SAÚDE

Prótese de silicone X exercícios físicos

Combinação Perfeita ou Imperfeita?

Prótese de silicone X exercícios físicos Medidas preventivas de segurança são indicadas para o retorno das atividades físicas de impacto, como corridas, artes marciais e também para a ativid
Crédito: BANCO DE IMAGENS

 Podemos dizer que a vaidade é uma condição pertinente aos seres humanos, sendo maior repercutida no sexo feminino, onde a estética facial e corporal acaba tendo uma importância mais acentuada. Porém, atualmente, ocorre uma grande migração no ponto de vista estético para o sexo masculino, tendo o homem alcançado uma posição elevada no ranking de cirurgias estéticas, mas ainda perdendo para as mulheres que são o público alvo das cirurgias em todo o mundo.

 Sabemos que o quesito vaidade tem uma abrangência muito grande não somente ao corpo físico, mas também ao plano mental, influenciando de forma positiva ou não, no equilíbrio interno, autoestima e bem estar.

 Em virtude dessa busca, observamos que as próteses de silicone em mamas caíram no gosto das mulheres e se tornaram um pré-requisito de uso em quase todas as idades, não só para aquelas mulheres que possuem pouco volume de peito, mas também para aquela que deseja definir ou delimitar melhor a região, com traços mais harmoniosos e femininos.

 Assim sendo, muitas mulheres atletas ou adeptas dos treinos pesados de musculação ou de algum determinado esporte, optam pelo uso da prótese de silicone para acrescentar uma melhor harmonia estética, porém surgindo diversas dúvidas e receios referentes à continuidade do treinamento ou como será a adaptação pós-cirúrgica, mediante a modalidade esportiva praticada.

           

Próteses existentes no mercado

 No ponto de vista cirúrgico de um modo geral, o mercado estético é vasto e ganha cada vez mais espaço com novos produtos sendo lançados constantemente para garantir boa qualidade e segurança dos implantes. Se tratando de próteses de silicone para mama, não é diferente, pois temos hoje no mercado mais de 2000 mil modelos diferentes de próteses que variam de acordo com o formato, perfil, volume e textura. Essa variada gama de modelos de próteses, deve ser escolhida criteriosamente pelo profissional, levando em consideração o desejo da paciente, o local de colocação da prótese, o volume da mama e as medidas anatômicas estruturais da paciente.

  Os mais comuns e principais modelos de implantes de silicone disponíveis são: cônico, redondo e natural (em gota). Ainda existem algumas marcas de implantes que subdividem o modelo gota em mais dois ou três submodelos, dependendo do formato da base da prótese. Esses modelos são referentes ao volume do implante, porém existe também uma variação na altura da prótese, que corresponde a projeção da mesma, iniciando desde a sua base. Para essa medida, damos o nome de perfil. Existem no mercado algumas variações na medida do perfil, tais como: perfil baixo, perfil moderado, perfil alto e perfil extra-alto.

 Após escolhido o modelo do implante, o cirurgião deverá estabelecer o tipo de via de acesso utilizada para abertura da região com o máximo de preservação estética e cicatrização da região, sendo as principais vias de acesso: a infra-mamária (mais utilizada que consiste em um corte logo abaixo da mama no sulco inframamário), a aureolar ou periaureolar (aonde são utilizados cortes ao redor da aureola mamária) e a axilar (que é feita por cortes na região próxima das axilas). Por fim, outro variável muito importante a ser considerado na colocação das próteses mamárias, corresponde ao local onde será introduzido o implante.

  O local varia de acordo com a técnica de cada cirurgião, porém de um modo geral, utiliza-se algumas vias como: subglândular (onde é colocado o implante por cima do músculo peitoral maior e embaixo da glândula mamária), subfacial (onde o implante é colocado por baixo da fáscia muscular do músculo peitoral maior) e submuscular (onde o implante é colocado por baixo do músculo peitoral maior).

           

Próteses de silicone X treinamento físico

  Levando em consideração a pacientes atletas ou adeptas da prática regular dos exercícios resistidos de musculação, pode ocorrer em algumas pacientes, alterações na estrutura do tamanho das mamas, principalmente se houver maior predominância de tecido gorduroso mamário.

  Esse fato comum de ocorrer está relacionado na maior parte das vezes, ao estímulo que os exercícios de musculação criam no organismo, gerando um aumento no metabolismo corporal, muitas vezes, ainda associado ao emprego de técnicas para diminuição do percentual de gordura, que acabam diminuindo toda a quantidade de tecido gorduroso existente no corpo, inclusive o tecido gorduroso localizado nas mamas em pacientes com maior predomínio gorduroso do que glandular.

  Certa vez, fui indagado se a prática de exercícios com pesos na região peitoral poderia projetar mais volumosamente os seios. Isso poderia até ser verdade, porém a resposta é não, de nada adiantará, uma vez que a glândula mamária nada tem haver com o músculo, a não ser a proximidade de localização, já que a glândula se encontra acima do músculo peitoral maior, somente isso.

  Então, não adiantará treinar fortemente a região peitoral no intuito de se aumentar os seios, pois isso não acontecerá. Se realmente o desejo da paciente é o aumento dos seios, é indicado o uso de implantes de silicone na região. Com o emprego das próteses de silicone, alguns cuidados pós-operatórios especiais deverão ser tomados e respeitados para a correta cicatrização e recuperação.

 

Atenção as recomendações

  Uma vez realizada a cirurgia, a primeira recomendação é um repouso completo e total dos braços por pelo menos 10 dias, isso porque a movimentação dos braços nesse período pode gerar uma maior chance de sangramentos pós-cirúrgicos, ruptura de pontos e deslocamentos da prótese.

  Passando os 10 dias de repouso completo dos braços, a paciente poderá ir voltando às atividades normais do dia a dia, retornando ao trabalho e até mesmo caminhadas leves, porém ainda sem retorno aos  treinos e atividades físicas.

  Aproximadamente depois de 30 dias de pós-operatório para todos os tipos de cirurgias de colocação de prótese, a paciente poderá ir retornando ás atividades físicas e treinos de musculação, porém somente em membros inferiores com intensidades de treino baixas e ausência total de exercícios para membros superiores nesse período.

  O aumento da intensidade de treino para membros inferiores deverá ser realizada de forma gradual, porém o período de tempo para retorno ás atividades normais e treinos pesados, incluindo membros superiores vai variar de acordo com o local aonde a prótese foi colocada.

  Desse modo, para as próteses colocadas sobre as vias de acesso subglandulares (em cima do músculo peitoral maior e embaixo da glândula mamária) e subfásciais (embaixo da fáscia muscular), recomenda-se um período de 60 dias de repouso pós-cirúrgico para as atividades envolvendo os músculos peitorais, ombros e costas, pois do contrário poderá ocorrer à chance de deslocamento da prótese.

  Já para a colocação da prótese pela via submuscular (embaixo do músculo peitoral maior), recomendamos um período de repouso pós-cirúrgico de 90 dias, para as atividades envolvendo os músculos peitorais, ombros e costas, pelo fato de a manipulação da região estar mais envolvida com o local da prótese, podendo gerar deslocamentos da prótese.

  Outro fator a ser levado em consideração, diz respeito a problemas posturais durante os treinos, mediante a colocação do implante. Bom, sabemos que poderão ocorrer sim, porém é mais comum em pacientes que optaram pela colocação de implantes muito volumosos e que já apresentavam problemas posturais no pré-operatório, como desvios de coluna vertebral por exemplo. Nesse caso, uma avaliação pré-operatória criteriosa deve ser feita pelo cirurgião, com o intuito de detectar possíveis problemas posturais iniciais, que poderão ser agravados com a instalação da prótese nos seios, em decorrência do peso na região.

 

Retornando a vida de sempre

 Medidas preventivas de segurança são indicadas para o retorno das atividades físicas de impacto, como corridas, artes marciais e também para a atividade resistida como musculação. Nesse caso, é indicado o uso de sutiã justo ou um conjunto de dois tops para garantir uma sustentação adequada e contenção da prótese, diminuindo a mobilidade da mama e com isso evitando possíveis alterações como deslocamentos ou sobrepeso na pele, que de forma crônica pode levar ao aparecimento de distensão tecidual e flacidez na região.

 Uma dúvida muito comum também se refere à durabilidade e resistência da prótese em relação ao esporte praticado, porém nesse quesito, não há muito que se preocupar. Isso porque atualmente temos as próteses de ultima geração, que estão sendo comercializadas com um altíssimo grau de resistência a impactos externos, sendo a probabilidade de ruptura praticamente nula, além disso, existem implantes que apresentam um revestimento especial que promove uma aderência aos tecidos corporais como gordura e mama, evitando deslocamentos indesejados ou rotação da prótese, mesmo em casos de traumas externos. Com todo esse avanço tecnológico envolvendo os implantes de silicone, sua durabilidade e validade também aumentaram, ou seja, anteriormente as próteses tinham uma vida útil em torno de 10 anos, sendo indicada a sua troca após esse período. Atualmente, podemos dizer que uma prótese dura em média de 15 a 20 anos.

           

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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