O suplemento alimentar escolhido para essa edição é um mineral, o elemento químico mais abundante na crosta terrestre, podendo ser encontrado na água, no solo, nos tecidos, nos animais e nos vegetais. Vamos falar sobre o vanádio. A forma mais usada desse mineral é o sulfato de vanádio por acreditar-se que essa seja a forma intracelular metabolicamente ativa do mineral.
O vanádio é encontrado em pequenas quantidades na pimenta, ovos, óleos vegetais, aveia, cereais, frutos do mar, soja, milho e alguns outros alimentos. Nos mamíferos, esse mineral está presente como oligoelementos. Anda há controversas sobre esse mineral, se ele é ou não um nutriente essencial em plantas e animais. A partir de 1980 ele começou a chamar atenção quando estudos mostraram uma capacidade de melhorar a resistência à insulina de ratos quando suplementados com o sulfato de vanádio.
O mecanismo ainda é desconhecido, mas acredita-se que o sulfato de vanádio atua com um co-fator para a ação da insulina. Mas, o que isso significa? Simples, significa que ele ajuda a insulina a facilitar a entrada de glicose para dentro das células, para que essas então possam utilizá-la como fonte de energia. “Especificamente, acredita-se que ele funciona alterando a concentração e a eficácia de diversas enzimas que estão envolvidas na quebra e distribuição de moléculas de glicose e aminoácidos”, explica a farmacêutica Raquel Sthanke.
Em 1985, estudos demonstraram que o vanádio no músculo esquelético altera o metabolismo de glicose de modo semelhante ao da insulina. Onze anos mais tarde, outro estudo testou oito pacientes (quatro mulheres e quatro homens) com diabetes tipo II (não insulino-dependentes) que receberam 50mg de sulfato de vanádio, duas vezes por dia, via oral, durante quatro semanas. Seis desses pacientes (quatro homens e duas mulheres) continuaram no estudo e receberam um placebo por mais quatro semanas.
O sulfato de vanádio foi associado com efeitos secundários e gastrointestinais em seis dos oito pacientes na primeira semana, mas foi bem tolerado depois disso. Houve uma diminuição de 20% na concentração da glicose em jejum e uma redução na produção da glicose hepática durante o aumento da insulina. Os resultados positivos foram mantidos durante a fase placebo, mas o sulfato de vanádio não teve efeitos significativos na captação total de glicose, síntese de glicogênio, glicólise, oxidação de carboidratos ou lipólise durante os testes. O próprio artigo conclui que mais estudos seriam necessários para utilizar o sulfato de vanádio para esse fim.
Anos mais tarde, em 2001, de acordo com um estudo realizado pela Universidade do Texas, Health Science Center, o sulfato de vanádio foi utilizado para reduzir a hiperglicemia, melhorar a sensibilidade à insulina no fígado e músculo e melhorar significativamente o controle glicêmico em um pequeno estudo de 11 pessoas com diabetes tipo II. Outro benefício que o sulfato de vanádio apresentou foi reduzir, nesse estudo, os níveis de colesterol (incluindo o colesterol LDL) nos pacientes.
A revista brasileira de medicina do esporte publicou em 2006 um estudo brasileiro bem interessante. A proposta do trabalho era avaliar o efeito do sulfato de vanádio no perfil metabólico muscular do membro posterior imobilizado de ratos. Ou seja, os ratinhos foram separados em quatro grupos:
Grupo controle (não recebeu nada e não sofreu nada), imobilizado em posição neutra do tornozelo (os cientistas aqui quiseram imitar a ação de um gesso, para que o rato não utilizasse o músculo), um grupo sem imobilização que recebeu sulfato de vanádio via oral e um grupo imobilizado que recebeu o tratamento com esse mineral na mesma dosagem que o grupo anterior.
Após o período experimental de sete dias foram avaliadas as reservas de glicogênio nos músculos e o peso dos músculos. Nos grupos tratados com esse sulfato, foi observado uma elevação significativa na reserva de glicogênio e na manutenção do peso do músculo, demonstrando inclusive uma possível ação anticatabólica desse suplemento. Em 2008, realizou-se um estudo com obesos com intolerância à glicose e os resultados não mostraram melhoria com relação na sensibilidade à insulina e os pacientes ainda tiveram o aumento de triglicerídeos no sangue. Estudos mais recentes ainda, demonstraram que o sulfato de vanádio não é a melhor forma de administração do vanádio por via oral pois, há relatos de distúrbios gastrointestinais, anorexia e perda de peso relacionados com o seu uso. Há outras formas de carreadores do vanádio de que já estão em estudo.
PROIBIÇÃO NO BRASIL
Com tantos estudos feitos em diferentes anos para diagnosticar os efeitos do vanádio pelo consumo humano, seu uso se torna polêmico. “Enfim, o vanádio é bem polêmico e não há como saber quais dosagens são seguras e eficientes nesse momento. Mais estudos deverão ser realizados e padronizados com relação ao método”, explica a farmacêutica Raquel.
“Existem vários trabalhos mostrando sua eficiência e segurança, porem aqui no Brasil, por conta da legislação vigente, é proibida a fabricação de suplementos alimentares com este componente. Alguns atletas que o utilizam acabam por conseguir compra-lo nos EUA normalmente”, explica o consultor da Integralmédica Suplementos Nutricionais, Carlos Tomaiolo.
Estudos demonstram que o vanádio é efetivo no tratamento alternativo da diabetes, mais especialmente o do tipo II, pois imita as propriedades da insulina e assim pode auxiliar a controlar o nível de glicose no sangue, juntamente com o exercício físico, principalmente a musculação.
Segundo Tomaiolo, o sulfato de vanádio, também pode aumentar a taxa metabólica basal e consequentemente aumentar a queima de calorias, otimizando a redução de gordura corporal quando associado à dieta hipocalórica. Este nutriente pode ajudar na eficiência energética muscular, crescimento e desempenho, através de maiores quantidades de aminoácidos e glicose que entrarão no músculo, efeito semelhante ao da insulina.
“Além disso, melhora a síntese proteica, o metabolismo de lipídeos (gordura) e o controle dos níveis de colesterol do sangue, aumento da função da glândula tireoide e participação na produção de glicogênio. A combinação de dieta específica, suplementada com sulfato de vanádio, combinado com picolinato de cromo e a prática de musculação, com certeza otimizará os resultados de perda de gordura e aumento de massa magra, mais músculos e maior definição”, afirma Tomaiolo.
A deficiência de vanádio nos seres humanos pode levar à alta das taxas de colesterol ruim e de triglicérides, aumentando o risco de doenças coronarianas e câncer. “Não há uma recomendação diária de sulfato de vanádio. Como forma de suplementos, encontramos a sugestão de 10mg/dia. Estudos indicam que 100microgramas divididos em duas ou três doses iguais, parece ser adequada e segura. Porém o ideal aqui é sempre buscar orientação de um médico ou nutricionista para avaliar corretamente a necessidade através de exames específicos”, orienta Carlos Tomaiolo.
VANÁDIO x EXERCÍCIOS
Os atletas têm utilizado o sulfato de vanádio para aumentar seu desempenho. Acredita-se que esse suplemento desempenha um papel importante na regulação dos níveis de açúcar no sangue, semelhante à insulina. Estudos mostram que o sulfato de vanádio ajuda principalmente as células musculares, na captação de glicose (em vez de células de gordura, adipócitos, de absorção de glicose).
O sulfato de vanádio é um suplemento impressionante, popular e que parece funcionar para a construção de melhores músculos; no entanto, o júri científico ainda está deliberando.
“Fisiculturistas dizem que o sulfato de vanádio é especialmente eficaz por causa da plenitude que dá os seus músculos. Levantadores de peso e fisiculturistas tomam esse suplemento alimentar para aumentar seus resultados enquanto trabalham. Os sintomas da deficiência não estão associados com o sulfato de vanádio”, explica Carlos Tomaiolo.
FONTES CONSULTADAS:
Carlos Tomaiolo: Fisioterapeuta, treinador e consultor da Integralmédica Suplementos NutricionaisRaquel Stahnke: Farmacêutica, responsável técnica da IsoNutri
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