Doutor em Ciências Fisiológicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente é professor titular do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Metodista de Piracicaba.
Atividade física programada, séries de exercícios temporizados e com intensidade rigidamente definidas, suplementos que favorecem a geração de energia de forma adequada e de acordo com as necessidades metabólicas, hidratação constante, são fatos imprescindíveis e convergem para a definição da massa muscular, a beleza expressa nas formas esculpidas nas proporções das esculturas do classicismo grego.
Estes padrões são determinados por princípios e objetivos e são regidos pela perseverança e perfeição nos movimentos. Diversos especialistas descrevem protocolos e orientações primorosas para definição do abdômen, das pernas, dos braços, mas, para que a atividade contrátil da musculatura seja executada corretamente e obedecendo os padrões anatômicos e funcionais, é imprescindível o expressivo suporte funcional da coluna vertebral espinha dorsal.
A espinha dorsal é formada pelas vértebras, que são ossos organizados formando uma estrutura bastante flexível que dá movimento e sustentação ao corpo, assim, além de sustentar a cabeça, fixar as costelas e os músculos do dorso, protege a medula espinhal (porção do sistema nervoso) e por apresentar movimentos e curvaturas estruturais assume a responsabilidade pela força, sustentação e equilíbrio corporal.
Composição vertebral
Os músculos que compõem e integram esta estrutura são as “ferramentas” motoras da coluna vertebral, comandados pelos estímulos nervosos que migram do cérebro passando pela medula nervosa e terminando neles próprios.
A beleza do sistema está representada pelos milhões de fibras que formam o arcabouço muscular paravertebral sendo consenso que, uma vez fortalecidos irão permitir a refinada função de combinar e permitir a execução dos diferentes movimentos, auxiliando no equilíbrio estrutural para que os demais músculos possam, ao exercer seus movimentos, desenvolver-se no aspecto anatômico e funcional.
Praticantes de atividade física precisam direcionar atenção especial a exercícios que contemplem os músculos paravertebrais, buscando o adequado alinhamento da coluna lombar contra a ação da gravidade; permitir a estabilização da coluna e da pelve durante os movimentos, gerar força modulando os movimentos do tronco.
A comunidade científica acredita que o perfil das atividades diárias ligadas ao trabalho e ainda, associado ao uso da tecnologia são fatores responsáveis pela geração de limites nos movimentos corporais, visto que grande parte da população mantém-se por longo tempo na postura sentada, sendo um fator crucial na perda da flexibilidade. Neste aspecto, sabe-se que na postura sentada o peso corporal é suportado tanto pela coluna quanto pela musculatura das costas fazendo com que os músculos paravertebrais sejam submetidos a uma tensão constante e uma consequente redução da flexibilidade.
Além dos fatos acima descritos, observa-se também aumento da pressão nos discos intervertebrais, e quando isso ocorre por longos períodos de tempo, certamente surgem problemas físicos, dores, fadiga e sintomatologia de desconforto. Devemos lembrar que na posição sentada existe forte tendência das pessoas se curvarem para frente e para equilibrar mantendo o tronco ereto, os músculos paravertebrais desenvolvem uma contração estática e essa contração muscular resulta em um aumento ainda maior na pressão nos discos intervertebrais.
Vamos alongar?
De uma forma geral, devemos buscar métodos que propiciem melhores condições funcionais para a musculatura paravertebral, existindo diferentes opções de protocolos que são indicados tanto para quem faz atividade física quanto para sedentários. Uma das propostas é a prática de alongamento, onde a flexibilidade da coluna vertebral e musculatura são priorizadas sendo consenso que a atividade física com alongamentos reduz a tensão muscular, aumenta a flexibilidade, diminui o risco de lesão músculo articular proporcionando um bem-estar físico.
De uma forma generalizada observa-se que são muitos os benefícios do alongamento e podem ser assim representados: facilitação dos movimentos e ações do dia a dia, diminuição das dores musculares, promoção de relaxamento, combate as tensões do estresse e auxilia na reabilitação e reestruturação muscular, dentre outros.
No que se refere aos praticantes de atividade física, cujas exigências funcionais são impostas por sessões e repetições sequenciais, o alongamento irá proporcionar o melhor equilíbrio dos grupos musculares que dão suporte a coluna vertebral melhorando:
o desempenho;aumentando a amplitude de movimento;proporcionando a regulação do tônus muscular;melhorando a coordenação neural intermuscular, retardando a fadiga;propiciando a correção postural;equilibrando as funções sinérgicas dos movimentos;propiciando melhorias das capacidades físicas, principalmente da velocidade e da força;proporcionando melhoria das qualidades motoras de coordenação, equilíbrio e agilidade;favorecendo uma adaptação refinada quando se busca a técnica e o desenvolvimento físico geral.
Lembre-se que, articulações quando ativas devido à regularidade nos movimentos, adaptam-se e facilitam as ações musculares. Instrutores e praticantes de atividade física, não devem negligenciar a inclusão em seus programas de condicionamento físico, exercícios de flexibilidade e alongamento, considerando os benefícios e a qualidade de vida.
Atualmente, existem diversas práticas que aliam os benefícios do alongamento, o respeito da musculatura que suporta a coluna, os ganhos para a saúde física e a qualidade de vida, merecendo destaque a ioga e o pilates que favorecem o fortalecimento, ao trabalhar, em paralelo, a flexibilidade muscular.
Por fim, a mitologia grega mostra que Atlas carregou o mundo nos ombros, formando um dos maiores símbolos de força. O olhar do cientista extrapola os limites da mitologia ao perceber que esta ação de um deus grego foi possível devido à ação permissiva dos músculos paravertebrais.
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