1) O QUE É AVC?
O Acidente Vascular Cerebral, popularmente conhecido como derrame nada mais é que uma doença crônica que não tem cura. O tipo de AVC mais comum é denominado isquêmico, diagnosticado em 85% dos casos, o qual acontece quando um coágulo bloqueia a artéria que leva o sangue para o cérebro, promovendo alterações nas funções relacionadas a esta região.
O segundo tipo de Acidente Vascular Cerebral é denominado hemorrágico, quando existe ruptura de um vaso sanguíneo cerebral, causando derrame, ou seja, uma hemorragia no cérebro, que também provoca interferência das funções cerebrais. “Dados estimam que cerca de 10% do total de mortes do mundo ocorram em virtude do AVC, o equivalente a seis milhões de mortes”, afirma a neurologista, Dra. Sheila Ouriques Martins, diretora da ONG Rede Brasil AVC.
2) FIQUE SEMPRE ALERTA!
Dados estimam que em torno de 10% do total de mortes registradas no mundo ocorra em virtude do AVC, o equivalente a aproximadamente seis milhões de pessoas. Atualmente essa é uma das doenças mais comuns nos serviços de emergência e consequentemente nos serviços de saúde especializados em reabilitação.
“Os estudos indicam que, caso não haja controle, o número de mortes por ano pode chegar a 6,5 milhões em 2015 e 7,8 milhões em 2030 no mundo. No Brasil, o AVC é a principal causa de morte de incapacidade. Por aqui, a cada ano, aproximadamente 130 mil pessoas morrem de acidente vascular cerebral”, afirma o cardiologista, Dr. Luiz Bortolotto.
Mas esta mortalidade vem diminuindo progressivamente devido aos maiores cuidados hospitalares do paciente. “Além, é claro, do tratamento trombolítico para o AVC isquêmico, com a utilização de unidades de AVC, que são locais específicos dentro dos hospitais para o atendimento de pacientes com AVC, com equipe multidisciplinar para o atendimento de urgência e reabilitação”, explica Dra. Sheila.
3) MULHERES SOFREM MAIS COM O AVC
O AVC acontece com mais frequência após os 60 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, inclusive em crianças. Atualmente, no mundo são as mulheres que mais têm AVC, pois elas vivem mais. O paciente mais idoso também apresenta um maior risco. “A mulher possui alguns fatores de risco especiais, por exemplo: a gravidez, o uso de pílulas anticoncepcionais e o uso de terapia de reposição hormonal. Outro fator também comum em mulheres é a enxaqueca com sintomas visuais (chamada de enxaqueca com aura)“, detalha a neurologista Sheila Martins. 4) QUAIS SERIAM OS FATORES DE RISCO?
Nunca subestime seus exames clínicos, principalmente com alterações nos níveis de colesterol e pressão arterial, por exemplo, afinal se eles não se encaixam no padrão mínimo estabelecido para se ter saúde, alguma alteração pode ocorrer no seu corpo e uma delas pode ser o AVC. “Os principais fatores de risco para o AVC hemorrágico são a hipertensão arterial não controlada e a existência de aneurisma cerebral (dilatação das artérias congênita). Para o AVC isquêmico os principais fatores de risco são hipertensão arterial, colesterol elevado, tabagismo, arritmia cardíaca (especialmente fibrilação atrial) e o diabetes”, afirma Luiz Bortolotto.
Segundo o profissional, sintomas como dor de cabeça intensa e súbita, fraqueza repentina nos membros, dificuldade de falar ou de movimentar os braços e pernas, visão dupla ou embaçada, podem ser os sinais iniciais de que um AVC pode estar acontecendo. O estresse excessivo também pode induzir piora do controle da pressão arterial e também influenciar na maior chance de romper placas já existentes na parede das artérias e aumentar o risco de AVC. “Todo cuidado é pouco. É preciso estar sempre atento a qualquer uma dessas alterações corporais”, explica.
Quem treina muito, por exemplo, não tem relação direta com quem pode estar sujeito a sofrer com um AVC. “O que pode acontecer é que se a pessoa já apresentar uma predisposição pelos fatores de risco o treino excessivo pode descompensar este fator como hipertensão, por exemplo e desencadear o processo. O uso de anabolizantes, por exemplo, pode induzir elevação da pressão arterial, lesão vascular e arritmias, que podem aumentar o risco da ocorrência de AVCs”, explica Dr. Bortolotto. 5) ESSE PROBLEMA PODE SER EVITADO?
Para todos os males, é inevitável se pensar em manter hábitos saudáveis para adquirir sempre um corpo igualmente saudável. Para tanto, é fundamental que se reconheça os próprios fatores de risco e consequentemente poder tratá-los de acordo com a orientação médica, com destaque principalmente para quem tem hipertensão, colesterol elevado, diabetes, fibrilação atrial e fuma.
“Pare de fumar, faça atividade física, tenha uma alimentação saudável e coloque menos sal nos alimentos. Dessa maneira poderá ficar mais distante de ser acometido por essa doença”, explica a neurologista, Dra. Sheila Ouriques Martins. Para o Dr. Bortolotto, usar ácido acetil salicílico (aspirina) ou anticoagulantes quando necessários e indicados pelo médico, também são importantes maneiras de prevenção, além da manutenção de bons hábitos de alimentação e atividade física.
6) O AVC DEIXA SEQUELAS?
A pessoa que já teve um AVC, mesmo que tenha ficado sem sequelas, terá que fazer tratamento a vida toda para evitar que seja acometida novamente com outro acidente deste tipo. “Nos casos de AVC hemorrágico, apenas 10% das pessoas ficam sem sequelas e não existe tratamento específico. Nos casos do AVC isquêmico, 25% dos pacientes sem tratamento ficam sem sequelas, mas com o tratamento (medicação trombolítica), de 55 a 60% dos pacientes ficam sem sequelas e uma grande parte fica com poucas”, explica a Dra. Sheila.
Segundo o cardiologista Luiz Bortolotto, essas sequelas dependem das regiões cerebrais afetadas pelo AVC. “Assim podem persistir paralisia dos membros, dificuldade de falar, deglutir, dificuldade visual, ou mesmo em casos graves o paciente fica em coma ou mesmo evolui para óbito. A principal causa de morte em nosso país ainda é o AVC”, explica.
7) TRATAMENTO É POSSÍVEL!
A grande preocupação de quem sofre deste mal é saber se há a possibilidade de tratar essas sequelas, que em muitos casos são irreversíveis, mas felizmente, em outros, são passíveis de melhora. “Se o paciente for socorrido em até uma hora do início do exame e chegar em boas condições ao hospital, em alguns casos um procedimento trombólise pode restaurar o fluxo sanguíneo para o cérebro e evitar sequelas. Mesmo pacientes que cheguem além deste período, no entanto, podem e devem ser tratados para diminuir as sequelas”, afirma o neurologista, Dr. Paulo Porto.
A jornalista Erica Gregorio, de 33 anos, conseguiu ser dirigida rapidamente a um hospital, logo após sofrer um AVC há cinco anos. Desde então, a profissional faz fisioterapia para reabilitar os movimentos que perdeu, além de se dedicar à musculação para fortalecer os músculos e pilates para alongar o corpo. “Nunca enxerguei o AVC como um problema e sim como uma evolução, eu aprendi muita coisa nesses anos de reabilitação, principalmente a valorizar coisas que eu não dava mais valor e a enxergar outras que eu não enxergava, então para mim o AVC nunca foi um problema, mas algo que eu deveria passar para me tornar uma pessoa melhor”, relata. Entre as dificuldades enfrentadas, Erica faz um breve relato: “Por exemplo, eu fiquei um tempo sem tomar banho de chuveiro e sem conseguir beber um gole de água, e hoje para mim essas coisas têm um significado muito grande, assim como andar ou ficar sentada. Hoje em dia eu não reclamo de nada vendo as pessoas ao meu redor, mas antes do AVC, eu não era assim”, confidencia.
8) O PAPEL DA FISIOTERAPIA
As lesões neurológicas no cérebro apresentam sequelas motoras aos pacientes. As sequelas vão variar de paciente para paciente, assim cada indivíduo que sofreu um AVC vai apresentar um nível de comprometimento diferente do outro. Alguns comprometem o braço, outros comprometem a perna, alguns apresentam alteração na fala e assim sucessivamente.
“A fisioterapia é fundamental para essas pessoas e deve ser realizada de maneira precoce. Independente do tipo de lesão que a pessoa sofreu, de imediato nós não sabemos o tamanho das sequelas que ela irá apresentar, por isso começamos uma intervenção precocemente, podemos dizer até de maneira preventiva à uma maior complicação. O objetivo da fisioterapia não é tornar o indivíduo como ele era antes, mas sim dar suporte para que ele se reabilite, se adapte novamente às suas atividades de vida diária.”, explica a fisioterapeuta, Ana Carolina Navarro Nunes.
Segundo ela, consideramos funcionais atividades como pendurar roupa no varal, comer, arrumar a cama, atender ao telefone, entrar e sair do carro, se enxugar após o banho, entre outras. “Mas muitas vezes a lesão é muito extensa e o paciente perde o movimento por completo, precisamos trabalhar o lado não comprometido para que ele possa auxiliar nestas atividades domésticas. Quando não for possível nenhum tipo de movimento, a fisioterapia atua na prevenção de deformidades e atrofias, que atrapalham muito a higiene pessoal, as transferências, a respiração, deglutição, entre outros. Além da independência funcional visamos a qualidade de vida destas pessoas”, finaliza a profissional.
Fontes consultadas:
Ana Carolina Navarro Nunes: FisioterapeutaLuiz Bortolotto: Cardiologista, presidente do Departamento de Hipertensão da SBCPaulo Porto de Melo: Neurologista, especialista em Microcirurgia RobóticaSheila Ouriques Martins: Neurologista, diretora da ONG Rede Brasil AVC
Comentários