“Meu nome é Jéssica, tenho 30 anos e resido na cidade de Jaboticabal, interior de São Paulo. Em 2013 sofri um acidente e passei o ano de 2014 lutando para voltar a andar com tratamentos e fisioterapia. Tinha certeza que voltaria a andar, mas no término de 2014 o meu neurocirurgião deu o feedback e avisou que após um ano de fisioterapia isso não aconteceria. Desde então aprendi a fazer tudo sozinha: a me vestir, me sondar, lidar com medicações.
Foi uma adaptação de 1 ano, em que além disso, criei um novo propósito, pois creio que precisamos sempre ter propósitos na vida e isso me fez continuar. Ao longo desse período foram sucessões de obstáculos vencidos desde o diagnóstico de paraplegia até o presente momento. A lesão medular é desafiadora, ela não só afeta sua capacidade de andar, ela atinge tudo.
No meu caso, alguns órgãos como a bexiga e o intestino também foram atingidos, o que é bem trabalhoso, pois ter que controlar e administrar os líquidos que vou ingerir é bem chato!
Eu busquei o plano B, que era continuar exercitando o meu corpo, e dessa forma fui entrando no esporte com o intuito de aumentar a minha independência, força, qualidade de vida e o meu envolvimento foi cada vez maior. Quando vi estava no alto rendimento e competindo o brasileiro, o estadual e o mundial!
O esporte foi sem dúvidas um divisor de águas. Com ele ganhei força física e psicológica para lidar com meu corpo com normalidade. Foi o esporte que me permitiu desenvolver uma força surpreendente. Hoje sou literalmente mais forte do que antes do acidente que me deixou paraplégica.
Atualmente estou no triathlon treinando para três modalidades. Acho que temos que agir mais do que lamentar, então eu estava sempre agindo e faço assim até hoje! A grande questão é ter os propósitos, metas e objetivos. Tento colocar metas e objetivos mensais, semanais, anuais. Lá atrás, quando tudo aconteceu, eu me envolvi tanto com os processos para cumprir o propósito, que a tristeza foi secundária. Acredito que esse seja o segredo minha superação”.
GIRO DE 360 GRAUS
Compreender sua nova situação física e redescobrir seu corpo. Esta foi sem dúvidas a maior superação de Jéssica após o acidente automobilístico que a deixou paraplégica em 2013 quando saia do trabalho. Entender que sua vida deu um giro de 360 graus exigiu da atleta maturidade e, acima de tudo, aceitação. Afinal, junto com o acidente foram-se planos, sonhos e sua carreira profissional, mas junto com a, então fatalidade, veio uma vontade enorme de redesenhar sua vida.
Tendo como principal incentivo em sua recuperação o apoio da família, Jéssica conta que apesar de todo o sofrimento ela nunca conseguiu encarar o que aconteceu como um problema, mas sim como um desafio. Sendo assim, fez durante um ano muita fisioterapia – o que mantém até hoje, porém com menor intensidade – e tratamentos diversos com o objetivo de recuperar-se e voltar a andar.
Distante do objetivo de voltar a andar em razão de sua lesão ter sido completa, em 2015 a atleta resolveu dar novos rumos a sua vida. “Conheci o ciclismo e, dali em adiante ganhei novos propósitos. Hoje estou ótima, realizada como atleta e totalmente independente. A deficiência, ao contrário do que muitos acreditam, não me limita de fazer absolutamente nada!”.
ROTINA DE ATLETA
Disciplina, regularidade, constância, resiliência, amizade e, principalmente, aprender a evoluir na dor e nos momentos difíceis, estes são apenas alguns ensinamentos que Jéssica aprendeu ao se dedicar de corpo e alma ao esporte que deu a ela a oportunidade de trilhar novos caminhos.
Como forma de retribuir as novas possibilidades que a vida lhe deu e, a fim de manter seu rendimento no ciclismo e triathlon. A atleta que treina incansavelmente cerca de três a quatro horas todos os dias, reveza seus treinos entre ciclismo e corrida, mas também acrescenta outras modalidades como natação, fisioterapia e musculação. Um trabalho minucioso que tem como objetivo melhorar não só sua força, mas também fortalecer seu corpo para evitar lesões durante o ano.
Com uma relação bem amigável com a balança – fato raro entre as mulheres – Jéssica explica que como o Triathlon exige muito esforço, isso acaba resultando em um gasto calórico alto, ou seja, está sempre perdendo peso. Porém, mesmo com a perda de peso, ela precisa estar sempre focada e cuidando da alimentação, pois assim como queima muitas calorias, ela também precisa se alimentar corretamente para adquirir força.
Para manter tudo alinhado, a atleta conta com a ajuda do nutricionista Eduardo Reis, responsável por equilibrar sua dieta que exige carboidratos, proteínas, gorduras boas e suplementação.
Com 7 refeições diárias, uma média de 2800 calorias e domingos livres da dieta caso sinta necessidade, Jéssica ressalta a importância da suplementação no seu dia a dia. “Faço uso de whey protein, glutamina, BCAA, creatina, palatinose, gel e outros. Porém, essa suplementação vai sendo alterada conforme sinto necessidade. Por exemplo, em véspera ou dia de prova eu não consigo comer nada sólido. Neste caso só consumo suplemento, pois para o meu corpo ele é perfeito. Lembrando que tudo é acertado em comum acordo com o meu nutricionista!”.
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