Prof. Ms. Tiago Carvalho
Pesquisador e Coordenador CEPEN
A obesidade e o sobrepeso já se tornaram um dos maiores e mais graves problemas de saúde pública na atualidade, atingindo não somente adultos, mas também crianças e adolescentes. O estilo de vida sedentário acompanhado de uma dieta desequilibrada pode levar à morte, incluindo o surgimento de inúmeras doenças, tais como doenças cardíacas, acidente vascular encefálico, diabetes do tipo II, osteoartrite, dores lombares e câncer. Essas doenças estão associadas à obesidade e além disso, podem levar ao surgimento da síndrome metabólica: terminologia relacionada a outros diversos problemas de saúde como hipertensão, obesidade na região central do tronco, hiperglicemia, dislipidemia, entre outras.
Não é novidade que o exercício físico abrangendo modalidades de ordem aeróbica como caminhadas, corridas de baixa intensidade, natação, esportes coletivos e anaeróbicas como treinamento de força e musculação, vêm sendo discutidas há anos como terapia não-farmacológica para tratamento e prevenção da obesidade, sendo indicados para melhoras da composição corporal, ganhos de força e massa muscular. Todavia, métodos alternativos de prevenção e tratamento vêm sendo utilizados para potencializar a perda da gordura corporal, destacando-se as dietas de restrição calórica (hipocalóricas), como também o uso de suplementos nutricionais.
Os suplementos têm ganhado amplo destaque no mercado mundial diante dos inúmeros achados apresentados pela literatura científica (basta uma rápida consulta em bases de dados como o Pubmed que podemos constatar mais de 48 mil trabalhos desenvolvidos), somando-se ao grande interesse da população e adeptos, principalmente os frequentadores de academias e atletas de diferentes modalidades esportivas que buscam meios mais rápidos e eficazes para atingir seus objetivos.
EIS A CAFEÍNA
A suplementação de cafeína possui efeitos termogênicos (aumento do dispêndio energético) e tem sido recomendada como um potente indutor de perda de peso, além de reduzir a ingestão de energia. Um estudo realizado por Westerterp-Plantenga; Lejeune e Kovascs (2005) demonstrou que a suplementação de cafeína pode ser utilizada como uma eficiente estratégia para perda de peso. Indivíduos com sobrepeso e moderadamente obesos suplementados com 150mg/dia de cafeína por um período de quatro meses favoreceu de forma significativa o dispêndio energia e a oxidação de gordura.
Em um estudo mais recente realizado por Hursel e Westerterp-Plantenga (2010) a suplementação de cafeína proporcionou aumento no dispêndio energético entre 4-5% e favoreceu a oxidação de gordura em 10-16%. Complementa os pesquisadores que aumentos diários de 71-95kcal (300-400 kJ) devido a ação da cafeína pode levar a substancial perda de peso em um determinado período de tempo. Segundo Dulloo (1993) o possível mecanismo que explicaria tal efeito termogênico da cafeína no metabolismo seria a inibição da degradação induzida pela fosfodiesterase de AMP intracelular cíclico (AMPc).
De fato, somente o consumo da cafeína sem a introdução do exercício físico não justificaria o seu uso, a fim de, proporcionar os efeitos desejados. Portanto, analisemos qual modalidade de exercício poderia ser unida ao consumo de cafeína para conseguirmos os melhores resultados no processo de emagrecimento: exercício aeróbico; treinamento de força (musculação) ou ambos?
QUAL É A MELHOR ESCOLHA?
Para fundamentar essa questão um estudo realizado por pesquisadores americanos Willis et al., (2012) objetivaram comparar os efeitos do treinamento aeróbico e de força visando encontrar a melhor forma de maximizar o emagrecimento. Para tanto, 119 voluntários obesos e com sobrepeso foram submetidos a três modelos experimentais durante um programa de treinamento de oito semanas:
1) Grupo aeróbico: 20km/semana realizados a 65-80% do VO2 pico
2) Grupo treinamento de força: 3 x p/semana – 8-12 RM
3) Treinamento aeróbico + Treinamento de força
Os autores concluíram que a melhor forma encontrada para potencializar o emagrecimento foi à combinação do treinamento aeróbico + treinamento de força, pois favoreceu de forma significativa a diminuição de massa gorda e aumento de massa muscular na população estudada quando comparada com os outros protocolos. Corroborando com os dados apresentados anteriormente um estudo publicado em abril de 2014 no periódico Journal of Sports Science mostrou que a junção do treinamento de força com o aeróbio foi mais efetivo em melhorar a adiposidade visceral, perfil metabólico e marcadores inflamatórios em adolescentes obesos.
Em suma, a suplementação de cafeína aliada ao treinamento de força + o treinamento aeróbico, parece ser uma excelente estratégia visando a perda peso. Destaca-se a importância de sempre consultar um nutricionista para a prescrição das dosagens de cafeína indicada e o profissional de Educação Física para ajustar e prescrever a melhor intensidade dos exercícios. Em adição, uma avaliação médica, sobretudo para os sedentários e de baixo condicionamento físico, se faz necessária.
A cafeína, segundo as orientações da ANVISA, pode ser consumida em pó, cápsulas, tabletes, gel, barra e líquidos e pode ser encontrada em diversos alimentos, tais como, o café, o chocolate e até mesmo em alguns tipos de chá. Recomenda-se o consumo de 3-6mg/kg de peso corporal entre 30 e 60 minutos antes da atividade física.
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