SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Fitoterapia na infância

O uso de fitoterápicos em nutrição na infância: quando são recomendados e quais os cuidados

Fitoterapia na infância Cada organismo é único e reage de uma forma. Muitas vezes o que deu certo para uma criança pode não dar certo para outra.
Crédito: BANCO DE IMAGENS
A prática da fitoterapia em crianças é muito comum como alternativa para alguns problemas de saúde, porém na grande maioria das vezes, esse costume é realizado sem supervisão de um profissional de saúde, por acreditar-se estar tratando de algo natural que não irá trazer qualquer malefício.

Atualmente, muitas pessoas procuram métodos mais naturais para tratar as doenças de seus filhos, seja em menor quantidade como forma de complemento ao tratamento alopático ou na espera de menores efeitos colaterais. Com isso, o uso de plantas medicinais e fitoterápicos começaram a ganhar muito mais destaque como forma de tratamento alternativo.

Assim, a fitoterapia ganhou muito mais espaço e se amplificou. O conhecimento científico aliado ao conhecimento popular, muitas vezes pode gerar confusão para as pessoas, principalmente quando se trata de crianças. Afinal alguém sempre tem alguma receita caseira para aquele resfriado ou para aquela tosse, por isso precisamos ficar atentos.

É preciso ter em mente que o uso de qualquer tipo de medicamento e/ou fitoterápicos em crianças precisa de acompanhamento de um profissional habilitado, visto que a utilização inadequada de plantas, ainda que haja benefícios, seja de nossos antepassados e esteja tradicionalmente arraigados em nossa cultura. 

O mito de que por ser natural não faz mal, não o isentam de efeitos colaterais, sem contar a administração de forma inadequada, podendo causar danos à saúde.

As funções hepáticas e renais das crianças ainda estão em fase de amadurecimento. Mesmo que lhes seja ofertado um simples chá, eles podem ser metabolizados de forma diferente de um adulto, o que pode acarretar em efeitos tóxicos.

O uso de fitoterápicos em criança varia de acordo com a idade e com recomendação de um profissional, seja médico ou nutricionista com especialização em fitoterapia e que tenha título para prescrição. 

O tipo de erva e a dosagem irá depender da idade da criança. Algumas são recomendadas somente após os dois anos, outras após os quatro anos, outras ainda após os 12 anos, por exemplo. As formas mais usuais para o consumo são chás ou xaropes.

Pesquisas mostram que ervas como camomila, erva doce e hortelã são comumente ofertadas para bebês para alívio de cólicas e como calmantes, embora sejam claras as recomendações do Ministério da Saúde que, crianças até os seis meses de idade devem receber apenas leite materno ou, na impossibilidade, a fórmula infantil indicada pelo pediatra. Outro exemplo muito comum é o eucalipto, que é recomendado somente após os dois anos e é frequentemente utilizado para afecções respiratórias. 

Muitos fitoterápicos como alho, erva doce, boldo, eucalipto, alcaçuz, camomila, melissa, cidreira, hortelã, passiflora (maracujá) e guaraná não precisam de prescrição do nutricionista ou do pediatra e por isso tem a facilidade na aquisição e uso. Mas, isso não implica na ausência dos efeitos colaterais. Por exemplo, a camomila em excesso pode causar distúrbios digestivos, a dose excessiva de passiflora pode causar efeito contrário. Por isso, é sempre importante consultar um profissional antes de utilizar esses produtos com finalidade terapêutica em seus filhos.

Para crianças maiores, às vezes as pessoas até pensam em utilizar as mesmas plantas que são utilizadas para adultos, principalmente quando se trata em casos de crianças e adolescentes que estão com sobrepeso e/ou obesidade. Alguns estudos têm sido realizados, mas ainda não há nada conclusivo; a maioria são realizados com adultos. Portanto, mais uma vez fica o reforço de nunca administrar nada sem orientação profissional, pois a fitoterapia em crianças é algo muito delicada, pois pode ocorrer intoxicação ou reações adversas e nos pequenos, pode ser fatal. 

Outro ponto importante é que cada organismo é único e reage de uma forma. Muitas vezes o que deu certo para uma criança pode não dar certo para outra. Antes da prescrição de um fitoterápico, a conduta mais adequada é a avaliação criteriosa através de exames bioquímicos. Também se certifique de que o nutricionista está devidamente habilitado para prescrever. 

De acordo com a Resolução CFN nº 525 de 2013, todos os nutricionistas podem prescrever plantas medicinais e chás medicinais, porém somente aqueles que possuem títulos de especialistas podem prescrever medicamentos e produtos fitoterápicos. 

Danielle Bonfim das Chagas Fava

Nutricionista

CRN3 26112

Graduada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, pós-graduada em Saúde da Família pela UGF e realizou curso livre de Psicanálise Clínica- Associada à Sociedade Paulista de Cardiologia (SOCESP), participante dos cursos de atualização profissional promovidos pelo Grupo de Estudos em Nutrição e Cardiologia (GNEC) e a Associação Paulista de Nutrição (APAN) e a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN).- Profissional com 8 anos de experiência em nutrição clínica e ambulatorial, desenvolvidos em hospital, consultório, ambulatório e unidade básica de saúde, com foco em nutrição clínica, materno-infantil, geriatria/gerontologia, psicologia da alimentação e educação nutricional.- Trabalha com abordagem da Nutrição Comportamental e conceitos da Alimentação Intuitiva e Consciente (Intuitive Eating e Mindful Eating)

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