Gine o quê?
Ginecomastia. Essa palavra é peculiar? Ela pode estar presente no seu dia a dia, sem mesmo você se dar conta. Se você é praticante de musculação e vive a rotina da academia (e faz de tudo para que seu peitoral seja visto e elogiado), certamente sofre deste mal, poderá sofrer ou conhece alguém que carregue consigo essa temível ‘aparência’ indesejada. “Trata-se do crescimento de mamas de tamanho fora do normal em homens, muito semelhante a seios femininos. Este problema pode afetar uma ou as duas mamas e, mesmo quando afeta ambas, elas geralmente crescem de forma desigual. Estudos apontam que em torno de 40% da população masculina adulta venha sofrer de ginecomastia em alguma fase da vida”, explica o cirurgião plástico, Dr. Edilson Pinheiro.
2) Como desenvolvo um peitoral com aparência feminina?
Pesadelo para muitos homens, a ginecomastia está ligada a causas variadas, que vão desde as alterações hormonais, uso de medicamentos ou drogas até alterações de peso. Ela pode ter relação com quem pratica musculação. “Praticantes ou não desta modalidade e que fazem uso de esteroides anabólicos podem evoluir com este problema. Outras condições como disfunções hormonais e obesidade (neste caso uma pseudoginecomastia) também são causadores de ginecomastia”, explica o especialista em Medicina do Exercício e do Esporte, Dr. Jomar Souza. “Anabolizantes são hormônios sintetizados em laboratórios. Parte dos anabolizantes circulantes no sangue de quem consome este produto pode ser convertida em um tipo de estrógeno, um hormônio feminino. O dano pode ser o aumento do estrógeno no organismo masculino levando ao desenvolvimento excessivo de mama em homens, que chamamos de ginecomastia”, afirma Dr. Edilson Pinheiro.
3) Quem pode ter a ginecomastia?
Comum na puberdade – aparecendo por volta dos 13 anos, a ginecomastia, geralmente desaparece espontaneamente dentro de pouco tempo, com as mamas retornando ao seu tamanho normal. “Já no homem adulto, a ginecomastia corresponde aos desequilíbrios hormonais de estrógeno/testorenona, devido à diminuição deste último e variação de peso. Também pode ocorrer em casos de cirrose hepática, doença de Parkinson, de Wilson (sobrecarrega o organismo de cobre) e após um traumatismo cranial ou tumores cerebrais”, esclarece o Dr. Pinheiro. “Em 2012 foi publicado um artigo no São Paulo Medical Journal revisando o assunto e os dados mostraram que 30% a 60% dos homens apresentam ginecomastia na adolescência. Destes, 1/3 continuam com o problema na idade adulta”, conta Dr. Jomar.
4) Exercícios físicos contribuem para uma melhora?
Quem está acima do peso e desenvolve esse acúmulo de gordura das glândulas mamárias pode ter na prática de exercícios físicos e consequente vida saudável, uma melhora significativa nessa aparência que foge aos padrões estéticos que qualquer homem almeja. “Se considerarmos que exercícios físicos bem orientados contribuem para o controle e a redução da gordura corporal, sim, podem ajudar”, afirma Dr. Jomar.
5) O tratamento existe!
A melhor maneira de fugir deste mal, é evitar que ele aconteça. “A recomendação é que nunca se use esteroides anabólicos com finalidades puramente estéticas para rápido ganho de massa muscular”, orienta Dr. Jomar. O crescimento das mamas pode afetar muito a autoestima e a sociabilidade masculina, em especial na fase da adolescência. Dentre os motivos que levam o paciente, principalmente quando é jovem, a procurar por tratamento é a dificuldade em lidar com o bullying, pois quando tira a camisa nos jogos de futebol, praia ou natação é motivo de chacota, justamente porque o sinal mais evidente é o volume excessivo das mamas. “Por isso, alguns começam a ficar isolados, tímidos ou retraídos, causando muitas vezes problemas psicológicos”, relata o Dr. Pinheiro. Segundo o cirurgião plástico, após o diagnóstico de ginecomastia, para que o tratamento mais indicado seja prescrito, em primeiro lugar é necessário considerar as causas orgânicas. “Se a condição persistir, o ideal é realizar uma cirurgia plástica com a qual será alcançada uma redução significativa do volume e forma da mama na maioria dos pacientes”, explica. Existem dois tipos distintos de ginecomastia, a glandular e a gordurosa. “O aumento da glândula só terá tratamento definitivo com a remoção cirúrgica dessa glândula. No caso do aumento das mamas masculinas por depósito de gordura, o emagrecimento pode melhorar e até resolver totalmente o problema”, explica o cirurgião plástico, Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Dr. Laercio Guerra Garcia Junior.
6) Estou pronto para a cirurgia
Nos casos onde a cirurgia plástica é a terapêutica indicada, o procedimento é realizado com anestesia local e sedação. “Quando a corpulência mamária presente é de natureza adiposa (gordura), idealmente é realizada uma lipoaspiração porque permite, por meio de uma incisão imperceptível, remover do local a gordura indesejada. Já nas situações em que essa conduta não é possível, efetua-se a remoção do tecido mamário por um corte através da aréola para extrair a glândula e corrigir a ptose que possa existir”, explica Dr. Edilson. Após a cirurgia, o peito pode apresentar algum inchaço e o paciente sentir possível insensibilidade na região operada. O edema pós-operatório pode durar de sete a dez dias, mas a falta de sensibilidade local, embora transitória, pode permanecer pelo período de até um mês. “Neste período, o paciente usará um colete durante 30 dias, como se fosse uma cinta cirúrgica e fazer drenagem linfática para auxiliar na diminuição do acúmulo de líquidos”.
7) Fiz a cirurgia. E agora?
Tudo vai depender da extensão da ginecomastia e da técnica cirúrgica empregada no procedimento, mas voltar à academia é sim recomendável a quem passou por um processo cirúrgico para se livrar de vez da ginecomastia. “Cabe ao mastologista ou cirurgião plástico responsável pelo procedimento determinar quando a pessoa poderá retornar aos exercícios sem restrições”, orienta Dr. Jomar. Após a cirurgia plástica de ginecomastia é preciso manter alguns cuidados que influenciarão diretamente no resultado final. Entre essas preocupações pode-se destacar a prática de exercício físico, feita de maneira progressiva. “A intensidade tem que ir de leve à mais intensa gradualmente. Toda esta prática tem que ser orientada por um profissional de Educação Física. Os pacientes que gostam de ir à academia diariamente, podem manter esse hábito, mas respeitando o aumento gradual do ritmo. Após seis semanas da cirurgia, é possível malhar normalmente. Já a exposição ao sol está liberada após seis meses”, diz Dr. Edilson Pinheiro.
8) Enfim, a autoestima de volta!
Se você enfrentou esse temível mal ou esta enfrentando sabe que a autoestima é uma das maiores prejudicadas em todo o processo, afinal não ter o corpo em dia é motivo sim de baixo astral. Segundo Dr. Edilson Pinheiro, o aspecto mais significativo é a melhora da confiança, além da conquista de um contorno corporal harmônico. Segundo ele, as cicatrizes são mínimas e ficam na lateral da mama. “Vale lembrar que as cicatrizes não desaparecerão, elas podem ficar quase que invisíveis”. Caso o paciente tenha queloide, pode ser tratado com uso de medicações para amenizar a cicatrização hipertrófica. “Queloide é uma cicatriz imperfeita que surge por uma resposta cicatricial intensa do organismo, que extrapola os limites de um dano cutâneo ocasionado por uma inflamação, queimadura ou incisão cirúrgica”, explica o especialista. Quando ocorre essa hipertrofia, o tratamento para amenizar a aparência elevada do corte é realizado com infiltrações de corticoides, placas de silicone e pomadas.
Fontes consultadas:
Dr. Edilson Pinheiro: Cirurgião plástico, Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)Dr. Jomar Souza: Especialista em Medicina do Exercício e do Esporte e Diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte – SBMEE.Dr. Laercio Guerra Garcia Júnior: Cirurgião plástico, Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)
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