Sabe aquela história do menino que era magrelo na adolescência e se matriculou em uma academia para conquistar o físico ideal? Pois bem, essa é a base da história deste Faça Diferente que vem lá de Penápolis, no interior de São Paulo. Bruno Ramires tinha seus 15 anos quando resolveu deixar de lado o corpo magricelo que tinha, uma herança do pai que já foi um velocista. Nos cinco anos em que frequentou a academia, percebeu que treinar realmente surtia efeito. Anos se passaram, as medidas foram ficando cada dia maiores e a aparência foi chamando a atenção de quem o cercava.
Mas ter grandes proporções nos músculos e na balança, não quer dizer que a pessoa tem um corpo sarado, correto? Bruno foi bem maior do que é hoje, mas tudo pela falta da dieta. “Antes comia tudo errado e ganhei volume em retenção líquida e gordura. Minha vida era pizza, chocolate e um monte de porcaria, um verdadeiro off sujo”, diz Bruno. Hoje o que ele vê no espelho é uma visão totalmente distinta do passado. Repositor de alimentos em um supermercado de sua cidade, Bruno já está mais do que acostumado a carregar peso, e neste caso, a todo o momento. Sua rotina é bem puxada. O garoto de 20 anos acorda às 6h30, entra às 8h no trabalho e sai ao meio-dia para almoçar...correto? Não! Essa é a hora escolhida por Bruno para treinar. Chegando à academia, dedica 40 minutos do seu ‘almoço’, ao treino. Saindo de lá parte para a casa, onde irá almoçar e logo mais, retornar ao supermercado às 14h. À noite, volta para a academia, desta vez para ser treinador da noiva. No trabalho, Ramires carrega caixas e grandes embalagens de alimentos o dia todo. Sua tarefa é buscar os produtos em um estoque e levá-los para as prateleiras. Tudo seria mais fácil se esse estoque não ficasse em uma ladeira! “Me esforço o dia inteiro, mas é a hora do treino que tenho para relaxar. Me sinto em casa na academia”, diz. E como ter tanta disposição para enfrentar um dia tão cansativo como este?
MUDANÇA DE HÁBITO
Bruno sempre admirou atletas de fisiculturismo e homens que apresentassem grandes proporções corporais. Desde criança brincava com ‘homenzinhos’ de plástico e adorava imitar suas posições de exibição de seus músculos. Na verdade, tinha o sonho de ser jogador de futebol; ele até tentou, mas treinar e ficar forte era o que mais gostava de fazer. Bruno Ramires e alguns amigos decidiram visitar a última edição da Expo Nutrition, em São Paulo, e descobriram um novo universo. Lá conversaram com muitos atletas que foram unânimes em dizer que Bruno tinha uma boa estrutura, tendo capacidade para competir e vencer. A partir dessa visita, conversou com o também fisiculturista e treinador Daniel Montalvão. O profissional deu a ele o incentivo que precisava para começar. “Logo de cara Montalvão disse que eu podia competir. O aviso veio em novembro e em março, lá estava eu participando da minha primeira competição”, explica. A preparação para disputar o Estreantes pela NABBA, na cidade de Cotia, também em São Paulo, exigiu muito esforço e empenho de Bruno. “Foquei em uma mudança radical e venci. Meu corpo reagiu muito bem à dieta, aos suplementos e aos treinos.
Tive que me reeducar. Antes passava duas horas na academia, mais conversando do que treinando. Hoje passo 40 minutos e isso já é suficiente”, diz Bruno, que tem o treino assinado por Montalvão e dirigido por Pedro Veronezzi, já que os atletas moram em cidades separadas. A vida antes de toda essa dedicação se limitava a churrascos, bebidas e baladas; sair tarde da noite e chegar já pela manhã; dormir até mais tarde e acordar de ressaca era a rotina de Bruno e de sua noiva Jhuly. “Temos vida social, mas saímos bem menos para evitar as tentações”, diz o casal durante a entrevista.
Os dois saem, mas levam as marmitas com eles. Bruno não liga por comer a comida fria ou quente e adora consumir shakes. Jhuly está entrando nessa rotina agora, já que também pensa em competir no ano que vem, na categoria Wellness. Na fase de pré-contest, a dieta dos dois acontece de domingo a domingo, sem um docinho nem nada. No off, o acréscimo é só uma sobremesa. As compensações são alternativas usadas pelo casal. “Pra mim, esse é o meu mundo agora. Eu não volto atrás não. Eu não quero ser um cara famoso, mas sim ter reconhecimento no esporte. O fisiculturismo no Brasil não rende dinheiro, é paixão. O esporte é caro. Você se dedica o ano todo para subir ao palco e ganhar uma malto, quando ganha”, explica o atleta. Os dois são parceiros também na hora de bancar a nova realidade. Com dieta e suplementação são investidos de 2 a 3 mil reais por mês. “Esse é um esporte que exige muita dedicação e determinação”, diz Jhuly. E esses não são os únicos gastos. Bruno é muito vaidoso. Corta os cabelos de 15 em 15 dias e sempre passa cremes para hidratar o corpo. “Ainda bem que minha avó é cabeleireira e banca os cortes pra mim!”, diverte-se o atleta.
ESTREANDO PARA VENCER
Daniel Montalvão deu o incentivo que o garoto precisava para começar a competir, dizendo que Bruno ficaria entre os tops 6 e assim conseguiria a classificação para o Paulistão. “Se ele falou, quem sou eu para contrariar!?!”, diz o atleta. Na noite anterior à competição, nada de dormir tamanha era a ansiedade. “Passei uma longa fase sem suplementação, por falta de dinheiro, sem BCAA e glutamina. A dieta regrada foi fundamental.
Passei o Natal e o Ano Novo à base de batata doce e frango”, lembra-se. A categoria Estreantes foi disputada por 20 competidores. “Os jurados disseram que este ano foi um dos mais difíceis de escolher graças ao alto nível dos participantes”, conta Bruno. Durante a prova, apenas cinco nomes foram chamados para o famoso top 6, sem que nessa lista constasse o nome de Bruno. Nessa hora o choro da família rolou e a vontade de Bruno chorar também foi forte. Ao descer do palco com a certeza que já havia perdido, seu nome foi chamado e aí ele teve que segurar as lágrimas. Mais do que pudesse esperar, ele ficou entre os três melhores da competição. “Parece que a ficha ainda não caiu pra valer. Eu achei que não fosse tão rápido como aconteceu. Fui pra cima, deu certo e está dando por enquanto”, diz Bruno que tem crescido no esporte graças ao apoio da família. A mãe, por exemplo, é uma grande incentivadora. É ela que acorda de madrugada para fazer as marmitas dele.
“Ela já deixou de comprar algo pra ela para comprar suplementos pra mim”, diz. E esse apoio é fundamental, principalmente nos dias em que se antecede o campeonato, já o atleta se sente muito pressionado, pois come pouco durante a preparação, e o emocional fica abalado. “Todo o atleta é depressivo, nunca a gente chega em um nível bom, sempre existe o desejo de superação”, conta. Além do suporte emocional, a família o ajuda ainda a custear esse sonho. A noiva Jhuly, por exemplo, é sua empresária em tempo integral. Atualmente morando junto, o casal prepara as marmitas para o dia seguinte e divide as despesas e as glórias. Eles pretendem se casar, mas hoje os gastos são voltados integralmente para o fisiculturismo. “Somos muito criticado por viver essa vida. Ficamos meses sem comprar algo pra nós, para investir no esporte. Quando conseguirmos um patrocínio, talvez possamos oficializar nossa união”, diz Jhuly. Bruno Ramires tem ganhado espaço na mídia, tamanha a sua dedicação. Primeiro fisiculturista da cidade de Penápolis, o atleta tem recebido o apoio da secretaria local de esportes, além da secretaria de uma cidade vizinha e de um comércio local. Ele tem sido chamado para participar de programas de televisão, para entrevistas em rádios e jornais, e tem a companhia de Jhuly sempre que precisa. No ensaio deste Faça Diferente mesmo, lá estava a noiva para auxiliar em cada resposta e pose que o atleta se prestava a oferecer à nossa equipe. “Todo mundo apoia, mas criticam dizendo que hoje não vivo mais, que perderam o Bruno de antigamente. Encaro essa fase como um trabalho normal, então vou até o final. Pessoas de fora acham que essa vida é errada, mas enganam-se porque ela é regrada e muito saudável”, diz. E nessa nova rotina, não existem apenas lamentações. Uma passagem curiosa diz respeito à fase em que Bruno não podia mais comprar seus suplementos, pois a grana tinha acabado.
“O combustível acabou e agora? O lance foi chorar. A whey já era e fiquei desesperado. Fiquei duas semanas sem ela e quase pirei”, conta o atleta, que hoje ri da situação. A meta a partir de agora é investir em um futuro muito próximo e certamente promissor. Agora já está federado pela NABBA, Bruno Ramires está classificado para o Paulistão que seria neste mês de Maio. Porém, por questão financeira, e pela forte preparação que enfrentou para disputar o Estreantes, o atleta ficou muito tempo em dieta. “Fiquei meio injuriado e quis entrar em off para chegar bem no ano que vem”, conta. Como ele tem apenas 20 anos, e a categoria dele pode ser disputada até os 21, ele pode perfeitamente esperar até o ano que vem para disputar o Paulistão e ainda a categoria Senior, no mês de Abril.
“É quase um ano de preparação. Quero arrastar tudo, levar todos os títulos possíveis”, finaliza o futuro campeão. FAZENDO DIFERENTE Quem busca o fly invertido e inclinado, busca também uma definição na parte superior do tórax, algo difícil de ser conquistado do dia para a noite. Para fazer de uma maneira não tão usual como se vê nas academias, o time que orienta Bruno Ramires optou por uma nova maneira de fazer o fly. Além de inclinado, ele é invertido. “Muita gente faz um fly normal que acaba sendo um supino com halteres. Buscamos mudar a posição das mãos para intensificar mais as repetições e exigir mais do músculo”, explica Bruno. Segundo o atleta muitos fazem esse exercício, mas de maneira errada, pois existe uma maneira correta de ser pegar invertido. Um conselho do bodybuilder é usar a munhequeira para criar uma melhor execução dos movimentos. Esse fly pode ser feito por qualquer praticante de atividade física, seja homem ou mulher.
“Quem for iniciar esse exercício terá que utilizar uma carga que consiga no mínimo seis movimentos e no máximo doze”, orienta. Lembrando que assim como os outros exercícios, Bruno também opta pela mesma sequência de 12, 8 e 6 repetições. Como são três repetições, usa-se para este fly, três cargas distintas. Bruno utiliza hoje, em um estágio mais avançado, para 12 repetições, 26kg; para 8, 28kg, e para 6, 32kg. “Comecei com bem menos e hoje intensifico mais. Estou conseguindo um resultado muito bacana com ele”, diz Bruno, adepto deste exercício há cinco meses. Quer saber como fazer? É só se ligar no box Step by Step desta matéria.
PERFIL DO CAMPEÃO
Bruno Ramires
Atleta bodybuilder
Categoria: Classe 3 NABBA
Data de nascimento: 13/02/1994
Onde: Paulínia/SP
Altura: 1,72m
Braços: 43cm
Tórax: 134cm
Peso em off: 94kg
Peso em pré: 85kg
Treinadores: Daniel Montalvão e Pedro Veronezi
Redes Sociais:
Facebook: Bruno Ramires Nabba
Principais títulos:
2014: 3º lugar – Estreantes NABBA, Cotia (SP)
NA MEDIDA CERTA
Manter um misto de dieta + treino + suplementação em dia garante desempenho campeão ao corpo de quem pretende investir em qualidade de vida. Bruno pensa desta forma e há cinco meses conseguiu novas e boas medidas graças a esse trio campeão.
A orientação é que ele ingira de 5 a 6 litros de água por dia. 1ª refeição 2 bananas nanicas amassadas 2 scoops de whey protein isolada + 1 colher (sopa) de aveia 1000mg de vitamina C 5g de BCAA 2ª refeição 250g de batata inglesa ou arroz integral sem óleo 200g de peito frango ou patinho ou 7 claras + 1 ovo inteiro 10g de glutamina 3ª refeição 350g de arroz integral ou branco sem óleo 200g de frango, tilápia, patinho ou alcatra grelhados ou 8 claras Salada à vontade com azeite + limão e pouco sal 2 cápsulas de óleo de cártamo 5g de BCAA 4ª refeição 2 scoops de whey protein com 70g de aveia dissolvida na água 5ª refeição De 200g a 300g de batata doce, inglesa ou inhame 150g de frango, peixe ou patinho moído + ou 1 lata atum + 1 porção de brócolis 2 cápsulas de óleo de cártamo 6ª refeição 1 omelete com 6 claras + 1 ovo inteiro+ 1 copo de suco 7ª refeição 2 scoops de caseína/albumina ou micelar com água + 10g de glutamina
STEP BY STEP FLY INCLINADO INVERTIDO
1- O exercício requer concentração. Um banco inclinado é o indicado. Os pés do praticante deverão ser apoiados ao chão. Os movimentos com os halteres são similares aos de um supino, mas o praticante deve inverter a posição das mãos.
2- Trata-se de um arco. O praticante sobe os halteres, mas inverte as mãos. Os pesos devem se encontrar ao final do movimento, sem cruzar.
3- A respiração deve ser intensificada, quando a inspiração é feita na descida e a expiração na subida. Os braços devem ser esticados por completo.
CONSELHO DE BODYBUILDER:
“Muita molecada mistura bebida com treino. Bebida alcoólica não entra no cardápio de quem pensa em ter um corpo em dia. Ter uma alimentação regrada e baseada na orientação de um profissional de saúde é fundamental. Evitar excessos também é primordial, seja açúcar, sal ou gordura, afinal tudo em excesso faz mal”.
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