Vamos direto ao ponto. Hipercalóricos são suplementos ricos em calorias, como o próprio nome já diz. Mas, somente saber que possuem altas quantidades de calorias não nos diz muita coisa, precisamos entender a qualidade dessas calorias. Basicamente, dentro dessa quantidade de calorias, predominam dois macronutrientes: os carboidratos e as proteínas e em pequenas quantidades, os lipídeos.
Os carboidratos, na maioria das vezes, são a maltodextrina e, em alguns casos, o waxy maize, o primeiro sendo um carboidrato de absorção mais rápida e o segundo de menor absorção. Já em relação às proteínas, elas são compostas de proteínas do soro do leite, proteínas da carne e da soja.
A concentração dos três macronutrientes e também a presença ou não de micronutrientes determinará a qual classe o produto pertence. “Analisando apenas um dos aspectos para classificação dos carboidratos, pode-se dizer que um substitutivo de refeição terá entre 50 e 70% de concentração glicídica (carbo), já um suplemento energético terá pelo menos 75% de sua energia proveniente dos carboidratos”, afirma o nutricionista Diogo Círico.
Carboidratos, proteínas e gorduras (nutrientes presentes nestes suplementos) são usados pelo organismo para formação de energia, para contração muscular, manutenção das atividades vitais como sistema imune, entre outras funções orgânicas. “Os hipercalóricos servem como estratégia para que os indivíduos consigam atender as necessidades de ingestão calórica diária. Estes suplementos podem ser considerados uma refeição líquida”, explica Diogo.
HIPERCALÓRICO: QUEM O CONSOME?
“Os hipercalóricos são utilizados por pessoas com dificuldade em ganhar peso, mas devemos ter muito cuidado com essa interpretação, uma vez que aumentar o peso não necessariamente vai refletir em aumento de massa muscular”, explica o nutricionista Jean Carlos Silvestre.
Segundo o profissional Jean Silvestre, eles são indicados para pessoas com dificuldade em ganhar peso e que muitas vezes tem um gasto energético elevado, por exemplo: “Um indivíduo que precisa aumentar ou manter o peso, mas que se exercita várias vezes ao dia devido ao seu período de treinamento ou em contrapartida, pessoas que precisam ter um controle maior de sua gordura corporal não são indicados para o consumo de hipercalóricos, uma vez que a alta quantidade de calorias pode sim aumentar o acúmulo de gorduras corporal”.
Distinguindo homens e mulheres, há diferença quanto ao consumo? “Não necessariamente, pois não é somente o gênero que irá determinar esta diferença de quantidade de consumo. Composição corporal, nível de treinamento, tipo de treinamento e consumo alimentar diário são outros fatores que influenciam diretamente no consumo”, explica o nutricionista Humberto Nicastro.
O momento ideal para começar e também parar de usar irá depender de alguns fatores e o principal deles é o acompanhamento com um nutricionista qualificado, uma vez que a alimentação fará toda a diferença entre o start para o uso do suplemento e o momento de parar.
Segundo o nutricionista Jean Carlos Silvestre, a quantidade ideal pode variar entre uma única dosagem e duas ou três e vai depender das variáveis que influenciam. Quanto maior o ritmo de treinos que a pessoa realizar, ela consequentemente, precisará de um consumo calórico maior. “Quanto menor o consumo de calorias dos alimentos que a pessoa faz, mais ela precisará do suplemento para manter ou aumentar o peso, mas sempre lembrando, muito cuidado com os exageros, principalmente por se tratar de um suplemento com muitas calorias”, explica o profissional.
Para Diogo Círico, uma forma de estimar a necessidade calórica e assim programar o consumo do hipercalórico é fazer o seguinte cálculo: 30 a 50kcal multiplicado pelo peso do indivíduo. Quanto mais intensa e frequente for a rotina de treino do indivíduo, mais próximo de 50kcal/kg/peso. Quanto menos intensa e frequente for a rotina de treino do indivíduo menor será a necessidade calórica e por isso mais próximo de 30kcal/kg/peso.
Este cálculo fornecerá o valor calórico total no dia, a sugestão é dividir este valor pelo número de refeições que são feitas durante o dia, assim obtêm-se um valor mediano, programando uma porção de hipercalórico que seja referente ao valor calórico encontrado.
Exemplo de caso clínico:
Indivíduo com 70kg, 6 meses de treino e que consegue fazer 5 refeições ao dia. Neste caso usaremos o valor de 40kcal, para cada kg de peso.
Quantidade de calorias em cada refeição = peso X valor calórico escolhido / número de refeições possíveis.
70 X 40 / 5 = 560kcal em cada refeição.
“Este indivíduo precisará consumir 560kcal em cada refeição. Seja através de alimentos sólidos ou através do hipercalórico”, prescreve o nutricionista.
OS HIPERCALÓRICOS CAMPEÕES SÃO...
A eficiência é proporcional a característica da dieta. Se a dieta tem a característica de ser hiperproteica, os hipercalóricos com maior quantidade de proteína serão mais eficazes por seguirem o padrão dietético. O mesmo vale para carboidratos.
“É importante ressaltar que os ingredientes que compõe o suplemento são de extrema importância, pois irão determinar a qualidade do mesmo. Por exemplo, um hipercalórico pode ter um bom teor de carboidratos, mas feito exclusivamente de maltodextrina, considerado um carboidrato de alto índice glicêmico e baixa qualidade nutricional para substituir refeições. Ou ainda, um bom teor de proteínas, mas compostas de albumina que é uma proteína de baixo valor biológico. Mais importante que olhar a quantidade de nutrientes é olhar a qualidade dos mesmos”, afirma Humberto Nicastro.
Para Diogo Círico, a eficiência ou não de um suplemento também dependerá da capacidade de atender as necessidades de um indivíduo. “Os nutrientes são usados por nosso organismo de acordo com a necessidade e não pela sua oferta, por isso é preciso analisar a demanda nutricional do indivíduo, verificar as características da dieta praticada e assim escolher o suplemento que atenderá as necessidades por nutrientes, com base nos ingredientes usados na fabricação do produto”, afirma o nutricionista.
Para o profissional, via de regra, os suplementos com nutrientes de média e lenta velocidade de digestão são indicados para refeições aleatórias ao longo do dia, tais como café da manhã, lanches, jantar. “Já os suplementos confeccionados com ingredientes de rápida velocidade de digestão, serão mais indicados para refeições que cercam o treinamento, de pré ou pós-treino”, afirma e exemplifica:
Ingredientes médio-lenta digestão:
- Carboidratos: batata doce em pó e waxy maize
- Proteínas: albumina e proteínas vegetais
Ingredientes rápida digestão:
- Carboidratos: maltodextrina e dextrose
- Proteínas: whey protein concentrada e isolada
OS BENEFÍCIOS DOS HIPERCALÓRICOS SÃO:
- Aumento do peso, tanto em percentual de gordura quanto de massa magra;
- Balanço energético da dieta;
- Melhor desempenho durante os treinos;
- Reconstrução e ganho de massa muscular.
LEMBRETE IMPORTANTE:
“Hipercalóricos são substitutos parciais de refeições. Como todo suplemento, o consumo deve estar alinhado com a dieta. Devem ser utilizados como substitutos parciais de refeições, principalmente para lanches intermediários ou momentos do dia onde não é possível se alimentar adequadamente. Porém, não substituem completamente uma refeição balanceada”, enaltece o nutricionista, Humberto Nicastro.
FONTES CONSULTADAS:
Diogo Círico: Nutricionista esportivo funcional da Growth Supplements. CRN 10 - 2067
Humberto Nicastro: Nutricionista clínico do Institutobody4life e consultor Integralmédica
Jean Carlos Silvestre: Nutricionista e mestre em Ciências da Saúde (UNIFESP). CRN 3 - 38744
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