O Ômega 3 é um tipo de gordura conhecida como ácido graxo essencial, uma vez que é essencial para a manutenção e promoção da saúde e não conseguimos produzi-la, precisando assim ingeri-lá nos alimentos.
Indispensáveis para a saúde do organismo, estas gorduras fazem parte da família dos ácidos graxos poli-insaturados (PUFA – Polyunsaturated Fatty Acids), que são conhecidos como ‘óleos essenciais’, ou, ‘ácidos graxos essenciais’ (EFA – Essential Fats Acids).
Como já dito, o nome essencial é porque, assim como as vitaminas, eles são vitais para nós, mas não podem ser produzidas pelo corpo, precisando ser consumidos na alimentação.
Com as mudanças nos hábitos alimentares ocorrida ao longo dos últimos tempos, os níveis de alguns desses ácidos graxos essenciais (EFA) na dieta atual têm se tornado baixo, enquanto se percebe um consumo cada vez maior de gorduras saturadas, as consideradas prejudiciais a saúde.
Os EFA são divididos em dois grupos: os do tipo Ômega-6 e os do tipo Ômega-3. O organismo converte parte dos Ômega-3 em substâncias anti-inflamatórias e parte dos Ômega-6 em substâncias pró-inflamatórias, sendo que um tipo não pode ser transformado no outro. Desta forma, os dois precisam fazer parte da dieta de forma balanceada, pois o excesso de Ômega-6 pode piorar doenças inflamatórias e o excesso de Ômega-3 reduz essas doenças. Entretanto, o equilíbrio entre os dois não é o que tem acontecido; os níveis de Ômega-6 têm aumentado cada vez mais na dieta, em contraposição aos níveis de Ômega-3, que têm caído sistematicamente.
A proporção ideal entre os dois grupos de substâncias é 1:1, ou, no máximo, de 4:1 (quatro partes de Ômega-6 para uma de Ômega-3), mas o que vem acontecendo é que, numa média mundial, a diferença está em torno de 12:1 e na dieta ocidental, chega a proporção de 45 (Ômega 6) :1 (Ômega 3)!
A explicação para esse quadro está no consumo exagerado de óleos extraídos de milho, gergelim e girassol (plantas de clima quente e deficientes em Ômega-3); baixo consumo de peixes e frutos do mar; perda dos germens dos cereais que contém ácidos graxos, devido às práticas modernas de moagem; hidrogenação de óleos no processo de industrialização (para aumentar a durabilidade); aumento gigantesco na ingestão de gorduras TRANS em produtos industrializados (bolachas, margarinas, sorvetes etc.) e que, além de outros problemas graves que causam, interferem na absorção e na síntese de Ômega-3; e o aumento na ingestão de açúcares, que pode interferir nas enzimas que sintetizam Ômega-3; entre outros.
Os ácidos graxos Ômega-3 são muito estudados, visto que sua carência é tida como um dos principais fatores para as doenças crônico-degenerativas de caráter inflamatório.
Os Ômega-3 formam uma família de dois grupos: o grupo de cadeia curta e o de cadeia longa. O de cadeia curta é o ALA (ácido alfa linoleico), presente nos óleos como o de canola e de linhaça. O grupo de cadeia longa é composto pelo EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA (ácido docosaexaenoico), que são sintetizados pelo fito plâncton em sua maior quantidade e por sua vez são encontrados em peixes marinhos de águas frias e profundas que se alimentam deste fito plâncton, como salmão, sardinha, cavala, arenque, bacalhau, anchova, entre outros; ainda podem ser encontrados em certos frutos do mar, a exemplo de lagostas e camarões.
Mesmo sendo conhecido o fato que o ALA é convertido em EPA e DHA dentro do nosso organismo, não se tem certeza se as fontes vegetais de Ômega-3 podem efetivamente suprir as quantidades de EPA e DHA necessárias para a saúde. Daí a exigência do consumo de alimentos ricos em EPA e DHA. Porém, muitas vezes isso é dificultado porque peixes ricos em Ômega-3, ou seja, selvagens, que além de caros não são fáceis de encontrar, até por não fazerem parte do costume brasileiro. Juntando a isso, ainda temos os vegetarianos, os veganos e as pessoas que diminuem drasticamente a ingestão de gorduras da dieta visando controle de peso ou controle calórico, privando o organismo de todas as gorduras, inclusive as do bem, como os ácidos graxos essenciais.
Outro problema que ocorre, é que a poluição marinha está aumentando e contaminando os ecossistemas até em alto mar, incluindo o fito plâncton, produtor dos Ômega-3, que por sua vez acaba acumulando toxinas e metais pesados, como o mercúrio, fixando-os junto aos ácidos graxos.
Desta maneira, os peixes que se alimentam do fito plâncton absorvem esses poluentes e por eles viverem neste ambiente poluído, existe mais acúmulo e deposição de metais pesados, piorando a toxicidade tanto da carne quanto do óleo destes peixes. Sendo assim, quando se come esses animais, junto vem toda esta carga tóxica para o corpo, podendo resultar em intoxicações e doenças diversas, em médio e longo prazo.
Um alerta é que quando esses óleos contaminados são extraídos dos animais para encapsulação e comercialização na forma de suplementos, há risco de vir junto as toxinas e poluentes, então o consumo destes suplementos pode se tornar também um risco. Quando os peixes são criados em cativeiro, alimentados com ração, muitas vezes ricas em Ômega-6, não ocorre a adequada proporção de Ômega-3 em seus organismos, diferente do que acontece no ambiente selvagem.
Ficou demonstrado que a suplementação diária é importante, porém deve ser feita com suplementos saudáveis e dignos de confiança (com processo para extração de alta tecnologia e com eliminação dos contaminantes). Ou seja, feito por uma companhia séria, através de uma altíssima tecnologia de refinamento do óleo que extraia 100% de quaisquer toxinas e poluentes presentes no organismo dos animais marinhos e que essa rara qualidade de preferência seja garantida por profissionais renomados e garantam a procedência do Ômega-3.
Vários estudos envolvendo os Ômega-3 vem comprovando sua atividade anti-inflamatória, antitrombótica e anticoagulante (entupimento dos vasos sanguíneos), na imunidade, nas dislipidemias (reduzindo os níveis de colesterol e triglicérides) na melhora da pressão arterial, com isso conseguindo evitar doenças como Diabetes, acidente vascular cerebral (derrame); em doenças inflamatórias crônicas e auto imunes como artrite reumatoide, asma, doenças inflamatórias intestinais (colites), em alguns tipos de câncer e até em doenças neurológicas e psiquiátricas, como demência de Alzheimer, depressão e esquizofrenia.
Ainda temos relatos de melhora na tensão pré-menstrual, na melhora do aprendizado escolar de crianças (melhorando a cognição). Na parte esportiva, muitos estudos mostram melhora da performance dos atletas de alto rendimento, por diminuir o estresse oxidativo e da atividade inflamatória pós atividade física, além de diminuir a fadiga muscular, melhorar a contração e recuperação muscular, além de aumentar a síntese proteica muscular e ainda aumentando o foco e a concentração dos mesmos quando usado em doses adequadas e efetivas para promover estes efeitos.
Quando suplementamos os atletas com Ômega-3, estes apresentam melhor desempenho aeróbico, por um aumento da capacidade de seu organismo em absorver oxigênio, pois os Ômega-3 atuam diminuindo a viscosidade sanguínea.
Estudos demonstraram benefícios na distribuição de oxigênio e nutrientes pelos músculos dos atletas após ingestão de Ômega-3 já após três semanas de uso. Ainda o Conselho de Câncer recomenda que as pessoas comam peixe (preferivelmente óleo de peixe) no mínimo duas vezes por semana e incluam alguns alimentos e óleos vegetais ricos em ácidos graxos Ômega-3 em sua dieta, sendo essas recomendações consistentes com os Fundamentos do Coração (Heart Foundations) em todo o mundo e com o Guia de Dieta para Adultos Australianos (Dietary Guidelines for Australian Adults).
Estudos mostram prevenção do câncer, melhora do estado geral e da caquexia em pacientes oncológicos (Carmo e cols, 2009), sendo vários estudos em pacientes com câncer de mama, intestino, pulmão e próstata.
Para pessoas que não gostam de peixe ou não o consumam por serem veganos ou vegetarianos, é recomendado que seja consumido em forma de suplemento de óleo de peixe com alto nível de Ômega-3 para suprir as necessidades de proteção à saúde proporcionada pelo consumo de peixe em si.
Ainda os Ômega-3 podem ter efeito anti-agregante plaquetário, ou seja, reduzem o risco de formação de coágulo sanguíneo no interior dos vasos – efeito semelhante ao da aspirina, mas sem os efeitos colaterais desse medicamento, ajudando o sangue a fluir mais livremente, e reduzindo o risco de um coágulo sanguíneo bloquear artérias coronárias estreitadas, como ocorre em tromboembolismo, enfarto e acidentes vasculares cerebrais. Estudos sugerem que pode relaxar os músculos que revestem as paredes arteriais, facilitando o fluxo sanguíneo; outros efeitos benéficos incluem o aumento dos níveis de HDL (colesterol bom), redução do triglicérides; redução da pressão sanguínea; prevenção de arritmias cardíacas (batimentos cardíacos irregulares) etc. Ainda há estudos, como o ESPRIT, onde Maresta e cols. relataram que a suplementação ajuda na prevenção da reestenose pós angioplastia (reincidência do fechamento das artérias coronarianas após intervenção cirúrgica para reabertura das mesmas).
Entretanto, ao mesmo tempo em que os Ômega-3 são necessários e excelentes para prevenir derrames, é preciso que se alerte para o fato de que suplementos contendo esses ácidos graxos precisam ser de altíssima qualidade, respaldados por médicos e cientistas de referência e devem ser consumidos em doses apropriadas – isso porque, assim como a aspirina, doses exageradas de Ômega-3 podem ‘afinar’ demais o sangue e aumentar o risco de hemorragias em casos específicos de problemas de saúde.
Em estudos como o publicado por Payam e cols em 2014, foi demonstrado que o consumo do óleo de alguns peixes, rico em Ômega-3, produziu um significante aumento na sensibilidade à insulina em pacientes com diabetes tipo 2, o que foi comprovado pela metanálise publicada em 2017 na Lipdis in health and disease, onde foram revisados dezessete estudos, incluindo pacientes normais, com sobrepeso, obesos e com diabetes. Stewart e cols em artigo publicado em 2015 revisaram vários estudos relacionando a influência do consumo de ômega 3 com a homeostase glicêmica.
Com base nisso, os Ômega-3, se consumidos apropriadamente na alimentação rotineira, e/ou obtidos com suplementos de alto nível de confiabilidade, podem reduzir tanto a resistência à insulina quanto seu desenvolvimento e assim o da síndrome metabólica, considerada hoje a maior causa de doenças cardiovasculares, entre outras.
De acordo ainda com o American Journal of Clinical Nutrition , vários pesquisadores estudaram como o óleo de peixe afeta uma molécula chamada ‘fator de necrose tumoral-alfa’ (TNF – tumor necrosis factor-alpha), conhecida por ser o ‘gatilho’ inflamatório do corpo. O resultado indicou que o óleo de peixe age como substância anti-inflamatória ao suprimir a capacidade do organismo de produzir TNF, ainda ajudando a mediar o efeito inflamatório do ácido araquidônico e outros fatores inflamatórios e pró-inflamatórios que podem inclusive ser desencadeados por ácidos graxos ômega-6 ( Simopoulos, 2002; Kang, 2008; Malekshahi e cols, 2012). Por isso os Ômega-3 apresentam efeitos tão marcantes na prevenção e/ou redução dos sintomas das artrites e outras enfermidades de origem inflamatória, incluindo doenças auto-imunes e crônico-degenerativas.
Sendo assim, podemos concluir sugerindo o consumo rotineiro na alimentação com quantidades adequadas de Ômega-3, tanto para a prevenção quanto para o controle de diversas situações e doenças que tem aumentado mundialmente, além da sua demonstrada ação benéfica na atividade física e na sua recuperação, vinculada ao aumento da síntese muscular. Como a maioria das pessoas não inclui uma alimentação rica em Ômega 3 em seu dia a dia, até por serem veganos, vegetarianos, ou não consumirem peixes nem frutos do mar, pode ser indicado o consumo regular de suplementos de Ômega-3, ainda mais se estas pessoas tiverem doenças onde são conhecidos seus benefícios com seu uso e praticantes de atividade física intensa, ou forem atletas.
Ainda fica a sugestão de ver muito bem a procedência deste Ômega 3 e nunca esquecer que este ou qualquer suplemento deve ser prescrito por um nutricionista e/ou médico.
Tatiana Camargo Pereira Abrão
CRM 95.121-SP
Médica Endocrinologista e Nutróloga. Especialista em Endocrinologia e Metabologia, PUC/SP/2003. Pós-graduada em Nutrologia, USP/Ribeirão Preto/2004. Especialista em Nutrologia – AMB/CFM. Pós-graduada em Medicina do Esporte/2013 e Nutrologia Esportiva/2015
Paulo Cavalcante Muzy
CRM 115-573-SP
Médico pela Escola Paulista de Medicina – Unifesp/2004. Especialista em Ortopedia e Traumatologia Unifesp/2009. Diretor Médico IFBB Brasil, desde 2011, docente dos Cursos de Medicina Esportiva e Nutrologia Esportiva da Fisicursos/HZM, desde 2012 e docente dos cursos de Medicina Esportiva BWS, desde 2016
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