Danilo Hessel Sanches do Prado Nutricionista Clínico e Esportivo Graduado em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo, Especialista em Nutrição Humana e Terapia Nutricional pelo Instituto do Metabolismo (IMEN) CRN3 31329 As práticas alimentares no primeiro ano de vida iniciam um marco importante na formação dos hábitos alimentares da criança. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS), o leite materno deve ser usado exclusivamente nos primeiros 6 meses de vida, período que supri todas necessidades nutricionais do lactente. A partir do segundo semestre de vida, deve iniciar a introdução de alimentos complementares, de acordo com a faixa etária, até os dois anos, quando a dieta passa a ser baseada na pirâmide alimentar. Não há benefícios em iniciar a alimentação complementar antes dos 6 meses de vida, a não ser que o lactente não cresça satisfatoriamente, a despeito do aleitamento materno exclusivo em livre demanda.
Não sendo possível a oferta do aleitamento materno exclusivo, deve ser indicada uma fórmula infantil, que são classificadas como: para pré-termo, fórmula infantil de partida (até 6 meses de vida), fórmula infantil de seguimento (dos 6 aos 12 meses de vida) e fórmulas especiais. As fórmulas infantis possuem quantidades de macro e micronutrientes que atendem as necessidades nutricionais do lactente. Fórmulas infantis são definidas como: compostos nos quais se utiliza a proteína isolada do leite de vaca e/ou da soja, intactas ou hidrolisadas e todos os demais nutrientes são acrescidos, separadamente, nas quantidades e proporções recomendadas para lactentes até um ano de vida. As fórmulas infantis são classificadas em completas e incompletas. São consideradas completas as fórmulas que contêm proporções adequadas de proteínas, gorduras, carboidratos, eletrólitos, vitaminas e oligoelementos, considerados essenciais ao crescimento e ao desenvolvimento na fase inicial da vida.
Características nutricionais das fórmulas infantis
Por meio de processos industriais o leite de vaca é modificado para se adequar às necessidades fisiológicas da criança, quanto à qualidade e à quantidade de proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais. Seguindo as novas resoluções da ANVISA, de 19 de setembro de 2011, as fórmulas tiveram de passar por algumas adequações. A fórmula infantil não deve conter menos que 60kcal/100ml e não mais que 70 kcal/100ml. As fórmulas infantis para lactentes devem conter, 100kcal do produto pronto para consumo, as quantidades mínimas de nutrientes e não podem ultrapassar as quantidades máximas ou, quando apropriado, os limites superiores de referência de nutrientes. Características das fórmulas infantis: Gorduras: mistura de óleos vegetais. Carboidratos: lactose exclusiva ou associação de lactose com polímeros de glicose. Proteínas: redução da quantidade de proteínas e desnaturação proteica, com melhor relação proteína/caseína. Minerais: modificação nos teores dos minerais, aproximando seus teores aos do leite materno, com adequada relação cálcio/fósforo. Vitaminas: atendem às necessidades da criança saudável. Embora de mais fácil acesso, o leite de vaca é indicado ser evitado antes dos primeiros 12 meses de vida. Características do leite de vaca: Gorduras: baixos teores de ácidos graxos essenciais, sendo necessária a adição de óleos vegetais. Carboidratos: quantidade insuficiente de carboidratos, sendo necessário o acréscimo de outros açúcares. Proteínas: altas taxas de proteínas, com relação inadequada de caseína/proteínas, comprometendo a digestão e causando cólica no bebe. Minerais: baixo teor de ferro e alta quantidade de sódio, podendo contribuir para o desenvolvimento de anemia ferropriva e para a sobrecarga renal, principalmente em recém-nascidos de baixo peso. Vitaminas: baixos níveis de vitaminas D, E e C.
Atualmente o leite de vaca, apesar de não ser a melhor escolha do ponto de vista nutricional, é a fonte mais comum utilizada para crianças menores de um ano de idade como substituto do leite materno, pois as fórmulas infantis são substancialmente mais caras, e o leite de vaca acaba sendo a opção mais acessível para a população mais carente. A maioria das fórmulas infantis é elaborada a partir da mistura de leite de vaca integral e soro do leite. Há redução da quantidade de proteínas e desnaturação proteica, formando proteínas solúveis, favorecendo a digestão e absorção, com melhor relação proteína/caseína visando aproximar essa relação ao que é encontrado no leite humano (60:40). Com o acréscimo de proteínas do soro do leite a composição do perfil de aminoácidos também se aproxima do leite humano. A alteração na qualidade e quantidade da proteína reduz o estresse metabólico sobre os órgãos imaturos, como os rins e o intestino dos recém-nascidos, e proporciona uma taxa de crescimento comparável à observada em crianças amamentadas, evitando o depósito excessivo de gordura e reduzindo o risco de obesidade na fase de adolescência e vida adulta. Algumas fórmulas também possuem a soja como principal fonte proteica, que contém até 48% de proteínas, entretanto o baixo conteúdo do aminoácido metionina limita o seu valor nutricional, que é inferior ao da proteína das fórmulas contendo a proteína do soro do leite e a caseína como fonte proteica. Alguns estudos que utilizam misturas de whey protein com caseína têm como objetivo copiar a composição do leite materno humano, que combina cerca de 50% de proteína do soro do leite e 50% de caseína. Esse leite é rico em aminoácidos essenciais e em aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA). O leite fornecido a crianças cujas mães não o produzem também tenta reproduzir essa combinação, a maioria das fórmulas são basicamente compostas por 40% de proteína do soro do leite, 45% de caseína e 15% de aminoácidos. Tanto o Comitê de Nutrição da Academia Americana de Pediatria como a Sociedade Brasileira de Pediatria reconhecem que o leite de vaca integral não é adequado para lactentes menores de 12 meses e recomenda o uso de uma fórmula infantil correta indicada pelo profissional de saúde.
Na impossibilidade da oferta do leite materno, ambas concordam que seja oferecida uma fórmula infantil, que possua todos os nutrientes mais próximos do adequado para o desenvolvimento e crescimento saudável e ainda previna doenças crônicas na fase adulta, como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e transtornos alimentares. Para indicação da fórmula mais adequada é necessário acompanhamento e indicação pelo profissional adequado, seja o pediatra ou nutricionista, para cada indicação é importante avaliar as necessidades nutricionais que dependem da faixa etária, peso, estatura. Uma boa nutrição é imprescindível para o crescimento satisfatório e desenvolvimento completo das funções imunológicas.
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