Qual é a regra?

André Nogueira - Fisioterapeuta especializado em esportes Sócio-fundador da Club Físio

Com o aumento de adeptos à prática esportiva diversas formas de treinamento e preparação física vêm chamando atenção. Como definir o mais indicado para cada modalidade? Será que apenas o fortalecimento é o ideal? Será que preciso melhorar meu alongamento muscular? Essas são dúvidas frequentes e, se não sanadas, podem levar a uma lesão e até a um período fora das atividades, o que atrapalha a forma física e psicológica. Hoje, a literatura científica é muito clara em relação a lesões articulares e isso faz com que qualquer bom programa de preparação englobe o fortalecimento dos músculos estabilizadores articulares. Para atletas que utilizam muito os membros inferiores, como corredores e ciclistas, o fortalecimento da musculatura dos glúteos é fundamental e indispensável para estabilizar quadris, joelhos, tornozelos e pés, evitando complicações como tendinites, lesões ligamentares e até lesões musculares. Já para atletas que utilizam mais membros superiores, como jogadores de vôlei e de tênis, o importante é o fortalecimento da musculatura das costas (cintura escapular) para a prevenção de lesões nos tendões dos ombros. Outro ponto importante, que hoje a maioria dos trabalhos científicos já desmitificou, é a realização do alongamento antes e após a atividade física. O alongamento muscular realizado antes da atividade física pode levar a um relaxamento da fibra muscular, deixando-o em um estado não adequado para a realização de contrações repetidas. Caso o atleta exija muito dessa musculatura durante a atividade, ela fica susceptível a lesões. Já ao término dos exercícios, o músculo apresenta microlesões de suas fibras, processo natural de reparação tecidual. O alongamento a longo prazo pode transformar essas microlesões em macrolesões, ou seja, a lesão muscular propriamente dita.

1) AVALIAR É PRECISO Antes do início de qualquer atividade física, seja ela caminhada ou maratona, é indispensável uma avaliação médica. Essa avaliação vai verificar as condições do coração e as condições respiratórias e com o resultado poderemos prevenir complicações e problemas cardíacos, otimizando o trabalho de condicionamento durante os treinos. Logo após, é fundamental a avaliação física com fisioterapeuta ou educador físico e assim direcionar qual a melhor atividade de preparação física.

2) FORTALECER TAMBÉM É PRECISO A musculação e o Pilates são as principais atividades de prevenção e preparação para a maioria dos esportes. O fortalecimento que elas oferecem é um excelente complemento para as atividades aeróbicas específicas de cada esporte e o ideal seria a realização de duas e três vezes por semana somado ao treinamento específico da modalidade. Além do fortalecimento, é importante que antes do início da competição, a carga de treinos deve ser reduzida e adaptada. Caso isso não seja respeitado, podemos encontrar problemas durante a competição, um exemplo foi a desistência do nadador brasileiro César Cielo do último mundial por ter apresentado problemas no ombro. Muitas vezes, por um planejamento inadequado, perdemos o objetivo que é a competição. Já próximo das competições, o comum é uma mescla entre fortalecimento e esporte específico para que o atleta melhore sua técnica e não fique sobrecarregado. Após a competição, o ideal é manter alguns dias de repouso para aí então retomar a rotina de treinos. Portanto, se a preparação não for bem realizada e desenvolvida, o atleta fica sujeito a lesões indesejáveis, afetando diretamente seu desempenho.