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Entenda tudo sobre: Anemia

Estima-se que a deficiência de ferro esteja presente em um terço da população mundial, ou seja, mais de dois bilhões de pessoas possuem essa deficiência no organismo

Entenda tudo sobre: Anemia A anemia pode acometer qualquer pessoa, mas, sobretudo grupos vulneráveis como crianças menores de três anos, mulheres e gestantes.
Crédito: BANCO DE IMAGENS

1) DO QUE ESTAMOS FALANDO?

A anemia nada mais é que uma diminuição da quantidade de glóbulos vermelhos ou hemoglobina no sangue. Essa diminuição compromete a capacidade do sangue em transportar oxigênio. “A anemia não é normal em nenhuma faixa etária. É sempre um sinal de alerta de que algo não vai bem com a saúde dessa pessoa”, afirma o médico hematologista, Dr. Rodolfo Delfini Cançado.

2) CITANDO OS TIPOS

“Existem três tipos principais de anemia: a causada por perda de sangue, a causada devido à diminuição da produção de glóbulos vermelhos e a causada devido ao aumento da destruição de glóbulos vermelhos. Entre as causas da diminuição de produção estão a deficiência do ferro, a deficiência da vitamina B12, a talassemia e as diversas neoplasias da medula”, explica a nutricionista Liane Schwarz Buchman.

Entre as causas mais comuns para a perda de sangue estão o trauma físico e a hemorragia gastrointestinal. Já entre os motivos do aumento da destruição de glóbulos vermelhos estão uma série de condições genéticas como a anemia falciforme, infecções como a malária e algumas doenças autoimunes. Segundo Liane Buchman, a anemia pode ser classificada também com base no tamanho dos glóbulos vermelhos e na quantidade de hemoglobina em cada célula.

Quando as células são pequenas, temos a anemia microcítica, quando são de tamanho normal temos a anemia normocítica e quando são grandes temos a anemia macrocítica. “Dessa forma, o diagnóstico da causa e do tipo de anemia é fundamental para a conduta clínica e nutricional”, frisa a nutricionista.

 3) FERRO DE MENOS NO CORPO FAZ MAL!

A mais frequente entre as causas é a deficiência do ferro, que é causada por uma dieta pobre em ferro ou com falta de absorção do ferro, que se dá fundamentalmente no duodeno, ou ainda por perda de sangue como em mulheres que tem menstruação excessiva ou tumores do tubo digestivo que podem apresentar sangramento.

O ferro está presente no interior dos glóbulos vermelhos e é parte integrante de uma proteína chamada hemoglobina. Os glóbulos vermelhos são as células sanguíneas responsáveis por levar o oxigênio a todas as células do organismo. Temos de quatro a cinco bilhões de glóbulos vermelhos por litro de sangue e cinco vezes mais de hemácias, onde dois milhões são produzidas por minuto. “Ferro de menos no corpo faz mal! Por isso, quando falta ferro, falta oxigênio e isso traz consequências negativas para a saúde”, explica Dr. Cançado.

A pessoa com deficiência de ferro está a um passo de ter anemia ferropriva. “Por exemplo, uma mulher com essa deficiência que engravida, tem 70% de chance em desenvolver anemia nos últimos três meses da gestação. Isso porque a criança precisa de muito ferro para crescer dentro da mãe e obviamente, retira tudo aquilo que ela tem. Aliás, estima-se que mais de 40% das mulheres já tenham deficiência de ferro quando engravidam. A chance de uma criança nascer com essa carência é de 7% se a mãe for normal, mas, de mais de 40% se a mãe já tiver”, enaltece Dr. Cançado.

 4) NÃO ME SINTO MUITO BEM...

A anemia pode acometer qualquer pessoa, mas, sobretudo grupos vulneráveis como crianças menores de três anos, mulheres e gestantes. “Quem sofre com a anemia, pode sentir: cansaço fácil e constante, sem motivo aparente; dor de cabeça, tontura, irritabilidade e falta de atenção”, explica Dr. Cançado. Segundo ele, crianças com deficiência de ferro podem ter dificuldade de aprendizagem, não vão bem na escola, possuem infecções com mais frequência e possuem atraso no crescimento.

Os adultos com anemia toleram menos os exercícios, tem menor rendimento no trabalho, podem ter palpitação, falta de ar, desânimo e às vezes apresentam um quadro simulando a depressão, além de queda de cabelos e unhas mais fracas e quebradiças.

A pessoa com deficiência de ferro pode ter apetite por coisas ou substâncias não alimentares como: terra, gelo, macarrão cru, limão, giz, etc. “Embora o idoso tenha maior tendência a apresentar anemia, a presença desta doença nesta fase da vida via de regra, não deve ser atribuída à idade”, salienta o hematologista.

5) INVESTIGAR É PRECISO!

A investigação da anemia é tão importante quanto o tratamento da mesma. “Isso porque a anemia é um sinal de alerta de que alguma coisa está errada com a saúde da pessoa. Muitas vezes, o primeiro sinal de um tumor de estômago ou de intestino (cólon) é a anemia. Portanto, se não for investigado, pacientes com anemia podem estar perdendo a chance de fazer o diagnóstico de um tumor numa fase ainda potencialmente curável”, explica Dr. Cançado.

Segundo o hematologista, é preciso procurar a ajuda do médico. O diagnóstico de anemia é importante, mas a pessoa não deve ficar sossegada enquanto a causa da anemia não for esclarecida. Para o diagnóstico da deficiência de ferro e de anemia ferropriva é preciso: dosagem da ferritina e hemograma que forneça quantidade de hemácias e de hemoglobina. Tanto o hemograma quanto a ferritina.

6) XÔ ANEMIA!

No Brasil, as farinhas de milho e trigo são enriquecidas com ferro desde 2004, sendo que, a cada 100g de farinha, obtêm-se 4mg de ferro. Consumir alimentos fortificados também pode auxiliar na reposição e manutenção do consumo desses micronutrientes. Vegetarianos devem ficar sempre atentos às deficiências de ferro e vitamina B12 e suplementar quando necessário.

Segundo a nutricionista Liane Schwarz Buchman é importante aumentar o consumo de alimentos ricos em ácido fólico (vitamina B9): agrião, brócolis, espinafre, couve, alface, fígado, carnes, feijão, aveia, centeio, iogurte, banana, melão, mamão, abacaxi, ostras, ovos, couve-flor, repolho, laranja, quiabo, lagosta, manga, beterraba, pão integral, lentilha, tomate e caqui.

Outros alimentos sugeridos são os ricos em vitamina B12, como a carne vermelha e as demais proteínas animais como frango e fígado.

7) SUPLEMENTAÇÃO É NECESSÁRIA

Uma dieta rica em ferro pode ser suficiente para prevenir a deficiência da substância, mas pessoas com essa carência precisam ser tratadas com medicamentos com ferro. Aliás, a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde do Brasil já recomendam o uso de compostos de ferro nestas situações.

A OMS e várias entidades de classe, pediatria, ginecologia, recomendam o uso de medicamentos com ferro para crianças após retirada do leite materno até os dois anos de idade e para as gestantes a partir do início do segundo trimestre até três meses após o parto.

O tratamento com medicamentos a base de ferro compreende os sais ferrosos como o sulfato ferroso e os sais férricos, como a ferripolimaltose, que é o medicamento mais utilizados no âmbito privado para o tratamento da deficiência de ferro. “Dessa forma, a conduta nutricional e clínica deve ser pautada em investigações laboratoriais e clínicas. A suplementação indevida pode ser bastante perigosa, podendo aumentar a produção de radicais livres, causar intoxicações, distúrbios gastrointestinais, entre outros”, enaltece Liane Buchman.

Em casos de grande deficiência desses minerais e vitaminas, existe a necessidade de suplementação, que costuma ser eficiente  após período de três meses, onde o paciente é reavaliado com exames laboratoriais e clínicos. Em alguns casos, com pacientes que sofreram hemorragias, ou com problemas intestinais que dificultem à absorção (no caso de bariátricos, pessoas com intestino irritável, colites) a suplementação pode ser mais eficiente quando injetada.

8) ONDE ENCONTRAR?

Ferro: pode ser encontrado em carnes vermelhas e carnes em geral e em vegetais verde escuro, ele pode também ser associado à vitamina C, como frutas cítricas ou o suplemento de vitamina C. A suplementação de sulfato e glicinato de ferro pode ser feita por via oral ou injetável.

B12: pode ser encontrada em carnes ou através da suplementação via oral ou injetável de cianocobalamina.

B9 e B6: podem ser encontradas em carnes, cereais integrais ou através da suplementação via oral ou injetável.

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