SUPLEMENTOS

Soja - Benefícios da SuplementAção

Reduzir os sintomas da menopausa e os níveis do colesterol, aumentar a elasticidade da pele e dos vasos sanguíneos, atuar na reconstituição óssea e na prevenção e redução do câncer.

Soja - Benefícios da SuplementAção A planta da soja é originária da China
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Christiano Bertoldo Urtado Mestre em Educação Física e Docente do Curso de Nutrição Esportiva — UGF

Érica Blascovi de Carvalho Nutricionista, Pós-Graduanda em Nutrição Esportiva - UGF

 

A planta da soja é originária da China e seus grãos foram introduzidos nas colônias americanas em 1765 por Samuel Bowen. Ele usou a soja para preparar molho e macarrão (granulado) para exportar da Geórgia à Inglaterra. A produção da soja em grande escala nos Estados Unidos teve início por volta de 1850 e em 1999, a área ocupada por seu plantio era de 72 milhões de hectares, o equivalente a 27% da área total da safra nos Estados Unidos.

Na safra 2002/2003, o Brasil passou a ser o maior produtor e exportador mundial, com área colhida de 18,1 milhões de hectares, contribuindo com 50,3 milhões de toneladas de grãos produzidos, contra os 41,9 milhões de toneladas da safra anterior (2001/2002). Atualmente a soja é uma cultura economicamente importante e o alimento serve como uma fonte de proteínas de boa qualidade para os animais e seres humanos.

Comparando o consumo de produtos de soja entre os países, o Japão apresenta consumo muito maior do que países ocidentais. Muitos estudos vêm apresentando efeito benéfico das isoflavonas de soja (ver box) sobre: obesidade, câncer, osteoporose e doenças cardiovasculares. Produtos de soja apresentam grandes quantidades de isoflavonas, uma entre distintas categorias químicas de fitoestrógenos (ver box), encontradas em numerosas espécies vegetais.

A soja possui quatro tipos de isoflavonas: agliconas, glicosídeos, acetilglicosídeos e malonilglicosídeos. As formas agliconas são as formas ativas no nosso corpo, ou seja, aquelas verdadeiramente absorvidas pelo nosso organismo. Os compostos mais importantes deste grupo são a genisteína e a daidzeína, presentes nas plantas na forma glicosilada ou metoxilada (genistina e biochanina A para a genisteína, e daidzina e formononetina para a daidzeína).

Outro composto isoflavônico é a gliciteína, cujo precursor natural glicosilado é a glicitina. A maior parte dos conhecimentos acerca dos mecanismos de ação dos fitoestrógenos se referem basicamente às isoflavonas, que constituem o grupo mais conhecido.

Mecanismos de ação 

As isoflavonas, quando consumidas, são hidrolisadas (quebradas na presença de água) no intestino delgado. É nesse momento que ocorre a liberação das agliconas, que participarão de forma significativa no organismo, e que, ao serem absorvidas ou fermentadas pela microflora intestinal, dão origem à daidzeína, genisteína e gliciteína. Uma porcentagem consegue escapar e entrar na circulação periférica, alcançando as células, sendo eliminadas pelos rins. As que são absorvidas são transportadas para o fígado, onde são removidas da circulação sanguínea e retornam ao intestino através da vesícula biliar, que armazena a bile produzida no fígado, podendo ser excretada pelas fezes.

Diversas propriedades vêm sendo atribuídas às formas ativas das isoflavonas. Estudos apontam que a genisteína, principal isoflavona da soja, com estrutura semelhante à do estradiol - hormônio sexual produzido nos ovários, responsável pela manutenção das células, elasticidade da pele e vasos sanguínes e reconstituição óssea - possui ação antioxidante e está relacionada à longevidade. Um estudo feito por Borrás e colaboladores (2006) demonstrou que uma dieta rica em genisteína e daidzeína oferecida a ratos por um período de 16 meses foi capaz de: diminuir a produção de espécies reativas de oxigênio, agentes oxidantes que danificam todos os tipos de estrutura celular; melhorar a função endotelial, cuja disfunção é a manifestação precoce da aterosclerose e serve como preditor para a doença cardiovascular e diminuir a pressão sanguínea. Os autores afirmam que concentrações fisiologicamente relevantes de genisteína, encontradas no plasma, componente líquido do sangue de populações orientais com dieta rica em proteína de soja, diminuem o estresse oxidativo celular, ou seja, a lesão das células pelos radicais livres.

Ainda citando estudos em ratos, o consumo de produtos de soja resultou em desenvolvimento e alterações na função reprodutiva, mudanças no ciclo estral e ciclo menstrual. Pesquisa realizada em camundongos alimentados com uma dieta com 10% de constituintes da soja mostrou diminuição na taxa de crescimento tumoral e metástases (fatores causadores de diversos tipos de câncer), bem como diminuição dos níveis extracelulares do fator de crescimento do endotélio vascular. Em um estudo realizado em duas semanas com constituintes da soja, os pesquisadores verificaram uma redução do LDL, lipoproteína de baixa densidade popularmente conhecida como colesterol ruim e colesterol total.

Já em humanos, doze semanas de estudo com 145 mulheres com queixas climatéricas demonstraram uma redução nos sintomas da menopausa (incluindo secura vaginal), com o consumo de uma dieta rica em alimentos de soja e linhaça. Em populações ocidentais, cujo consumo de proteína de soja é menor, as concentrações plasmáticas de genisteína não apresentam ação antioxidante tão expressiva - o que pode ser melhorado através da suplementação com isoflavonas e/ou adaptação dos hábitos alimentares, diminuindo, assim, o estresse oxidativo.

A ação das genisteínas em relação ao câncer é ainda controversa. Alguns estudos demonstram que ela possui ação quimiopreventiva relacionada ao câncer de mama, melhorando a proteção celular contra carcinogênicos, enquanto outros apontam sua capacidade de estimular o crescimento de tumores mamários estrogênio-dependentes em mulheres pós-menopausa. Há ainda especulações de que ela possa causar doenças da tiroide, devido a sua capacidade de inibir a tiroide peroxidase (TPO), enzima chave na produção de hormônios tiroidianos — efeito também atribuído à daidzeína. A daidzeína, outra forma ativa de isoflavona, também tem sido alvo de estudos relacionando sua ingestão a benefícios à saúde. Estudos demonstraram que ela possui ação protetora contra trombose pulmonar e alergias em ratos, diminui a frequência e severidade das ondas de calor em mulheres menopausadas e possui efeito anabólico em células osteoblásticas, aumentando a formação óssea.

Há ainda a gliciteína, que representa 5 — 10% do total de isoflavonas presentes na soja. Sua atividade estrogênica parece ser a mais fraca quando comparada à genisteína e à daidzeína, mas benefícios à saúde também têm sido associados a seu consumo. Por sua atividade antioxidante e capacidade de redução da formação de beta-amilóide (elemento central da placa senil), é um fator de proteção às doenças neurodegenerativas, principalmente a Doença de Alzheimer. Assim como a genisteína e a daidzeína, parece ser útil na prevenção de osteonecrose (morte do tecido ósseo devido a uma oclusão vascular) induzida por esteróides.  O consumo da soja é uma realidade hoje não só no Brasil, como no mundo. Os benefícios aqui citados e a relação desses com as dosagens consumidas devem sempre ser acompanhadas por um nutricionista para ajustes e controles dietéticos.

O que é? Isoflavonas compostos orgânicos presentes principalmente na soja e em seus derivados. Estes compostos apresentam efeito estrogênico por apresentarem semelhança estrutural com os hormônios estrogênicos, encontrados em maior concentração nas mulheres.

Fitoestrógenos grupo de substâncias vegetais que têm ação parecida com a do estrógeno no metabolismo.

Agliconas forma de isoflavona ativa no corpo, ou seja, substância verdadeiramente absorvida pelo nosso organismo.

Daidzeína, Biochanina A, Formononetina, Gliciteína, Acetilglicosídeos, Malonilglicosídeos e Genisteína tipos de isoflavona de soja

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