Qualidade de vida, bem estar e condicionamento são condições que além de estarem diretamente ligadas a prática de atividade física, fazem parte das dimensões que acompanham o homem no aspecto biológico e cultural. Neste contexto, além do exercício físico proporcionar os inúmeros benefícios oferecidos por diversos profissionais na literatura, também é uma ótima e saudável oportunidade para compartilhar com os amigos da melhora das condições orgânicas, redução das respostas ao estresse e aumento na auto estima. Vale a pena salientarmos que a atividade física é uma expressão definida como qualquer movimento corporal, produzido pela contração dos músculos esqueléticos, resultando em elevação no gasto energético até padrões acima dos observados no repouso. Por sua vez, o exercício físico é uma atividade planejada, estruturada e repetitiva que tem como objetivo final aumentar ou manter a saúde, além de propiciar alterações psíquicas e emocionais importantes para a qualidade de vida. Buscando entender as relações anti-estresse e as relações prazerosas vinculadas à constância na prática de exercício físico, devemos direcionar uma maior atenção aos conceitos neurofisiológicos que descrevem as vias ativadas concomitante a progressão do exercício. Cabe destacar que, tem sido relatado que o exercício físico praticado em grupo permite estímulos de maior intensidade no que se refere à busca do aprimoramento estético, desenvolvimento de funções cognitivas, motivação para a prática, além de reforçar as relações interpessoais e a inserção no meio social.
O QUE SERIA MOTIVAÇÃO?
A literatura científica ao classificar como motivação (termo que provem do Latim moveres, mover) o impulso que leva à uma ação, nos remete a princípios gerais que auxiliam na compreensão da tríade, escolha, iniciação e manutenção destas ações. Os princípios que regem a motivação acompanham processos intrínsecos e extrínsecos, ou seja, dentro do perfil intrínseco a motivação é gerada devido à necessidade pessoal em atingir um objetivo, enquanto a motivação extrínseca refere-se à motivação gerada por processos de reforço. Dentre eles se destaca a influência que um grupo de praticantes exerce sobre seus componentes que buscam objetivos similares. Sabe-se que a comunicação entre células nervosas ocorre através da liberação de substâncias químicas denominadas neurotransmissores, que proporcionam a formação de uma rede neural integrada responsável pela coordenação das ações e reações que controlam as diversas funções orgânicas. Em termos científicos, sabe-se que nosso corpo apresenta uma rede de neurônios (células do tecido nervoso) que exercem atividade sensorial, ou seja, levam os mais diferentes estímulos para que sejam interpretados em áreas do sistema nervoso central induzindo a geração de uma resposta instantânea. Tem sido consenso na literatura especializada que em decorrência do exercício físico ocorrem mudanças em padrões fisiológicos e funcionais de diferentes áreas do sistema nervoso central, como por exemplo, maior liberação de alguns neurotransmissores como a noradrenalina, e em especial a dopamina.
ÁREAS MAPEADAS
Dentre as áreas cerebrais que merecem destaque, encontramos o nucleus accumbens que é considerado um centro de integração neural onde se processa a motivação e participa-se da configuração de ações motoras, além de participar de modo decisivo em diferentes processos tais como, na resposta ao estresse. Dentro da especificidade, o nucleus accumbens tem relações diretas com o centro límbico, sendo o neuro-estabilizador que participa ativamente na configuração de uma situação prazerosa e ao emitir projeções nervosas para outra região denominada córtex pré-frontal prepara nosso comportamento emocional estimulando o desenvolvimento de motivação para dar continuidade na ação. Dentre os sistemas neuroquímicos que controlam a atividade do núcleo accumbens, o neurotransmissor dopamina é o responsável pela integração das suas funções e curiosamente, o exercício físico eleva ao expressivo aumento na secreção de dopamina no núcleo accumbens, ou seja, os neurônios tornam-se mais ativos, fato que ocorre de forma mais intensa quando grupos compartilham de atividades juntos, assim, podemos especular, que um programa de atividade física vai além das qualidades orgânicas que o referendam, mas sim deve promover uma nova reconfiguração na comunicação neuronal propiciando respostas emocionais envolvidas na relações prazerosas que compõem o circuito de recompensa. Podemos inferir que a dopamina produzida em função do exercício reforça o sistema de recompensa no núcleo accumbens, sendo suficiente para configurar uma sensação prazerosa motivando-nos a manutenção da atividade física auxiliando a atingir o objetivo desejado.
Associado aos parâmetros ativados frente ao exercício físico, podemos inserir a música que nos leva a expressar emoções e sentimentos, assim, as experiências rítmicas e motoras desenvolvidas com o suporte da música possibilita integração de grupos e amplia os horizontes na busca da motivação. Por fim, o núcleo accumbens também participa da associação do comportamento gerado pela música, sensação de prazer e controle do movimento, fatores associados que configuram o humor e as emoções. Por fim, as emoções e reações positivas geradas pela condição prazerosa de exercitar-se fortalecem nosso organismo, possibilitando fidelizar a atividade que escolhemos e tornando a experiência agradável e prazerosa, como reflete a proposição “Mens sana in corpore sano”.
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