Que atire a primeira cápsula quem nunca comprou uma fórmula que prometia emagrecimento rápido sem precisar fazer dieta ou exercício. Se tu és uma daquelas raras pessoas que nunca se deixou enganar pelas propagandas sedutoras de fitoterápicos milagrosos, parabéns! Mas, se você faz parte da maioria que já caiu nesta ‘tentação’, a partir de agora terá argumentos para não mais ser persuadido.
O uso terapêutico das plantas medicinais já é bem conhecido e reconhecido, com atuação ampla em áreas diversas como, por exemplo, no emagrecimento, dislipidemia, hipertensão, diabetes, ação anti-inflamatória, antioxidante, melhora do sistema imune, coadjuvante no tratamento de dores e lesões, depressão, melhora do sono, aumento de força e resistência e por aí vai.
O tema é abrangente e facilmente dispersaríamos em sua complexidade, então vamos focar no possível efeito promotor da fitoterapia em um tema que está sempre em alta: o emagrecimento.
Geralmente utilizamos os fitoterápicos a favor do emagrecimento em três diferentes frentes:
1. Controle da fome e da saciedade;
2. Diminuição da absorção daquilo que está sendo ingerido;
3. Aumento do metabolismo, usando a fitoterapia para aumentar a capacidade do organismo em queimar gorduras.
Em primeira instância, a avaliação clínica (que inclui exames bioquímicos, presença de doenças e uso de medicamentos), a dieta e a regularidade de atividades físicas do indivíduo em questão devem ser consideradas, para posteriormente ser elaborada uma fórmula que otimize o processo de perda de peso. Por isto, apesar do efeito sedutor que a indústria exerce ao falar de fórmulas, é importante que seja prescrito por um profissional da saúde.
Atualmente, temos disponíveis muitos ativos para serem usados nestas frentes e a cada dia surgem outros tantos. Dentre os mais comuns, e que já apresentaram efetividade, podemos citar gymnema silvestre, garcinia cambojia, laranja moro, spirulina, cactácea cereus, Illex Paraguaienses, Coordia Salicifolia, faseolamina, casseolamina, quitosana, cascara sagrada, chá verde, cafeína, curcumina, piperina, dentre outros.
Mas atenção! Os fitoterápicos são ativos isolados. O uso de somente um ativo dificilmente terá condições de influenciar seu organismo na perda de peso, sendo assim, a prescrição combinada, ou seja, com dois ou mais ativos, agindo em sinergia, trará melhores resultados. Ainda podemos associar aminoácidos, vitaminas e minerais como, por exemplo, triptofano, fenilalanina, carnitina, picolinato de cromo e magnésio, para potencializar o efeito desta combinação de fitoterápicos. Mas, as considerações não param por aí, além da efetividade ser dependente da sinergia dos elementos da fórmula, ainda deve-se considerar as doses, distribuição ao longo do dia, o momento de ingestão e a duração do tratamento.
O momento da ingestão é muito importante, pois há ativos que são melhores absorvidos de estômago vazio, enquanto outros, melhores quando ingeridos com refeição e ainda há ativos que, se tomados em um mesmo momento, diminuem o efeito de um do outro, o que mostra o grave erro de muitas pessoas que, por ‘praticidade’ (ou preguiça mesmo), colocam as cápsulas de todas as fórmulas do dia na palma da mão e ingerem todas de uma vez, achando que assim garantiu que todos os ativos farão função daquele dia. Ingênuo engano. Esta atitude pode não só diminuir a ação dos ativos como inclusive anular alguns deles. Portanto, respeite a prescrição, tanto a dose como o momento indicado a ser ingerido. Quem acha que é trabalhoso cumprir horários em um protocolo que promove saúde, certamente terá que arranjar um tempo maior para cumprir horários com medicamentos no futuro para tratar doenças.
Outros dois pontos que considero importantes e que percebo como dúvidas muito comuns em consultório são relacionadas as quantidades de cápsulas a serem ingeridas e o tempo para que se percebam os resultados. Os pacientes precisam ser orientados sobre as diferenças quando o tratamento é por fitoterapia, para que não se assustem quando comparam com os tradicionais tratamentos alopáticos, onde são usadas substâncias de origem não só vegetal e que por isto possíveis de serem usadas em doses menores e com resultados mais rápidos.
Por serem exclusivamente de ordem vegetal, para que se tenha o efeito, existe uma dose mínima do fitoterápico, que normalmente é maior do que ativos de outras origens, além do fato que também normalmente são usados dois ou mais ativos. Muitas vezes, só um ativo já ocupa uma cápsula com capacidade de 500mg, que é uma capsula de tamanho bem aceito para deglutição. E pela mesma razão de sua origem ser vegetal, é que o tempo para que se perceba resultados é maior, quando comparado a alopatia. A grosso modo, é como se os recursos alopáticos fizessem o trabalho pelo seu corpo e a fitoterapia ensinasse o seu corpo a fazer o trabalho. O processo é mais lento, porém, respeita mais sua saúde, e tende a ser duradouro.
Mas cuidado! O fato de ser ‘natural’ não isenta o fitoterápico de fazer mal. Eles tendem a apresentar menos efeitos colaterais, mas o uso sem orientação devida pode sim causar efeitos adversos, ou ainda, se usado abaixo da dose mínima, não causar efeito algum e de nada vai adiantar tomar mais do que o indicado, achando que assim terá mais efeitos.
Vale aqui o ditado ‘a diferença entre o veneno e o remédio é a dose’. Por isto, antes de sair gastando com aquela fórmula milagrosa que viu na televisão ou no instagram de alguém que você é fã, invista em um acompanhamento profissional, para atingir saúde e boa forma duradouros.
Dra. Luana Santos
Nutricionista - CRN3 48800
Pós-Graduanda em Fitoterapia e Suplementação Clínica e Esportiva
Atleta Bikini/IFBB, Atleta Wellness/IFBB, Preparadora de atletas no fisiculturismo, Preparadora de atletas no endurance, 20 anos de experiência no esporte
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