SUPLEMENTOS

Proteína de Soja

A dúvida sobre consumir ou não consumir paira pelo ar. A proteína de soja é realmente segura?

Proteína de Soja Crédito: BANCO DE IMAGENS

Os leitores da revista SuplementAção sabem muito bem que manter uma vida equilibrada e mais natural possível é a melhor garantia de saúde em dia. E o "natural", é claro, vale para tudo, tanto no consumo de nossas refeições diárias, quanto na ingestão de líquidos, como sucos, chás e etc. Isso é um fator determinante, principalmente, na hora de conquistar o corpo dos sonhos, onde uma alimentação adequada, equilibrada e livre de químicos excessivos podem fazer toda a diferença.

 Há tempos nossa seção de Suplementos publica novidades que surgem no mercado, sempre com a promessa de ser a última palavra em nutrição e saúde. Esta coluna também tem como objetivo desmistificar alguns conceitos transmitidos erroneamente, sem falar no esclarecimento de inúmeras dúvidas que acabam surgindo e deixam muita gente de ouvidos bem ligados.     Recentemente, recebemos muitas perguntas com relação à proteína de soja. Como ela funciona no organismo? Para quem é indicada? É verdade que ela prejudica os homens em relação à produção de testosterona?

  Sem dúvida, é um alimento que causa certa polêmica. Enquanto muitos defendem com veemência seu consumo sem restrições, outros alegam que ela pode diminuir a testosterona em homens, prejudicar o funcionamento da glândula tireoide e provocar alterações metabólicas em todo organismo. Outros ainda argumentam que não seria eficiente na construção e manutenção de massa muscular. Mas isso é mesmo verdade?

  “Estudos recentes mostram que essa proteína, é extremamente benéfico tanto para homens como para mulheres de todas as idades, sendo uma excelente fonte de proteína com a vantagem de apresentar um baixo teor de gordura saturada em sua composição, além se der isenta de colesterol, tal como todos os alimentos de origem vegetal”, afirma a nutricionista clínica Giovana Morbi, especialista em nutrição ortomolecular e nutrigenômica.

 

Benefícios comprovados

  No Protein Digestibility Corrected Amino Acid Score, o teste que avalia o teor de aminoácidos e digestibilidade das fontes proteicas desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a soja foi considerada uma proteína completa de alto valor biológico com valor equivalente à albumina (conhecida como proteína padrão-ouro), possuindo, inclusive, fácil digestibilidade. Ela é uma excelente opção de fonte proteica para vegetarianos e indivíduos que apresentam intolerância a lactose.

  Assim como as outras leguminosas, contém compostos bioativos responsáveis por diversos benefícios, entre eles, a melhora no perfil lipídico, menor secreção de insulina, redução de gordura corporal sem comprometimento da massa muscular, efeito anticancerígeno (principalmente mama e próstata), e aumento da densidade mineral óssea, reduzindo os riscos de fraturas em mulheres no período de pós-menopausa, uma fase caracterizada pela perda de massa óssea. Tantos benefícios são atribuídos a um de seus principais compostos, as isoflavonas.

 

 

O mito do estrogênio

 

  Em primeiro lugar, é importante deixar frisado que estrógenos não são encontrados em nenhum alimento à base de soja. O que acontece é que, tanto consumidores como a própria mídia, de um modo geral, frequentemente confundem a presença de isoflavonas na soja com a presença de estrogênios.  “Se por um lado as isoflavonas são tão benéficas, muitos a veem com um certo receio. Elas são fitoestrógenos, que imitam o hormônio sexual feminino e, por esse motivo, a soja é tão recomendada para mulheres na menopausa, aliviando as ondas de calor e melhorando a função endotelial", ressalta Giovana. Mas, se imita o hormônio feminino, a soja pode reduzir a testosterona em homens?

  Segundo a nutricionista, a resposta é NÃO. “O consumo de soja não afeta os níveis de testosterona total e nem sua fertilidade, pelo contrário: estudos mostram que as isoflavonas podem ajudar na prevenção do câncer de próstata, inibindo a progressão da doença e prevenindo seu aparecimento. Quanto aos efeitos na glândula tireoide, uma longa pesquisa realizada em ambos os sexos mostrou que o consumo de soja por longos períodos não apresenta nenhum efeito sobre a glândula em indivíduo saudáveis, sem predisposição ao bócio e com uma ingestão adequada de iodo”.    A nutricionista Thaís Lorenzato concorda. E completa: “As quantidades de isoflavonas e fitoestrógenos presentes nessa proteína fez com que muitas pessoas, principalmente homens, classificassem esse alimento como ‘feminino’ ou ‘feminilizador’. Entretanto, não existe nenhum estudo que comprove tais ‘ações ou alterações femininas’ em homens, além de não existir nenhuma relação do consumo de proteína da soja com redução dos níveis de testosterona”.

 

PROTEÍNA DA SOJA X PROTEÍNA DO LEITE

    A diferença entre as duas está na origem. “A proteína do leite é uma proteína de origem animal, que apresenta um excelente perfil de aminoácidos com alta digestibilidade e alta concentração de aminoácidos essenciais; já a proteína da soja é uma proteína de origem vegetal, e quando comparada com a proteína do leite apresenta uma relação diferente ao perfil de aminoácidos e ao tempo de digestão. Entretanto, é uma boa fonte de outros nutrientes essenciais como cálcio, ferro, vitamina E, potássio e fibras”, explica a nutricionista Thais Lorenzato.

   A proteína isolada da soja representa o grande avanço das proteínas no momento. Antes era utilizada apenas por vegetarianos como fonte de proteína, porém novos estudos a apontam como uma excelente opção de suplemento. “Diversas pesquisas comprovaram que a ingestão regular da proteína isolada de soja não só pode aumentar a produção endógena de T3, T4 e TSH (hormônio liberador de testosterona), como também mantém os níveis de insulina estáveis quando comparada com a caseína, a proteína do leite. Enquanto a proteína do leite é uma ótima fonte de aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, isoleucina e valina), a proteína isolada da soja, além dos aminoácidos essenciais, é rica em arginina e glutamina”, complementa a nutricionista Giovana Morbi.

   A arginina é um aminoácido que em nosso organismo é convertido em óxido nítrico, que por sua vez, aumenta a perfusão de oxigênio e nutrientes na corrente sanguínea, aumentando o fluxo sanguíneo para os músculos e consequentemente, auxiliando a construção de massa muscular.

 

WHEY PROTEIN X PROTEÍNA DA SOJA

    A diferença entre a whey protein e a proteína isolada da soja estaria no tempo de absorção e na quantidade de aminoácidos. A whey protein, tendo um tempo de absorção muito mais inferior, além de uma variedade maior de aminoácidos, seria especialmente eficaz na reconstrução muscular imediatamente após exercícios físicos, enquanto a soja, com tempo de absorção mais lento, seria mais eficiente na construção de novos músculos, principalmente se ingerida à noite, antes de dormir, ou pela manhã, antes do início do dia. Alguns estudos, contudo, indicam que não há diferença entre ambos, mostrando que a ingestão de qualquer proteína de alto valor biológico no pós-exercício promove a síntese de massa magra da mesma forma, fornecendo uma concentração prolongada de aminoácidos livres na corrente sanguínea e favorecendo a reconstrução e formação dos tecidos. E o melhor de tudo? Não existe atualmente nenhuma evidência que sugira que altos níveis de ingestão de produtos de soja, durante a vida, seja outra coisa além de muito benéfica.

 

    Os produtos a base de soja são os mais diversos. Como suplementos, podem ser encontrados na forma de pó em concentrados ou isolados proteicos, contendo de 70% a 90% de proteínas na sua composição, respectivamente. Pode-se encontrar também a forma isolada de isoflavonas.

 

    Como a soja é tida como um alimento calórico-protéico, a ingestão em grande quantidade para quem deseja ganhar peso corporal seria uma boa pedida, sendo que a quantidade pode variar de pessoa para pessoa. A soja possui 395 calorias por 100g de grãos, contrária ao arroz com 364 calorias, o feijão com 344, o grão de bico com 364, a lentilha com 340 e a ervilha com 343.

 

 

Fontes consultadas:

Giovana Morbi: Nutricionista clínica, especialista em nutrição ortomolecular e nutrigenômica

Thais Lorenzato: Nutricionista Esportiva pela Universidade Gama Filho

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