertebral alinhados, como se houvesse uma força branda puxando sua cabeça para o alto;
- Feche os olhos e mantenha-os fechados até o final da meditação, você vai entrar no estado alfa; respire (inspire e expire) com total atenção no corpo, verificando onde estão os pontos de tensão e relaxe-os um a um;
- Preste atenção na sua respiração, no fluxo natural do ar que entra e sai por suas narinas ou no seu ventre que sobe quando você inspira e desce quando expira;
- Passe a observar as sensações ligadas à sua respiração, o movimento do ar, a troca de calor, a profundidade do ato respiratório naturalmente, lembre-se que a respiração se regula sozinha; - Caso perceba que sua mente dispersou, traga-a suavemente de volta para a respiração;
- Não permita que pensamentos, planos, lembranças, sons, sensações, tudo o que for diferente da sua respiração, distraiam você;
- Para ajudar sua mente a se concentrar na respiração, repita em silêncio a palavra ‘dentro’ para a inspiração e ‘fora’ para a expiração;
- Se a concentração estiver no movimento de seu ventre, diga em silêncio ‘subindo’ para a inspiração e ‘descendo’ para a expiração;
- Quando quiser, abra os olhos e leve com você esse estado de relaxamento para o dia. Experimente a prática da meditação e atinja o autocontrole. As ondas cerebrais com sutileza tornam mais lentas e a mente funde-se com um estado de consciência que contempla a paz profunda, assim, através do repouso absoluto, recupere as energias para encarar um dia inteiro de atividade.
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