A aquisição de hábitos saudáveis se dá na primeira infância e ocorre principalmente pela influência de familiares. Muitos desses hábitos se consolidam nessa fase da vida, e quando não muito saudáveis trazem prejuízos para a idade adulta, como é o caso do baixo consumo de alimentos fontes de cálcio.
O cálcio é o micronutriente mais abundante no organismo e indispensável para algumas funções e estruturas do corpo, dentre elas: contração muscular, coagulação do sangue, transmissão de impulsos nervosos, formação dos dentes e, principalmente, como suporte estrutural do esqueleto.
Seu consumo inadequado nas primeiras fases da vida, segundo alguns estudos, está relacionado com alguns prejuízos para a saúde, como: osteoporose, hipertensão arterial e obesidade. O papel da nutrição nesse cenário é fundamental, sendo assim a ingestão adequada de nutrientes essenciais como cálcio e vitamina D garantem a aquisição e manutenção da massa óssea. A falta de vitamina D na dieta compromete a absorção de cálcio, diminuindo a de 30 para no máximo 15%.
Você sabia que é durante a infância e a adolescência que seu consumo deve ser em maior quantidade? Essas duas fases estão relacionadas com a velocidade aumentada de crescimento e a formação da massa óssea do esqueleto, que terá por finalidade a manutenção durante a fase adulta e a minimização da perda durante a senilidade.
Aproximadamente 50% da massa óssea adulta é adquirida durante a adolescência, sendo que alguns fatores também podem interferir nessa fase além da dieta, como sexo e atividade física.
Alguns fatores contribuem para a deficiência de cálcio, como: ingestão abaixo da recomendação, falta de exposição ao sol, deficiência da conversão renal de vitamina D, alguns problemas de má absorção, intolerância à lactose e alergia à proteína do leite.
O diagnóstico realizado por profissionais de saúde deve ser preciso quanto à identificação da intolerância à lactose ou da alergia a proteína do leite de vaca (APLV). Sendo que a primeira refere-se a uma alteração metabólica por falta da enzima lactase, tendo como característica a não absorção do açúcar presente no leite. Já a APLV se caracteriza por uma reação imunológica, tratando-se da defesa do organismo a uma proteína não reconhecida.
Ambas as situações levam à suspensão do consumo do leite de vaca e de seus derivados nos primeiros anos de vida, sendo que estes são as principais fontes de cálcio da dieta. Além desses motivos temos o consumo inadequado de alimentos fontes de cálcio e consequentemente à sua ingestão em quantidade inadequada acarretando problemas no futuro.
A mais conhecida consequência da ingestão inadequada de cálcio é a osteoporose, que se dá pela retirada do mineral e alteração da estrutura óssea tornando-a mais enfraquecida, acarretando possíveis fraturas na idade adulta ou sênil. Esta é uma desordem de importância pública, já que 30% das mulheres e 13% dos homens com mais de 50 anos apresentam perda da massa óssea por consumo insuficiente de cálcio na infância e adolescência.
Outro ponto fundamental quanto ao possível desenvolvimento da osteoporose na fase adulta é o consumo aumentado de refrigerante durante a fase de formação da massa óssea, sendo este até consumido como substituto do leite. Além desse fator, outros estudos correlacionam o refrigerante como sendo um fator negativo para o acúmulo do mineral no osso.
O cálcio também vem sendo investigado quanto sua relação na prevenção do sobrepeso e da obesidade, sendo essa outra consequência possível de sua baixa ingestão. A incidência da obesidade é um fator importante já que pode desencadear outras doenças como, hipertensão arterial, diabetes tipo II e doenças cardiovasculares. Ao se estudar a obesidade e sua evolução, alguns levantamentos recentes tem investigado o papel do cálcio no tratamento e prevenção desse acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo.
Uma das hipóteses levantadas é que o cálcio pode alterar a absorção da gordura pelo organismo nos casos de ingestão adequada do micronutriente, contudo mais estudos se fazem necessário.
As necessidades de cálcio são diferentes em cada fase da vida e condição do indivíduo. Para crianças em fase de aleitamento exclusivo temos como recomendação 400mg/dia, já nas demais faixas etárias de 07 a 12 meses, 01 a 10 anos, 11 a 14 anos e de 15 a 18 anos, as respectivas recomendações: 600mg/dia, 800mg/dia, 1200mg/dia e 1300 a 1500mg dia.
Dessa forma, devemos manter a ingestão adequada através dos alimentos fontes e se necessário utilizar a suplementação de cálcio como aliada, sendo o mais conhecido o carbonato de cálcio. Este último deve ser acompanhado e orientado por um profissional de saúde, médico e/ou nutricionista, para não oferecer riscos à saúde.
Em relação à dieta, esta deve ser rica em alimentos com alto teor de cálcio. Leite e derivados são as principais fontes, além de ter o cálcio mais biodisponível e a lactose que auxilia em sua absorção, embora outras fontes também possam ser consumidas. Além do consumo adequado de cálcio a exposição solar se faz necessária para a produção de vitamina D através de seu precursor presente em nossa pele, sendo a exposição direta sem o uso de filtro solar.
Vegetais e peixes também podem ser alimentos fontes, contudo é praticamente impossível alcançar as recomendações se ingerirmos somente estes alimentos. Neste caso, a ingestão complementar de alimentos enriquecidos com cálcio e/ou suplementação do mineral torna-se necessária, como na fase da adolescência, onde se verifica uma diferença entre o recomentado e o consumo adequado.
Além disso, os adolescentes, principalmente, devem ser orientados quanto à importância dos hábitos alimentares saudáveis e efeitos negativos do consumo de álcool, chocolate, café e regrigerantes na absorção e formação do pico de massa óssea. Dessa forma, o consumo adequado nessas fases da vida se faz necessário para uma saúde óssea e funcionamento adequado no organismo em toda a vida.
Exemplos de alimentos fontes de cálcio:- Além do leite e seus derivados são: sardinha em lata, peixe assado, espinafre cozido, brócolis cozido, feijão e alimentos enriquecidos com cálcio.
Juliana Cristina da Silva
Nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo
Especialista em Personal Diet e Atendimento Nutricional
CRN-3 31330
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