No Hortifruti desta edição a escolha da vez é o caju. O fruto, que é a castanha, é ligado a um pedúnculo comestível, carnoso, suculento e rico em vitamina C. Da castanha obtém-se a amêndoa que é um alimento de sabor agradável e de alto valor nutricional, apresentando, em sua constituição, 21% de proteína, 47% de gordura e 22% de hidratos de carbono. O seu baixo teor de carboidratos, menos de 1% de açúcar solúvel, é responsável pelo sabor agradável.
O pedúnculo ou pseudofruto pode variar em cor desde o amarelo canário a vermelho, a maioria das espécies tem sabor doce e outras podem apresentar gosto azedo devido ao PH um pouco mais baixo e a presença de taninos.
Diversos produtos são derivados do cajueiro. Do pedúnculo, são obtidas bebidas, como por exemplo a cajuína, o suco integral, os néctares, os licores, os refrigerantes e a aguardente. “Podemos também produzir diferentes tipos de doces como, por exemplo, o doce em massa, em calda, geleia, seco, cristalizado, rapadura, caju ameixa, etc”, enaltece o engenheiro de alimentos, Raimundo Marcelino da Silva Neto.
A castanha-de-caju é considerada uma fonte de proteína de alta qualidade, rica em ácidos graxos de grande valor energético e insaturados, sendo os principais os ácidos oleico e linoleico, além de apresentar elevado teor de ferro, fósforo e vitaminas do complexo B, contribuindo com percentuais significativos da necessidade diária de nutrientes e calorias. É, portanto, recomendado para pessoas que sofrem de diabetes e obesidade, pelo seu reduzido teor de açúcares e equilibrado valor energético.
Para melhor compreensão é necessário dizer que o caju é formado por duas porções comestíveis: o verdadeiro fruto, a castanha de que se extrai a amêndoa, a parte comestível e o falso fruto que pode ser consumido na forma in natura ou transformado em sucos, doces, farinhas, bebidas fermentadas, alimentação animal e na culinária.
A amêndoa da castanha é a principal parte do caju, consumida em praticamente todo o mundo. Já o pedúnculo, tem o seu consumo limitado em alguns países produtores de caju. No Brasil, existe a tradição do consumo de produtos obtidos do pedúnculo do caju.
Podemos afirmar que o Brasil é o único produtor mundial de castanha-de-caju com um parque de processamento industrial para industrializar o pedúnculo do caju formado por cinco grandes fábricas que processam anualmente cerca de duzentas mil toneladas de caju.
O suco é comercializado principalmente na forma de suco integral, néctar, refrigerante e a cajuína, bebida 100% natural do caju. Esses produtos possuem uma grande aceitação pela população brasileira sendo inclusive exportado para vários países da Europa e América do Sul. Já o consumo de amêndoa de castanha-de-caju no Brasil nos últimos cinco anos foi em média de 11,9 toneladas/ano, evidenciando crescente aumento do consumo per capita.
O CAJU PELO MUNDO
O cajueiro no Brasil é disseminado em todo o território sendo encontrado amplamente disseminado no litoral nordestino, compondo a vegetação de praias, dunas e restingas. “Também faz parte da paisagem em plantios espontâneos na região amazônica e no cerrado. No entanto em termos de importância econômica, a sua exploração concentra-se no Nordeste, principalmente nos estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, com mais de 97% da produção de castanha-de-caju”, explica o engenheiro agrônomo Francisco Fábio de Assis Paiva.
A maior parte, aproximadamente 65% da produção de amêndoa de castanha de caju processada no Brasil tem destino ao mercado externo.
TENHA UM CAJUEIRO EM CASA!
Com tantos benefícios até surge a ideia de levar um cajueiro para a casa, não é mesmo? Mas como plantá-lo? Os engenheiros Francisco Fábio de Assis Paiva e Raimundo Marcelino da Silva Neto falam a respeito: “Normalmente o cajueiro é plantado em locais arejados, solos bem drenados, profundos e que permita o seu cultivo com aplicação das práticas recomendadas pelo sistema de produção. Quando o cajueiro é plantado por semente o seu crescimento pode atingir até 15m de altura”.
Os profissionais sugerem ainda plantar mudas enxertadas e, de preferência, oriundas de cajueiro anão precoce que tem menor crescimento. “Para os dois modelos sugeridos recomenda-se a realização de poda anual da planta, suprimindo galhos laterais e do crescimento apical com objetivo de impedir o crescimento desordenado”, explicam.
LEVE O CAJU PARA A SUA MESA!
A nutricionista Any Carolinne Moura compartilha duas receitas de dar água na boca: uma opção salgada e outra doce. Bora cozinhar?
Risoto de Caju
Opção vegana (rende 2 porções)
Ingredientes:
3 unidades de cajus pequenos (sem castanha) em tiras
1 dente de alho, picado ou amassado
1 colher (sopa) de cebola picada
1 colher (sopa) de tomate picado
1 colher (sopa) de azeite de oliva extra virgem
1 colher (sopa) de vinagre de maçã ou suco de ½ limão
1 xícara (chá) de arroz cozido com cenoura
Sal, coentro, cebolinha, açafrão em pó, pimentinha de cheiro, pimenta do reino e cominho e pó (a gosto)
Obs.: A pimenta do reino e o cominho em pó são opcionais.
Modo de preparo:
Lave e higienize os cajus. Corte as pontas das duas extremidades e esprema bem para retirar o máximo de suco. Refogue a cebola e o alho no azeite. Acrescente o caju sem caldo e adicione o vinagre (ou limão). Deixe cozinhar até ferver e adicione o pimentão e o tomate. Tempere com sal, pimenta do reino, cominho (opcional) e deixe cozinhar bem. Acrescente o caldo do caju e deixe cozinhar por 10 minutos. Acrescente 1 xícara e ½ de chá de arroz já cozido + 1 xícara de café de água. Deixe cozinhar por mais 10 minutos e adicione o cheiro verde, mexa e tampe. Está pronto para servir!
Dica: Você pode acrescentar castanha de caju triturada, para ficar crocante
Suco de caju
Ingredientes:
1 caju grande
5 a 10 folhas de hortelã ou a gosto
1 copo médio de água
1 colher (café) de gengibre ralado (opcional)
Modo de preparo:
Separe a semente do pedúnculo (parte carnosa). Corte as pontas das duas extremidades em pedaços menores e processe no liquidificador com água e hortelã.
DICA DA NUTRI
“A quantidade de caju indicada para consumo é igual a outras frutas, ou seja, uma porção, mas como a fruta pode variar em tamanho de acordo com o tipo. Por exemplo: 1 copo de suco (240ml - média) = 1 copo médio (não cheio, 200ml) de água + 1 caju grande ou 2 pequenos. No decorrer do dia seguir um consumo variado em frutas”, sugere Any Carolinne Moura.
ATENÇÃO!
Pessoas com doença renal devem evitar o consumo da castanha de caju, devido ao alto teor de fósforo. “Para que tem hábitos intestinais mais constipante, o consumo deve ser moderado, pois pode piorar”, salienta a nutricionista Any Carolinne Moura.
FONTES CONSULTADAS
Any Carolinne Moura: Nutricionista. CRN6: 19994
Francisco Fábio de Assis Paiva: Engenheiro Agrônomo, MSc. em Tecnologia de Alimentos. Pesquisador – Embrapa Agroindústria Tropical
Raimundo Marcelino da Silva Neto: Engenheiro de Alimentos, DSc. em Tecnologia de Processo Químico e Bioquímico. Analista – Embrapa Agroindústria Tropical.
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