Quem é movido por adrenalina, quando o assunto é esporte, certamente já ouviu falar em Slackline. Traduzindo: trata-se de uma prática corporal realizada em uma fita estreita e flexível, confeccionada de nylon ou poliéster e tencionada em dois pontos fixos. O objetivo é buscar a harmonia entre corpo e mente e manter-se equilibrado na fita, através da realização de movimentos dinâmicos e estáticos.
Geralmente praticado em ambiente de ar livre, o slackline teve sua origem na década de 80, com os escaladores que passavam semanas acampando para buscar novos percursos que os levassem até as montanhas, do Vale de Yosemite, nos Estados Unidos.
Se o clima não favorecia a escalada do dia, os praticantes esticavam as fitas de seus equipamentos e aproveitavam para se exercitar, tentando se equilibrar sobre elas. Os anos se passaram e o que parecia uma simples brincadeira tornou-se um esporte que vem se tornando popular no mundo todo e é claro que o Brasil não poderia ficar de fora, afinal possui cenários incríveis para a prática.
O slackline é considerado um esporte completo, capaz de aliar consciência corporal, concentração e resistência física, numa mesma prática. A complexidade desse esporte o divide em cinco modalidades: highline, longline, waterline, trickline e yogaline. A mais praticada por aqui é trickline, quando os atletas ou os chamados ‘slackers’ realizam manobras sobre a fita, exigindo bastante preparo físico e uma rotina mais pesada de treinos. Essa modalidade é geralmente praticada a partir dos 60cm de altura.
Cada manobra executada nessa modalidade, tem um valor de pontuação e apenas as maiores pontuações passam de fase, que são três: qualificatórias, semi-final e final. Na final são sempre oito atletas. Valoriza-se muito também estilo e performance. “Quanto mais fluido for o seu role, mais pontos você faz”, assim explica o atleta deste Nutrição e Esporte, Gabriel Aglio.
Nascido no Rio de Janeiro, Gabriel vive hoje em Itacoatiara/ Niterói. Sua carreira teve início aos 17 anos, por influência de um amigo, que o apresentou ao esporte. “Nesses anos de carreira, nunca tive treinador. Comecei o esporte no Brasil, então aprendi muito com vídeos na internet. Hoje em dia os atletas se ajudam muito”, conta l. Gabriel venceu seu primeiro Campeonato Brasileiro aos 18 anos e de cara já conquistou seu primeiro contrato profissional. Ele ostenta ainda o título de ser o 1o campeão brasileiro de slackline. “Naquele momento acreditei plenamente que seria um atleta renomado e conseguiria sucesso nesse esporte”, diz. Com 19 anos viajou para a Alemanha e para os Estados Unidos para diversas competições em caráter profissional de carreira.
A conquista da terceira colocação no Campeonato Mundial, em Spokane, nos Estados Unidos, foi uma sensação incrível. “Não só fiquei entre os 3 melhores do mundo como eliminei da competição atletas gigantes no esporte como Andy Lewis e Felix Carreira”, revela. Recentemente, Gabriel venceu o 1o Campeonato Sul-Brasileiro, realizado em Porto Alegre.
“Nesses anos todos tive muito apoio de amigos e família. Só me faltou mesmo o apoio inicial, pois decidi largar a faculdade de Engenharia Mecânica, em uma Universidade Federal, para me dedicar 100% ao slackline. Hoje em dia todos já se acostumaram com a ideia e torcem por mim”, confidencia o atleta. Segundo Gabriel, além de reforçar a ideia que sempre teve de seguir os seus sonhos, com o slackline, ele descobriu que equilíbrio é tudo na vida.
“Sou um atleta muito limpo. Tenho um role fluído com bastante estilo. Sou especialista em giros e executo as manobras de giros que apenas duas ou três pessoas no mundo conseguem fazer”, conta tal façanha. Para ele, ser atleta é a realização de um sonho, misturado ao prazer de viajar pelos lugares mais incríveis do mundo, fazendo o que ele realmente ama.
Aos 22 anos, Gabriel Aglio pensa em chegar longe no esporte. Um dos objetivos do atleta é divulgar ao máximo o slackline e fazer com que fique o esporte tão conhecido como o surf e o skate. “Minha meta é deixar um legado. Quero que daqui 30 anos as pessoas saibam quem eu sou e o que eu fiz pro crescimento do slackline”, diz Gabriel Aglio. Para 2016, o calendário ainda não está fechado, mas provavelmente Gabriel irá se aventurar nos Estados Unidos no mês de abril para uma nova competição.
FOCO NO EQUILÍBRIO
Para Gabriel Aglio, um atleta precisa ter muita dedicação para ser bom no slackline. “Esse é um esporte que para se chegar no nível profissional você erra muito e se machuca mais ainda. É preciso se manter motivado e se dedicar ao máximo”, conta.Pra ele, “O slackline é mais difícil do que parece quando se vê e é bem mais fácil do que parece quando se tenta. E cuidado, é viciante!”, brinca o atleta.
Gabriel é o responsável por sua preparação física. “Mas não trabalho sozinho. Conto com a ajuda de outros atletas para a evolução. Um grande atleta que me ajuda é o Diogo Fernando. Passo bastante tempo no Centro de Treinamento dele, a Greenplace”, diz.
Ele adapta a rotina de treinamento com o calendário de viagens e projetos, que vem crescendo ano a ano. Em uma semana normal, com a agenda mais livres das competições, Gabriel treina o slackline, dia sim, dia não, por volta de três a quatro horas. Nesses treinos, o atleta foca muito as manobras que ainda não domina pra valer. Próximo aos campeonatos, ele intensifica essa fase de treinamentos, se exercitando todos os dias, por três semanas a um mês, com foco total na consistência das manobras, quando o mais importante é a precisão.
O que ajuda muito o atleta nessa preparação para as provas é o treinamento físico através do CrossFit, realizado por ele no mínimo duas vezes na semana, com pelo menos uma hora de duração. “Como o slackline é um esporte de muito impacto, preciso estar com o corpo fortalecido para não me lesionar”, explica.
Gabriel tem dias de descanso, mas sem um dia determinado. “Não é algo muito exato, depende muito do índice de acertos no dia anterior do treino. Se estiver aprendendo alguma manobra que me machuque muito, o descanso é maior”, conta. No momento o atleta não pratica musculação.
A alimentação de Gabriel é muito controlada. “Tento me controlar na alimentação. Preciso estar sempre forte, resistente e antes do treino procuro ter bastante energia”, conta. As necessidades nutricionais exigidas pelo esporte são energia e força. O açaí, por exemplo, é um alimento indispensável para ele. “Ele me ajuda muito nessa busca por força e energia”. Nos períodos pré-competição, Gabriel não tem um cardápio regulado, apenas procura controlar alimentos mais pesados e de difícil digestão.
Após os treinos, o atleta investe na suplementação de whey protein. Ao acordar, ingere complexos vitamínicos para conferir energia e disposição durante o dia. “Quando estou abaixo do peso procuro usar hipercalóricos para me auxiliar na recuperação. Intensifico a suplementação quando estou treinando mais forte o físico”, conta Gabriel, que tem um metabolismo muito acelerado e apresenta facilidade para perder. A ‘guerra’ dele é manter o peso em torno de 67 e 70kg.
Gabriel Aglio da Silva
Data de nascimento: 23/03/1993
Local de nascimento: Rio de Janeiro/RJ
Esporte: Slackline
Peso: 67kg
Altura: 1,72m
Patrocinadores: Slackline Industries, Boca do Oriente, Puro Suco e CrossFit Niterói
Principais Títulos:
2014 – Campeão Sul-Brasileiro (Porto Alegre/RS)
2013 – 3º Lugar Mundial de Slackline (Spokane/EUA)
2012 – Campeão Boston Jam (Boston/EUA)
2011 – 1ª Campeão Brasileiro de Slackline (São Paulo)
Redes Sociais:
Facebook: facebook.com/gabrielaglio
Instagram: @gabrielaglio
Twitter: @gabrielaglio
DE OLHO NA PREPARAÇÃO
No esporte praticado por Gabriel Aglio, o equilíbrio é fundamental. Para tanto, o atleta se prepara o ano todos para as diversas competições que participa. O CrossFit, é um treinamento de força e condicionamento fundamental para Gabriel.
Treinos de Slackline
Praticado pelo menos quatro dias na semana, com intervalos entre os dias
CrossFit
Praticado duas vezes na semana
Suplementação
1 scoop de whey protein no pós-treino
Complexos vitamínicos para energia
Hipercalórico para recuperar o peso perdido
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