Não confunda tênis de mesa com pingue-pongue. Os dois podem até apresentar algumas semelhanças, mas um é esporte e o outro é simplesmente lazer. Inicialmente encarado como brincadeira, o desenvolvimento da modalidade começou com regras bem similares às do tênis de quadra. O grande passo dado pelo esporte veio em 1890, com a introdução da bola de celulóide, perfeita para a prática.
A partir dali o tênis de mesa começou a dar passos largos rumo à modernização. Em 1900, o esporte chegou à China, introduzido por ocidentais. Nas décadas seguintes, a competição foi dominada pelos europeus. O reconhecimento do Comitê Olímpico Internacional veio em 1977. Quatro anos mais tarde, essa modalidade foi aceita nas Olimpíadas.
O tênis de mesa é o esporte de raquete que mais produz efeito na bola: ao todo são 50 rotações por segundo. Os jogadores de alto nível trocam as borrachas de suas raquetes constantemente (toda semana) devido ao seu gasto natural que faz com que elas não estejam produzindo a mesma velocidade e rotação na bola.
Nos últimos Jogos Olímpicos, os olhos dos brasileiros certamente tiveram atenção redobrada a este esporte, afinal tínhamos uma fera, em destaque. O jovem Hugo Calderano era promessa de bons resultados. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, Hugo vive atualmente em Ochsenhausen, na Alemanha. Aos 20 anos, ele participou de sua primeira Olimpíada, mas deixou o sonho de lado, quando foi derrotado na quarta rodada da disputa individual da modalidade, pelo então sexto lugar do mundo.
As Olimpíadas certamente seriam uma vitória e tanto no currículo de Calderano, mas a experiência valeu e muito. “É muita emoção participar deste campeonato em casa e com a torcida de tantas pessoas. O tênis de mesa não é um esporte popular e foi um momento muito importante para mim. Saí muito feliz e emocionado”, conta.
O atleta soma bons campeonatos na carreira, como por exemplo o ouro no torneio individual dos Jogos Pan-Americanos de Toronto em 2015, mas o futuro está apenas por vir. “A medalha de bronze conquistada nas Olimpíadas da Juventude, em 2014, teve um significado especial por ter sido a primeira medalha olímpica do tênis de mesa brasileiro. Em seguida, posso falar sobre o título panamericano. Ele foi especial porque me classificou para os Jogos Olímpicos do Rio 2016”, lembra com saudades.
O atleta tem agora como objetivo uma medalha olímpica que poderá vir nos Jogos de Tóquio 2020. Além disso, Calderano busca chegar ao Top 10 do ranking mundial. O maior feito até o momento foi o ocorrido no início de 2017, quando ele passou a ocupar a 20ª colocação do ranking mundial, o que o fez alcançar a melhor marca de toda sua carreira.
Em 2013, Hugo foi considerado o mais jovem mesatenista a vencer uma etapa do Circuito mundial da ITTF e o primeiro a vencer no mesmo ano etapas do Circuito Mundial Juvenil e Adulto.
Hugo Calderano iniciou sua vida no tênis de mesa bem cedo, aos oito anos, quando tinha Ricardo Jantzen, do Fluminense, como treinador. Lá ele chegou levado pelo pai e inicialmente treinava apenas no clube, mas logo de cara, apresentou aptidão para o tênis e decidiu investir nessa modalidade.
As competições profissionais começaram a acontecer aos 12 anos, com provas inclusive em terras estrangeiras. Seis anos depois, aos 18, Calderano foi contratado por um clube alemão pelo qual joga na liga alemã até os dias atuais. No país europeu, ele é treinado pelos profissionais Jean René Mounie (técnico da seleção brasileira) e Dubravko Skoric (técnico do Ochsenhausen).
Com total apoio e incentivo recebidos pela família, Hugo levou seu primeiro título para casa quando tinha apenas dez anos. “O tênis de mesa me ensinou a respeitar o adversário, tanto na vitória, como na derrota. Meu maior diferencial neste esporte é a minha força mental e a minha recepção. A força de vencer me move dentro do tênis de mesa”, afirma.
Os olhares e os gestos precisos de Hugo são sua marca registrada a cada partida. E por falar em partida, as internacionais são disputadas em melhor de sete sets (com quatro sets vencedores). Cada set é de 11 pontos, precisando vencer com diferença mínima de dois pontos. Cada jogador saca duas vezes. Com o placar 10-10, cada jogador passa a sacar apenas uma vez. O saque deverá ser repetido quantas vezes a rede for ‘queimada’.
Para Hugo Calderano, quem quiser arriscar o tênis de mesa como profissão, deve ter muita habilidade, um preparo físico e mental, além de dedicar muitas horas de treino na mesa, por ser este um esporte muito técnico.
TREINANDO UM CAMPEÃO
Para mostrar toda a habilidade que Hugo Calderano demonstra nas competições, é preciso treino forte e supervisionado. Para isso, o atleta treina geralmente de segunda-feira a sábado. As partidas acontecem na maioria das vezes aos domingos. Ao todo, são seis horas dedicadas na segunda, terça, quinta e sexta-feira, três horas na quarta e no sábado. Quando não está competindo, tem nos domingos os dias de folga e nessas horas vagas, ele aprende alemão, joga video game e curte momentos para prática do cubo mágico.
Além dos treinos com a utilização da companheira raquete, que são feito na maioria dos dias, Hugo dedica horas para diferentes tipos de preparação física, como musculação, trabalho funcional, abdominais, coordenação, agilidade, muito trabalho de pernas, exercícios preventivos e alongamentos, que são fundamentais. O foco principal do atleta está nas pernas e nas costas, frisando força e fortalecimento.
“As competições são distribuídas durante o ano todo, sempre com jogos da Liga Alemã, Champions League e campeonatos internacionais. Então temos que tentar manter sempre o mesmo ritmo de treinos durante toda a temporada. Antes de competições mais importantes, como Mundiais e Olimpíadas fazemos uma preparação um pouco mais específica, mais focada”, conta.
Obviamente não é só dos treinos que o atleta Hugo Calderano precisa para se apresentar muito bem em quadra. A alimentação é fundamental nesta preparação. O tênis de mesa não exige nada muito específico por parte dele, mas o atleta é orientado por Roberta Lima, nutricionista no Time Brasil, que trabalha com a equipe de Judô. “Não há necessidades específicas da modalidade, mas sim um trabalho de alto rendimento. Eu viajo muito pra competir e tenho que me adaptar ao que estiver disponível”, frisa o atleta.
Calderano come de tudo, mas sempre com muito equilíbrio. “Por exemplo, eu não frequento restaurantes fast food e nunca bebo refrigerantes, sucos industrializados e muito menos álcool; só fico na água”, diz. Para ajudar a balancear o cardápio, Hugo consome palatinose e BCAA durante os treinos. “Com os suplementos alimentares, sinto que posso suprir minhas necessidades com mais facilidade e consigo render mais no treino”.
Hugo Calderano altera a alimentação de acordo com o que estiver disponível no local. “Como viajo muito, acabo não podendo escolher exatamente o que quero comer. Mas em geral, não faço mudanças muito grandes. Sempre mantenho o mesmo peso sem me preocupar com isso. Acho que meu peso atual é o ideal para a minha performance no tênis de mesa”, conta. Ao todo, são cinco refeições consumidas diariamente. “Como não tenho uma alimentação tão restrita, não preciso me preocupar com isso. Mantenho meus hábitos mesmo em dias de folga, sem problema algum”, finaliza.
Hugo Marinho Borges Calderano
Data de nascimento: 22/06/1996
Local de nascimento: Rio de Janeiro/RJ
Modalidade: Tênis de mesa
Peso: 73kg
Altura: 1,81m
Equipe: Ochsenhausen (Alemanha)
Patrocinadores: Cornilleau
Principais títulos:
2016:
- Campeão do Torneio de duplas do Aberto da Suécia
- Medalha de prata individual do Aberto da Áustria
- Campeão da Copa Latino-Americana, Guatemala
- Campeão sub-21 do Aberto do Kuwait
Tricampeão Latino-Americano, 2014,2015 e 2016
2015:
- Campeão dos Jogos Pan-Americanos, Toronto
2014:
- Medalha de bronze dos Jogos Olímpicos da Juventude, Nanquim
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