SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Suplementação Infantil: Aliada contra a desnutrição infantil

O número de crianças desnutridas no mundo tende a cair, caso suplementos alimentares sejam ofertados àquelas que necessitam de nutrientes básicos para sobreviver

Suplementação Infantil: Aliada contra a desnutrição infantil

Danilo Hessel Sanches do Prado Nutricionista Clínico e Esportivo Graduado em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo, Especialista em Nutrição Humana e Terapia Nutricional pelo Instituto do Metabolismo (IMEN) CRN3 31329 A desnutrição é caracterizada como uma condição patológica decorrente da falta de energia e de proteínas, em variadas proporções, podendo ser agravada por infecções repetidas. Já a obesidade, tanto nas crianças como nos adultos, é definida por um acúmulo excessivo de massa de gordura. Há evidências científicas de que déficits de crescimento na infância estão associados à maior mortalidade, doenças infecciosas, prejuízo para o desenvolvimento psicomo¬tor, baixo desempenho escolar e dimi¬nuição da altura e da capacidade produtiva na idade adulta.

No caso do sexo feminino, o retardo do crescimento na infância está as¬sociado à baixa estatura e a um maior risco de gerar crianças com baixo peso ao nascer, o que demonstra um dos efeitos da desnutrição. A infância é um período em que se desenvolve grande parte das potencialidades humanas. Os distúrbios que incidem nessa fase são responsáveis por graves consequências para indivíduos adultos. Pois o crescimento e o desenvolvimento das crianças é um processo biológico, de multiplicação expressa no tamanho corporal referente à estatura e ao peso. Todo indivíduo nasce com um potencial genético de crescimento que poderá ou não ser atingido, dependendo das condições e estilo de vida que está submetida da infância à vida adulta. O crescimento e o desenvolvimento da criança sofrem influências de fatores intrínsecos como os genéticos, os metabólicos, e as más formações, e de fatores extrínsecos, dentre estes se destacam a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança.

Estudos atuais evidenciam redução da desnutrição in¬fantil no Brasil em cerca de 50% de 1996 a 2007. Deve esperar-se que a desnutrição afete somente a estatura nas condições de deficiência leve e, talvez, na deficiência moderada. Nas condições de deficiência grave tanto a estatura quanto o desenvolvimento cognitivo deveriam estar afetados e correlacionados. As morbidades mais comuns apresentadas por crianças com desnutrição são: anemia, deficiência de ferro, infecção respiratória e diarreia. O baixo peso e a desnutrição são decorrentes de uma deficiência primária ou secundária de energia e de proteínas, representando uma síndrome carencial que reúne varias manifestações clínicas, atropométricas e metabólicas, em função da intensidade e duração da deficiência alimentar.

A SAÍDA É SUPLEMENTAR!

Uma das estratégias utilizadas no Brasil é a de suplementação alimentar, variando desde produtos altamente calóricos até misturas mais simples. Os produtos oferecidos para a suplementação são registrados no Ministério da Saúde e são enriquecidos com 26 vitaminas e minerais, compostos por 30% de inulina, auxiliar na absorção das vitaminas e minerais, contribuindo assim para a prevenção das hipovitaminoses e anemias. Estes produtos apresentam alto teor calórico indicado para as situações de baixo peso, desnutrição e carências nutricionais, e seu uso está associado com uma alimentação equilibrada e saudável.

Um estudo realizado com 190 crianças com desnutrição, atendidas por um programa de suplementação alimentar observou que 83% se recuperaram da desnutrição e deste percentual, 59% recuperaram crescimento, a maior parte das reduções ocorreram entre o terceiro e o quarto mês de frequência e concluiu que é esse o tempo necessário para que os benefícios sejam identificados. As crianças eram pesadas e medidas em intervalos regulares de trinta dias, ocasião em que recebiam o suplemento alimentar e os responsáveis eram orientados quanto ao preparo da mamadeira (diluição do leite em pó e acréscimo de óleo a fim de aumentar o aporte calórico). Como suplemento alimentar foi fornecido: leite em pó integral em cotas de 3,5kg (sete latas) e uma lata de óleo de soja por criança/mês. O valor energético, em calorias, do leite em pó e do óleo atinge aproximadamente 580kcal/dia e o conteúdo proteico atinge 28,8g/dia, se consumidos integralmente pela criança na diluição e quantidade recomendadas. É importante destacar que não houve interrupção no fornecimento do suplemento durante o período avaliado.

O estudo constatou efeito positivo no crescimento da estatura de crianças suplementadas, quando comparado ao efeito no crescimento de crianças desnutridas que não receberam suplementação. Indicando assim, que a suplementação alimentar melhora o estado nutricional de crianças com déficit nutricional. Neste contexto os suplementos alimentares hipercalóricos que o mercado disponibiliza são excelentes para promoção de ganho de peso com qualidade, auxilia no crescimento saudável, sem prejudicar o desenvolvimento da criança, ofertando como complemento alimentar ou como receita de alguma preparação, é possível atingir até 660 calorias na dieta em uma única refeição, alem de oferecer proteína de alto valor biológico e baixos teores de açúcares e gorduras. Na maioria dos países em desenvolvimento, e também em alguns grupos populacionais de países desenvolvidos, a alimentação habitual é insuficiente para suprir 100% dos requerimentos de micronutrientes das crianças, principalmente, para os minerais como ferro, zinco e cálcio.Isso também é válido, embora em menor grau, para algumas vitaminas, incluindo a vitamina A. Este fato alerta para a necessidade da administração de suplementos nutricionais para otimizar o potencial genético de crescimento físico, além do desenvolvimento, assim como prevenir o surgimento de doenças infecciosas.

O PAPEL DA NUTRIÇÃO

A nutrição tem um papel muito importante na promoção do crescimento físico, no desenvolvimento neuropsicológico e no combate às doenças infecciosas que afetam, principalmente, as crianças.

O ferro, o zinco e a vitamina A são os micronutrientes que mais limitam o crescimento infantil e o desenvolvimento cognitivo. A vitamina A é um micronutriente importante para diversos processos metabólicos, tendo papéis fisiológicos muito diversificados, atuando no bom funcionamento da visão, na diferenciação celular, na integridade do tecido epitelial, na reprodução e no sistema imunológico. O ferro participa de diversos processos metabólicos, incluindo o transporte de elétrons e oxigênio, o metabolismo de catecolaminas e a síntese de DNA. O ferro também é um componente essencial da hemoglobina, da mioglobina, da ferritina e de outras enzimas, que são necessárias para a função celular normal. É de se destacar, ainda, o papel do ferro no sistema imune.

O zinco cumpre numerosas funções estruturais, bioquímicas e de regulação. Depois do ferro, o zinco é o micronutriente com distribuição mais abundante no corpo humano, encontrando-se em grandes quantidades em todos os tecidos. Apresenta especial importância em diversos processos biológicos do organismo incluindo a síntese proteica, a síntese dos ácidos nucleicos (DNA e RNA) e o metabolismo energético de carboidratos e lipídios. A deficiência de micronutrientes está relacionada com uma série de efeitos deletérios na infância, com consequente aumento das taxas de morbi-mortalidade, dentre outros agravos à saúde. O potencial genético das crianças, em relação ao crescimento físico, pode estar comprometido pela deficiência subclínica de micronutrientes. Sendo assim, o zinco, o ferro e a vitamina A merecem atenção especial, pois são os nutrientes que mais limitam o crescimento e desenvolvimento infantil, representam os estados deficitários mais comuns e apresentam importantes relações metabólicas.

Existem evidências científicas sobre o efeito benéfico da suplementação com micronutrientes no crescimento infantil. Alguns trabalhos apontam maior efetividade da suplementação múltipla de micronutrientes quando comparada à suplementação com um único micronutriente. A necessidade de colocar em prática estratégia para a recuperação do estado nutricional das crianças que apresentam indicadores de risco, efetivamente, os desvios nutricionais, é de grande importância, uma vez que estudos apresentam melhorias significativas e positivas tanto em relação ao peso/estatura como demais fatores citados associados a essa questão. Portanto, as orientações nutricionais são importantes instrumentos para combater essa situação, porque a alimentação quando adequada, é rica em nutrientes que podem melhorar a função imunológica, uma vez que crianças bem alimentadas são mais resistentes.

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