SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Alimentação na escola

Como cuidar do que os nossos filhos comem quando estão longe

Alimentação na escola O maior desafio dos pais é manter sempre uma lancheira com alimentos frescos, saudáveis e variados diariamente.
Crédito: BANCO DE IMAGENS
A volta às aulas traz algumas preocupações para os pais, que vão desde a adaptação escolar até o que os pequenos irão comer enquanto estiverem na escola. Tais preocupações são muito importantes, uma vez que, na atualidade, temos uma incidência de obesidade infantil alta e transtornos alimentares logo na infância, além de um ambiente obesogênico que, mesmo que a criança não esteja acima do peso, pode ocasionar diversos problemas para a saúde atual e futura.

Três situações podem ser vivenciadas pelos pais em relação a alimentação de seus filhos na escola e cada uma delas requer um manejo diferenciado:

A primeira situação é aquela em que a criança leva o lanche de casa. Neste caso, os pais são os principais responsáveis por aquilo que vai na lancheira dos filhos, principalmente quando as crianças são mais novinhas. Em geral, as escolas possuem uma preocupação com o que vai na lancheira e sugerem opções de lanches saudáveis e/ou determinam o dia em que possa ser levado alguma guloseima. Mas, nem todas as escolas possuem esse tipo de programa.

O maior desafio dos pais, neste caso, é manter sempre uma lancheira com alimentos frescos, saudáveis e variados diariamente. Muitas vezes, por falta de tempo, os industrializados acabam sendo os alimentos predominantes no cardápio do lanche escolar. Porém, o excesso de alimentos industrializados e processados podem ser prejudiciais aos nossos filhos por conterem altas quantidades de açúcares, sódio, gorduras, corantes e conservantes. Vale lembrar que, mesmo alimentos considerados light, diet, integrais, reduzidos em gordura e outros, podem ter uma composição desequilibrada em relação as necessidades nutricionais de nossos filhos.

A segunda situação é aquela em que a criança compra o lanche na cantina da escola. Nem sempre as cantinas possuem opções saudáveis, sendo muito comum o oferecimento de salgados, salgadinhos, sucos industrializados, refrigerantes e doces. Esse é o caso mais delicado para o manejo dos pais, que precisam fornecer para seus filhos uma educação nutricional adequada, ensinando-os, dentro das opções disponíveis, quais as melhores escolhas.

A terceira é aquela na qual a criança consome as refeições oferecidas pela escola. Nesse caso, a escola deve ter um nutricionista responsável pela elaboração de refeições equilibradas para as faixas etárias. 

Para cada um dos casos há uma forma de proceder para garantir que a ingestão alimentar de seu filho seja a melhor possível. Caso seu filho esteja enquadrado na primeira situação, você pode montar um pequeno cardápio juntamente com seu filho, pois pode acontecer de os pais mandarem o lanche e a criança não comer ou ainda trocar com os amiguinhos, principalmente se na escola não existe um controle sobre o que vai na lancheira de cada um. 

Como opções podemos colocar no lanche dos pequenos: pães, biscoitos e bolos caseiros, feitos preferencialmente com grãos integrais; batata doce; biscoito de polvilho; panquequinhas; tapioca; milho cozido; muffins caseiros; torradas; sequilhos e barras de cereais caseiras. 

Como fonte de proteína, as sugestões são: creme de queijo com ervas; omelete; ovo cozido; pasta de lentilha; pasta de feijão; pasta de inhame; húmus; patê de ricota; queijos frescos a base de leite animal ou vegetal; requeijão; manteiga; tirinhas de frango grelhado; pasta de amendoim (caso seu filho não seja alérgico) e, eventualmente peito de peru, presunto, queijo processado. 

Para beber, indico suco de frutas natural, água de coco, leites vegetais (soja, amêndoas, arroz, aveia, etc.), iogurtes naturais; leite fermentado; vitaminas de frutas. Evitar os achocolatados e sucos industrializados. Frutas e vegetais também podem compor a lancheira: frutas frescas ou secas, oleaginosas, cenoura ou pepino palito, lascas de coco e abóbora assada são alguns exemplos.

É claro que nem todos os dias, dependendo da rotina dos pais, é possível enviar alimentos tão frescos. Mas, o mais importante é tentar equilibrar e não fazer dos industrializados a primeira opção todos os dias. Hoje em dia também existem diversas empresas nas quais você pode comprar os lanchinhos semanais saudáveis e receber em casa ou diretamente na escola. É uma boa opção para quem não tem muito tempo ou não tem muita habilidade para a cozinha.

Certifique-se de que o seu filho está consumindo o lanche que leva e sempre interaja como ele sobre o que gostaria que fosse mudado. A flexibilidade alimentar é muito importante, portanto, permita que seu filho também leve alguma guloseima de vez em quando. Isso ajuda a criança a não ficar compulsiva por determinados alimentos, não passar vontade se ver algum amigo comendo e educa o seu filho sobre o que comer, quando comer e quanto comer.

Outro ponto importante, nesse caso, são as condições de armazenamento. A lancheira e a garrafinha de suco térmicas ajudam na conservação do alimento até o momento do consumo. Em dias de muito calor, pode ser que precise de auxílio na conservação: a dica é pegar garrafinhas pequenas e encher de água, levar ao frezzer e deixar congelada. Essa garrafinha pode ser colocada na lancheira para ajudar na manutenção da temperatura.

Para aquelas crianças que compram lanche na cantina, se possível, peça para a escola uma lista com todos os itens que são vendidos. Algumas escolas já fazem isso espontaneamente, enviando logo no começo do ano a lista com os preços e produtos comercializados. Dentre as opções, converse com seu filho sobre as melhores escolhas, como por exemplo, preferir alimentos assados aos fritos; como escolher o melhor tipo de suco; oriente-o a evitar os refrigerantes e combine com ele os dias em que poderá consumir alguma guloseima. Em algumas escolas é possível escrever na agenda o que seu filho irá comer naquele dia e os professores e auxiliares ajudam para que ele coma o que foi recomendado pelos pais.

No último caso, aquele em que a criança come o que é fornecido para a escola, certifique-se de que há um nutricionista responsável. A escola deve fornecer o cardápio semanal ou mensal com todos os itens e preparações que serão oferecidos. Converse com seu filho sobre o cardápio e se achar que algo não está de acordo, manifeste-se na reunião de pais ou converse pessoalmente com o nutricionista da escola. Esteja atento se a criança está comendo ou não, se tem repetido o prato ou a sobremesa.  Caso seu filho tenha alguma alergia, restrição alimentar ou se tem alguma coisa que você não gostaria que ele comesse, avise à escola.

A melhor maneira de garantir que seus filhos terão uma boa alimentação, mesmo estando longe dos pais, é desde cedo educá-los sobre alimentação, empoderando-os a fazer boas escolhas. Lembre-se de evitar classificar alimentos como bons ou maus e também evitar termos como ‘jacar’ ou ‘gordices’ para que eles possam entender que a alimentação é uma escolha livre. O que vai determinar se isso será saudável ou não, é o tipo de alimento, a quantidade e a frequência consumida. Como diz o ditado: A diferença entre o remédio e o veneno é a dose!


Danielle Bonfim das Chagas Fava

Nutricionista

CRN3 26112

Graduada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, pós-graduada em Saúde da Família pela UGF e realizou curso livre de Psicanálise Clínica- Associada à Sociedade Paulista de Cardiologia (SOCESP), participante dos cursos de atualização profissional promovidos pelo Grupo de Estudos em Nutrição e Cardiologia (GNEC) e a Associação Paulista de Nutrição (APAN) e a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN).- Profissional com 8 anos de experiência em nutrição clínica e ambulatorial, desenvolvidos em hospital, consultório, ambulatório e unidade básica de saúde, com foco em nutrição clínica, materno-infantil, geriatria/gerontologia, psicologia da alimentação e educação nutricional.- Trabalha com abordagem da Nutrição Comportamental e conceitos da Alimentação Intuitiva e Consciente (Intuitive Eating e Mindful Eating)

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