1) Hipertensão arterial nada mais é que... ...
uma doença crônica, caracterizada pelos elevados níveis de pressão sanguínea nas artérias. Você sabia que o sangue bombeado pelo coração para irrigar os órgãos ou se movimentar, exerce uma força contra a parede das artérias? Isso acontece normalmente e quando a pressão que esse sangue precisa fazer é aumentada, isto é, quando as artérias oferecem resistência para a passagem do sangue, é correto afirmar que o indivíduo é hipertenso, ou popularmente tem pressão alta. O coração trabalha em duas fases: a sístole, quando a força é máxima e existe contração para expulsar o sangue, e a diástole, quando a força é mínima e existe um relaxamento do coração entre as contrações cardíacas. Os órgãos alvo da hipertensão são: coração (risco de cardiopatia como a insuficiência cardíaca ou infarto do miocárdio), cérebro (AVC – acidente vascular cerebral), vasos e rins (insuficiência renal). No mundo, até 1 bilhão de pessoas podem ser portadoras de hipertensão arterial. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a doença é mais comum entre as mulheres (26,9%) que entre os homens (21,3%) e também varia de acordo com a faixa etária e a escolaridade. Entre os brasileiros com mais de 65 anos de idade, 59,2% se declaram hipertensos, contra apenas 3,8% na faixa de 18 a 24 anos e 8,8% de 25 a 34 anos.
2) Medindo a pressão
Essa é uma tarefa simples, desde que a pessoa que fará a medição seja apta. Os profissionais de saúde são os mais indicados, sempre. Aparelhos próprios de medição são utilizados e encontrados em ambientes clínicos e disponibilizados à venda. Algumas orientações são básicas para quem quiser medir sua própria pressão: é preciso estar em ambiente calmo, fazer repouso de 5 minutos, manter o braço, no qual fará a medição, apoiado em uma mesa na altura do coração, manter as costas apoiadas na cadeira e os pés encostados no chão. A bexiga deve estar vazia e a pessoa não pode ter fumado, se alimentado ou ingerido café pelo menos 30 minutos antes da medida. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), a pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio. Com esta medida, são determinadas as pressões máxima ou sistólica, quando o coração se contrai, e a mínima ou diastólica, quando o coração se dilata. A pressão ideal sugerida pela medicina é de 120 x 80mmHg, ou seja, 12/8. A pressão normal sobe um pouco para 130/85mmHg e a alta já chega a 140/90mmHg ou 14/9. Chegando a este último nível, é chegada também a hora de procurar ajuda médica, principalmente se houver sempre níveis altos de pressão como este.
3) Afinal, sou hipertenso por quê?
Na maioria das vezes não está clara a causa da hipertensão arterial, mas sabe-se que muitos fatores podem ser responsáveis. As causas podem ser divididas em fatores externos e internos. Onde os externos são hereditariedade, idade, peso e raça e os fatores internos, álcool, estresse, falta de exercício, má alimentação, sal em excesso e tabagismo.
4) O mal é silencioso
Na maioria dos indivíduos a hipertensão arterial não causa sintomas, apesar do surgimento de determinados sintomas que muitos, de maneira errada, consideram associados à doença, como por exemplo, dores de cabeça, sangramento pelo nariz, tontura, rubor facial e cansaço. “O grande problema é que a hipertensão arterial é “silenciosa” e acaba sendo diagnosticada por conta de alterações nos órgãos alvo da doença como cérebro, coração e rins. Entre os sintomas estão dor de cabeça, tontura e, em casos mais sérios, o próprio AVC. Quando relacionada ao coração, o paciente pode apresentar desde dor no peito e insuficiência cardíaca até o próprio infarto; já nos rins, os sintomas manifestam-se por meio de quadros de inchaço e diminuição do volume urinário”, afirma o Dr. Ricardo Pavanello, cardiologista, supervisor do setor de cardiologia clínica do Hospital do Coração (HCor).
5) Sintomas são transparentes
Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, quando um indivíduo apresenta uma hipertensão arterial grave ou prolongada e não tratada, ele apresenta dores de cabeça, vômito, dispneia, falta de ar, agitação e visão borrada, em decorrência de lesões que afetam o cérebro, os olhos, o coração e os rins. “A cardiopatia hipertensiva, doença que afeta o rendimento do coração, enfraquecendo o músculo cardíaco, é uma delas, entretanto as doenças cardiovasculares como um todo (infarto do miocárdio e AVC) são precipitadas e agravadas pela hipertensão”, explica o Dr. Pavanello.
6) Por que é preciso se preocupar com a hipertensão?
Porque a hipertensão arterial é a principal causa de morte evitável no mundo (com um impacto global maior que o tabagismo e o colesterol, por exemplo), representando a causa direta de 54% dos derrames (AVC) e de 47% dos infartos. “Trata-se de um problema seríssimo e muito comum: um a cada três adultos tem pressão alta e estima-se que, no mundo, haja em torno de um bilhão de indivíduos hipertensos. Muitos destes indivíduos nem sabem ainda que são hipertensos e o descobrirão da pior forma: em ocasião do infarto, do derrame ou da falência renal ou cardíaca”, afirma o Dr. Antonio Gabriele Laurinavicius, cardiologista da Unidade de Medicina Preventiva do Hospital Albert Einstein. Em linhas gerais, a partir de 115x75mmHg, o risco de morte por infarto ou derrame dobra a cada aumento de 20mmHg na pressão sistólica (máxima) e/ou 10mmHg na pressão diastólica (mínima). “A boa notícia é que com o tratamento este risco é efetivamente reduzido: estudos mostraram que uma redução de apenas 2mm da pressão sistólica já pode significar uma redução de 10% no risco de derrame e de 7% no risco de infarto”, complementa o Dr. Laurinavicius.
7) Sem cura, mas com tratamento
A hipertensão arterial essencial não tem cura, mas deve ser tratada para impedir complicações. A menos que haja uma necessidade evidente para uso de medicamentos imediato, como no caso de pacientes com níveis de pressão arterial acima de 180/110mmHg. “Em geral, o tratamento da hipertensão passa inicialmente pela modificação do estilo de vida com o objetivo de reverter o sobrepeso, quando este é a causa do problema. Isto significa dieta, atividade física e controle do estresse. Contudo, é importante frisar que, dependendo dos níveis de pressão do indivíduo, pode ser necessária a prescrição de medicamentos já na primeira consulta. As evidências atuais não apoiam tratamentos como a homeopatia e a acupuntura para o controle da hipertensão e estas práticas correm o risco de provocar atrasos perigosos no controle efetivo da pressão”, diz o Dr. Laurinavicius. “A automedicação é o maior risco para a saúde de um modo geral e no caso da hipertensão isso fica ainda mais crítico, uma vez que os sintomas relacionados a hipertensão arterial habitualmente surgem nos pacientes com níveis muito elevados (crise hipertensiva). Dessa forma os pacientes que se automedicam e são assintomáticos podem evoluir durante muitos anos com pressão alta e sujeitos a todas as consequências dessa doença indevidamente medicada”, afirma o Dr. Ricardo Pavanello, cardiologista, supervisor do setor de cardiologia clínica do Hospital do Coração (HCor).
8) A reeducação é o caminho!
A SBH orienta que a maioria dos pacientes deve ter a oportunidade de reduzir a pressão arterial através de tratamento não farmacológico, por meio de medidas gerais de reeducação, também conhecida como modificações no estilo de vida. A cartilha é a seguinte: • Meça sua pressão arterial regularmente; • Tenha uma alimentação saudável: Evite: açúcares e doces, frutas, derivados de leite na forma integral, gorduras, carnes vermelhas com gorduras aparente e vísceras, temperos prontos, alimentos industrializados que vêm em latas ou vidros, alimentos processados e industrializados como embutidos, conservas, enlatados, defumados, charque. Prefira: alimentos cozidos, assados, grelhados ou refogados, temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha, frutas, verduras e legumes, produtos lácteos desnatados. • Pratique atividade física pelo menos 5 dias por semana; • Mantenha um peso saudável. Também é importante avaliar a medida da circunferência abdominal (cintura), que o homem não deve ultrapassar 102cm e, na mulher, 88cm; • Diminua a quantidade de sal na comida. Use no máximo 1 colher de chá para toda a alimentação diária. Não utilize saleiro à mesa e não acrescente sal no alimento depois de pronto; •Diminua o consumo de bebidas alcoólicas; •Não fume! •Controle o estresse (nervosismo); •Siga as orientações do seu médico.
Fontes consultadas: Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) Dr. Antonio Gabriele Laurinavicius: Cardiologista da Unidade de Medicina Preventiva do Hospital Albert Einstein Dr. Ricardo Pavanello: Cardiologista, supervisor do setor de cardiologia clínica do Hospital do Coração (HCor)
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