Apaixonado por esportes desde criança, o atleta Décio Ribeiro Santos Junior não imaginava que um dia atravessaria o deserto do Sahara correndo com uma mochila nas costas. Essa foi só mais uma aventura do homem que já atravessou a França, Suíça e Itália, conheceu de perto os lagos congelados e trilhas entre os vulcões da Patagônia e comemorou o ano novo em pleno Aconcágua, a 6.962 m de altitude
Assim, entre situaçõesde extremo frio ou calorintenso, que Décio Ribeirose realiza e mostra seu amor pelo esporte. O interesse por provas mais intensas começoulogo após o término da faculdade deEducação Física (PUC Campinas) em1999, quando correu os 42 km da suaprimeira maratona em Blumenau-SC.A partir daí, começou a galgar provasmais famosas como a maratona deNova York (em 2001) e para disputaras primeiras ultra-maratonas foi umpasso – e dos bem velozes.
Em 2004, Décio participou de sua primeira prova extreme e correu 550km no Desa. o de Los Vulcones, passando pela Patagônia argentina e chilena. Foi uma semana de trekking, mountain biking, rapel, tirolesa, natação, canoagem, além da travessia glacial, da neve e apenas 8h de sono no total. Entre as 72 equipes participantes, ficou em 12º lugar na classificação geral e como a segunda melhor equipe brasileira. “É a natureza à flor da pele. Enfrentamos trilhas difíceis, mata fechada, temos que lidar com insetos e outros animais, atravessamos lagos com geleiras e muitas situações adversas da natureza. Mas tudo é superação e conseguir completar a prova ainda por cima com boa colocação é inexplicável”, revela.
Em 2006, foi a vez da ultra-maratona de Mont Blanc, uma das provas de trekking mais difíceis do mundo com um total de 166 km, sendo 15 deles de subida em terrenos arenosos. Em 2008, passou por uma prova de fogo no deserto do Sahara, a Marathon Dês Sables – Maratona das Areias – uma competição dificílima onde enfrentou o sol escaldante e o racionamento de água (apenas 1,5 litros a cada 12km), correndo a uma temperatura de até 55ºC. Sua aventura mais recente foi quando escalou o monte Aconcágua, onde passou 15 dias (durante a virada do ano de 2009) em uma situação de frio extremo. E se depender do atleta, essas loucuras esportivas não param por aqui.
Treinamento pesado
O treinamento de Décio depende muito da próxima prova da qual vai participar, e se inicia geralmente seis meses antes da competição. Quem pratica corridas de aventura deve pesquisar muito sobre a situação climática e a natureza que vai enfrentar para realizar um treinamento o mais próximo possível do desafio. “Para a prova no deserto, por exemplo, eu corria em um tanque de areia e sempre que possível ia para a praia, para me adaptar a uma areia mais fofa”, conta. Se as provas exigem mountain bike e trekking, também é importante treinar em locais que propõem o mesmo desafio.
Como possui uma rotina de trabalho durante a semana – com sua assessoria esportiva, a D-Run – ele não consegue realizar o treinamento completo e somente acompanha os treinos de seus alunos. Portanto, os maiores desafios ficam para os finais de semana, quando pratica a atividade física compatível com a próxima prova que vai enfrentar por 30 a 50 km diariamente, com picos mais longos de até 100 km. “Chego a treinar 30h direto, sem dormir”, revela.
Durante o período pré-competição, a quantidade diária alimentar chega a 5.000 calorias (veja um exemplo de cardápio na tabela) e a suplementação é uma grande aliada de quem faz tanto esforço. De manhã, toma glutamina e vitamina C, após três horas e no lanche da tarde, um shake de Whey Protein com carboidrato e antes de dormir, o mesmo shake com aminoácidos. Os géis de carboidrato são consumidos durante todo o dia, já que o atleta dá de oito a dez aulas de corrida e ciclismo.
Três semanas antes da competição, é hora de tirar o pé do acelerador. Décio diminui a rotina de treinos e a alimentação. “É hora de recuperar o corpo e preparar o psicológico para enfrentar a prova”, conta o atleta, que geralmente viaja uma semana antes para o local da competição em busca de se adaptar ao ambiente.
Suplemento: a refeição durante a prova
Décio conta que algumas corridas possuem postos de apoio que oferecem refeições aos competidores. “A gente come o que tiver. Já participei de provas onde tinha várias opções de comida e até bebida, de outras onde tudo era mais simples e de algumas onde o atleta tem que ser auto-suficiente”, comenta. A equipe geralmente se previne com lanches naturais e barrinhas de cereais, mas o suplemento é o principal aliado do atleta de aventura.
Décio chega a consumir carboidrato em gel de hora em hora, a cada 2h de duas a três cápsulas de BCAA, a cada 6h barras de proteínas e uma cápsula de sal. “Os isotônicos em pó são consumidos o tempo todo, diluídos em água que a gente encontra pelo caminho, tratada na hora com purificadores”, explica.
Missão cumprida!
Após completar a competição, Décio ainda continua com uma suplementação semelhante durante 10 dias. “Algumas pesquisas chegam a comparar a resistência de um atleta assim que ele acaba a prova com a de portador de HIV, portanto continuo com a suplementação para fortalecer o sistema imunológico”, revela. No cardápio das cápsulas e comprimidos, vitamina C, aminoácidos, proteína e alimentação saudável.
Para quem está começando
Além das provas extreme, que têm distância entre 500 e 600 km, existem corridas de aventura que duram de dois a três dias, um dia e até de 4 a 5 horas. Décio afirma que quem quer começar a competir deve primeiramente fazer uma avaliação médica e física para conhecer sua real condição de saúde. “Comece com provas pequenas e depois aumente gradativamente, sempre com acompanhamento de um profissional para indicar o treino e nutrição mais adequados”, diz. Ficou motivado? Então pé na estrada!
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