Quando o laudo médico indica restrição de atividades motoras primordiais para a locomoção é inevitável imaginar que este é o fim. A limitação automaticamente remete à sensação de proibição e frustração, mas o corpo humano é desafiado a todo o momento pela medicina e existem provas concretas que parar e se entregar são escolhas para quem já não tem determinação para seguir em frente. Se sua opção for pela vida, a saída é procurar uma alternativa para viver com qualidade, com saúde e felicidade garantidas. O esporte oferece inúmeras modalidades para os mais variados grupos de pessoas. O paraciclismo é uma dessas alternativas de busca pela retomada dos prazeres da vida, através do equilíbrio do corpo e da mente, na escolha pela saúde e recuperação. A handbike ou handcycle é apresentada neste Nutrição Esporte para quem busca adrenalina.
Essa bicicleta é pedalada com as mãos, em posição sentada (passeio) ou deitada (esportiva). Adequada a pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, possui semelhanças comuns à uma bicicleta tradicional do tipo reclinada, tendo como diferenças fundamentais a estrutura de três rodas e, claro, a posição dos pedais. Aí fica claro, quem não pode pedalar com as pernas, pedala com as mãos! Praticantes do esporte afirmam que essa modalidade é a mais completa e a mais indicada a um cadeirante ou a uma pessoa com mobilidade reduzida, perdendo apenas para a natação. Esse esporte confere resistência cardio respiratória, equilíbrio de tronco, além de força muscular, ou seja, uma independência maior ao deficiente. Saúde mental, emocional e física também são conquistas desta prática. Há quase dez anos em competições paraolímpicas, o paraciclismo é dividido em quatro categorias: H1, para tetraplégicos, H2 para atletas com lesão medular mais alta, H3 para paraplégicos com sensibilidade do abdômen, e H4 quando o praticante apresenta deficiência, porém apresentando mobilidade de quadril.
Quem nos apresenta este esporte é o vice-campeão brasileiro de paraciclismo, Edson Rocha Nascimento, um verdadeiro apaixonado pela prática. O ano de 2005 definiria para sempre o futuro do agora paratleta. Uma forte batida em um acidente envolvendo seu carro e um outro carro desgovernado, o fez ser arremessado para fora do veículo, batendo assim a coluna no meio fio da calçada. O impacto da batida lesionou seu baço, o pulmão e a coluna vertebral.
Edson foi submetido a uma operação, pois teve uma compressão medular completa, permanecendo no hospital por 40 dias. Após passar alguns anos em reabilitação, exercitando-se apenas através da fisioterapia, conheceu o “Projeto Praia para Todos”, na Barra da Tijuca (RJ), um projeto da ONG Espaço Novo Ser, com o objetivo de socializar as pessoas com deficiências (física, intelectual, autodidática, etc) com vários esportes e lazer adaptados, (banho assistido no mar com a cadeira praiana, vôlei sentado, surf adaptado, frescobol, futebol de 5 (deficientes visuais), e com a handbike. “Tive uma paixão a primeira vista com a handbike quando eu pude usá-la pensei em ficar uns 20 minutos, mas o sentimento de sentir o vento batendo e a auto-estima voltar, fiquei mais de 2 horas. Fui com minha esposa que sempre me apoiou e me motivou para a prática de esportes adaptados”. Logo após o fim do verão, Edson começou a buscar uma alternativa para comprar uma handbike simples, já que o preço de uma variava em torno de US$5 mil.
Sua perseverança pelo esporte é motivadora. Com todas suas limitações motoras e financeiras, o paratleta teve a iniciativa de fazer uma handbike em casa com a ajuda de um amigo e o projeto estava finalizado com êxito em apenas 15 dias. “Ela era feita de ferro e foi produzida no quintal, uma hanbike bem elaborada e feita com amor. Com ela consegui fazer muitas amizades. Com muita vontade de voltar a ter mais liberdade e saborear o prazer de praticar um esporte, pegava minha handbike e ia com a cara e a coragem pelas ruas do Rio de Janeiro, entre ônibus, caminhão e carros”, conta sua história.
Em setembro de 2011, Edson conquistou a tão sonhada handbike importada com o intuito de competir. “Aí foi um divisor de águas pra mim. Comecei a competir e vencer obstáculos, e a cada dia de treino era uma superação contra minha deficiência e os meus ‘adversários de competição’”. Com a garantia de títulos nas mãos e tendo seu nome em destaque no esporte, Edson conquistou três meses depois o patrocínio da empresa “Assim Saúde”, principal incentivadora para que Edson pudesse encarar um novo desafio de vida: o triathlon. “Além do patrocínio tive três pessoas muito importantes na minha superação e neste novo desafio. Sou muito grato pela minha esposa, Cláudia que sempre me incentivou e me apoiou para eu fazer algum esporte, minha mãe Nila, que sempre me motivava, e meu filho Guilherme, que é meu braço direito”. A vida de Edson é um verdadeiro desafio diário. Com olhar focado no futuro promissor do paraciclismo, Edson investiu na compra de novos equipamentos, como uma cadeira de atletismo adaptada e assim disputou dois duathlons, dois aquathlon e um triathlon pela Federação de Triathlon do Rio de Janeiro, a Feterj. Ainda em 2012, ano de seu profissionalismo no esporte, o paratleta participou do Campeonato Brasileiro de Paraciclismo (CBC), onde completou as três etapas, conquistando em seu primeiro ano de competições o segundo lugar na categoria H2 no contra relógio e o terceiro lugar na categoria H2 na estrada. “Com o apoio e patrocínio da ‘Assim Saúde’, do Restaurante Otto e da MidwayLABS , consegui fazer do ano de 2012 o meu ano de Superação”, completa. Nos dias atuais, a maior dificuldade é a realização dos treinos de pista (ciclismo e atletismo), pois no Rio de Janeiro, não existem o apoio e os lugares apropriados para estes treinos. “Temos que dividir as ruas com carros, ônibus, motos. Mesmo utilizando horários muito determinados (das 4h às 6h), a dificuldade é grande e o perigo existe”, confessa o paratleta. “Nosso esporte precisa ser conhecido e assim patrocinado. O que me move é o desejo de abrir espaço para os futuros paratletas em várias modalidades que ainda não são conhecidas pelos brasileiros, como o paratriathlon, o rugby adaptado, o power soccer, o surf adaptado e o vôlei sentado de praia. Precisamos ser apoiados para seguir em frente.
Para o esporte não há barreiras, nem preconceitos”, finaliza.
MOTIVAÇÃO, SEMPRE!
Normalmente, fora das competições, Edson Rocha Nascimento foca em um treino dividido em três dias da semana. “Quando estou competindo, acontece muita mudança, desde a alimentação até o foco no treino, pois passo a me exercitar todos os dias, com intervalos entre a handbike e a musculação”, conta o paratleta. Além dessas duas práticas, Edson investe ainda na natação, com frequência em duas vezes na semana. Para compensar a falta de muitos músculos os quais não pode usar devido sua lesão completa, Edson foca no fortalecimento muscular, com muita repetição e peso moderado. Os treinos com a handbike acontecem com intervalos dia sim, dia não, entre duas a três horas. Um dos segredos para o bom desempenho do paratleta é o uso de um aparelho treinador de musculação inspiratória, que garante aumento da resistência respiratória e fortalecimento do diafragma. Acompanhe o treino de Edson no Box Treino de Mestre. Pela deficiência, Edson Rocha do Nascimento apresenta facilidade em perder massa muscular e engordar, portanto seu cardápio deve sempre estar balanceado. Seu esporte exige uma alimentação com intervalos de três em três horas, acompanhada de suplementação com reposição pré-treino e pós-treino. “Tenho medo da balança. Tento me pesar com frequência, mas a minha dificuldade motora me atrapalha muito”, diz.
Para que o paratleta conquiste a forma física ideal, ele é acompanhado pelo nutricionista Rafael Brasília, que assina um cardápio pra lá de nutritivo. “Para a redução de porcentagem de gordura, o foco está em uma dieta menos calórica em pré-competição”, explica o atleta. O cardápio diário de Edson se baseia em seis refeições, totalizando 3 mil calorias. “Abuso das saladas, mas todas sem molhos prontos. Como pouco carboidrato, escolhendo sempre o arroz e o macarrão.
Adoro legumes e carnes magras, como peito de frango, carne bovina e peixe, nunca fritos”, revela. Confira a dieta do paratleta no Box Cardápio Nutritivo. A motivação de Edson o leva a seguir sempre com muita determinação, coragem, foco nos treinos, alimentação regrada e suplementação ideal. Com essa constante o nome de Edson Rocha Nascimento certamente continuará sendo visto com destaque merecido nas melhores classificações do ranking dos melhores paratletas, seja do paraciclismo, do triathlon ou de qualquer que seja a modalidade escolhida por ele, afinal não há limites para esse atleta campeão!
EDSON ROCHA NASCIMENTO
Data de nascimento: 05/07/1973
Local de nascimento: Rio de Janeiro
Modalidade: Triathlon e paraciclismo
Categoria: Desportivo, categoria H2
Peso: 69,3kg
Altura: 1,72m
Equipe: Assim Saúde
Nutricionista
Rafael Brasília
Patrocinadores: Assim Saúde, Midway, Otto Rest
Facebook: Edson Rocha Nascimento
Principais Títulos:
2012: Triathlon (02 Aquathlons, 02 Biathlons, 01 Triathlon) Rei e Rainha do Mar Vice-campeão brasileiro de paraciclismo
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