O diabetes é uma doença que pode ocorrer em qualquer fase da
vida e quando acontece na infância e adolescência, causa muita preocupação para
os pais, pois exige um cuidado alimentar que modifica a rotina deles. Trata-se de uma doença crônica cujo
acompanhamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, formada por
endocrinologista, nutricionista, psicólogo e enfermeiro.
Existem dois tipos dessa doença:
Diabetes tipo 1 – a mais comum em crianças, que é uma doença
autoimune, causada pela deficiência de insulina ocorrida por produção de
anticorpos que destroem as células do pâncreas. Esse tipo pode assustar muito
os pais, uma vez que os sintomas podem aparecer muito tardiamente, às vezes
quando a criança já está em uma complicação grave que é a cetoacidose. Os
sintomas que surgem antes disso são fome aumentada sem motivo, sede excessiva
(a criança pode até querer beber a água do banho por sede, mas os pais podem
achar que se trata mais de uma brincadeira ou de algo sem importância), fazer
mais xixi (se a criança usa fralda, os pais podem precisar trocar muito mais vezes),
perda de peso ou ainda ganho de peso insuficiente.
Diabetes tipo 2 – esse tipo vem crescendo muito em nossas
crianças por conta da obesidade e do sedentarismo. Nesse caso, a produção de
insulina não consegue manter a glicemia dentro da normalidade.
Em ambos, a falta da insulina faz com que o açúcar fique circulando
no sangue e vá aumentando, ocasionando a hiperglicemia. Quando o corpo não dá
mais conta de tanto açúcar, o excesso vai sendo eliminado pela urina (daí a
necessidade de se fazer xixi muito mais vezes) e para compensar a perda de
água, é preciso também ingerir mais água. Como o açúcar não consegue ser
metabolizado pelo organismo, a gordura passa a ser a principal fonte de energia
e por isso acontece a perda de peso.
O diagnóstico do diabetes tipo 2 geralmente vem associado
com os outros fatores, principalmente com o sobrepeso. Medidas como mudanças no
estilo de vida, na alimentação e a pratica de atividade física, geralmente, já
são suficientes para as melhoras nos exames bioquímicos e controle da glicemia.
Adotar uma dieta equilibrada com restrição calórica
orientada, evitar açúcares simples, diminuir o consumo de carboidratos,
gorduras totais e saturadas e aumentar o consumo de fibras são as Diretrizes da
Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018.
O envolvimento da família nesse caso é muito importante para
a adesão da criança com diabetes tipo 2 e mostra correlação positiva com a
diminuição do Índice de Massa Corporal (IMC) e com o controle da glicemia.
Porém, quando se trata do diabetes tipo 1, a criança terá
que fazer uso de insulina, pois o seu pâncreas possui a deficiência dessa
enzima. Além disso, ela irá precisar checar a glicemia várias vezes ao dia e
vai ser preciso estabelecer uma boa rotina além de um forte vínculo com todos
que assistem a criança ao longo do dia (escola, locais onde ela pratica
esporte, faz cursos, etc), para que estejam informados sobre essa condição e
sejam orientados sobre a possível oscilação da glicemia (hipo ou hiperglicemia)
e de como devem proceder, caso isso aconteça.
No caso do diabetes tipo 1, para crianças e adolescentes,
cada vez mais vem sido utilizado o esquema de insulina basal-bolus e neste
caso, recomenda-se como estratégia nutricional o método de contagem de
carboidratos. Esse método traz a vantagem de ser muito mais flexível e também
de individualizar o tratamento, além de obter bom controle glicêmico.
A educação alimentar e nutricional é a principal estratégia
utilizada no caso do diabetes tipo 2. Orientar a criança sobre quais as
melhores escolhas alimentares para ela e trazê-la para a participação no seu
tratamento é fundamental para que ela consiga ter entendimento e não veja
apenas como proibições.
As festas infantis e épocas de comemoração costumam trazer
muita preocupação para pais de crianças com diabetes, pois são momentos nos
quais a criança fica exposta a muitos alimentos que lhe são restringidos.
Nestes casos, a conduta irá depender muito do tipo de
tratamento, mas é importante salientar que há diversas opções para essas
situações, como levar a comida da criança separadamente (geralmente elas não se
sentem constrangidas por isso, muito pelo contrário), no caso de crianças que
fazem contagem de carboidratos é possível determinar o que e quanto irá comer
de acordo com a administração da insulina, entre outras estratégias. Esses
momentos devem ser manejados da forma mais tranquila possível para que a
criança se sinta segura com o tratamento e não se sinta rejeitada ou excluída
por consumir coisas diferentes.
Vale lembrar que em primeiro lugar, o tratamento para os dois tipos de diabetes sempre prioriza o crescimento normal, o controle de peso, e a manutenção dos níveis de glicemia de jejum e da hemoglobina glicada próximos da normalidade. Dessa forma, é imprescindível o acompanhamento com a equipe para garantir que todos os avanços tecnológicos e terapêuticos sejam utilizados para fazer o melhor para a criança!
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