Jean Carlos Silvestre
Nutricionista - CRN 3 - 38744
Mestre em Ciências da Saúde (Universidade Federal de São Paulo). Prof. universitário no curso de nutrição (Universidade Metropolitana de Santos e Universidade Católica de Santos). Prof. universitário em cursos de pós-graduação pelo Brasil. Palestrante e Consultor Científico (Integral Médica)
Uma das maiores dificuldades no esporte atualmente é a
manutenção de um atleta sem a ocorrência de lesões, particularmente as lesões
de cartilagem articular, uma vez que as cargas de
treinamento são pouco controladas e, quando controladas, são superestimadas,
causando dores e quadros inflamatórios frequentes em indivíduos fisicamente ativos
ou atletas1.
Além das cargas excessivas de treinos, muitos atletas não
possuem um respaldo de um nutricionista ou, quando possuem este respaldo,
simplesmente não seguem o planejamento alimentar adequadamente. Estes fatores
podem contribuir para um quadro de estresse oxidativo crônico nos atletas ou esportistas
(processo caracterizado pela geração de espécies reativas de oxigênio e
nitrogênio que lesionam as células em maior número do que as estruturas que
protegem as mesmas, como os antioxidantes).
A geração de mais espécies reativas de oxigênio e nitrogênio
em maior número do que os antioxidantes, principalmente com frequência grande,
pode ser prejudicial visto que essas espécies geram danos ao organismo, lesionando
a membrana das células, as proteínas e até mesmo o DNA do indivíduo, que
futuramente pode acarretar em uma lesão grave.
Dentre as estratégias que podem auxiliar em uma melhor
recuperação destes indivíduos, temos o colágeno tipo II e algumas vitaminas. O
colágeno é uma proteína fibrosa presente em diversos tecidos, dentre eles os
tendões e cartilagens.
Quando falamos do tipo II, temos o UC-II®, um colágeno
não-desnaturado, derivado da cartilagem do frango, produzido através de um
processo não enzimático, em baixas temperaturas e sem alteração molecular, o
que garante um colágeno puro e altamente seguro2. Além do colágeno, algumas
vitaminas são importantes para o processo de diminuição inflamatória pós-treino
e de recuperação de lesões de cartilagem articular, dentre elas podemos citar
as vitaminas do complexo B, bem como as vitaminas C e E, atuando como
antioxidantes exógenos e auxiliando na diminuição de citocinas pró-inflamatórias,
contribuindo, desta maneira, para uma melhor recuperação pós-treino ou pós-lesão3.
O foco dentro de um programa de treinamento é o aumento da capacidade física do atleta ou do esportista, fazendo com que o mesmo aumente o seu desempenho em sua modalidade, porém com a carga excessiva de estresse sofrida por esses indivíduos, um processo de má-adaptação pode ocorrer, levando a efeitos negativos no desempenho dos mesmos. Dentre os sinais negativos do excesso de treinamento, podemos listar 4:
Funções fisiológicas:
- Elevados níveis de creatina quinase
- Fadiga crônica
- Aumento de dor muscular
- Diminuição da força muscular
- Supressão da função imunológica
- Diminuição do desempenho esportivo
Funções psicológicas:
- Apatia
- Aumento dos sinais de depressão
- Perda de apetite
- Dificuldade de concentração
Neste sentido, as estratégias de suplementação com compostos que possam colaborar para a diminuição do processo inflamatório tornam-se importantes, dentre as estratégias podemos mencionar o colágeno tipo II5 e vitaminas antioxidantes, trabalhando na prevenção e tratamento de lesões ligamentares.
Dentre os benefícios, a figura abaixo apresenta um estudo no
qual demonstrou que indivíduos saudáveis que suplementaram com colágeno tipo II
obtiveram melhoras na extensão de joelho em relação ao grupo placebo,
demonstrando uma melhora nas dores articulares advindas do exercício extenuante
e uma melhor função ligamentar, contribuindo para uma manutenção da atividade
física diária dos invidíduos6.
Assim, devemos ter cuidado nos exercícios, pensando sempre
no acompanhamento de um profissional qualificado para quantificar as cargas de
treinos e avaliar o estresse oxidativo dos esportistas e atletas e, mais do que
isso, contar com o auxílio de nutricionistas que adequem as necessidades
nutricionais dos indivíduos ao esporte. Esta junção de estratégias pode
otimizar o desempenho do atleta e ainda diminuir muito os riscos de lesões,
evitando que o mesmo tenha complicações futuras.
Referências Bilbiográficas
1. Shek, PN; Shephard, RJ. Physical exercise as a human
model of limited inflammatory response. Canadian Journal of Physiology and
Pharmacology, vol. 76, no. 5, pp. 589-97, 1998.
2. Marone, PA; Lau, FC; Gupta, RC; Bagchi, M; Bagchi, D.
Safety and toxicological evaluation of undenatured type II collagen. Toxicology
Mechanisms and Methods, vol. 20, no. 4, pp. 175-89, 2010.
3. Barker, T; Leonard, SW; Trawick, RH; Martins, TB;
Kjeldsberg CR; Hill, HR; Traber, MG. Modulation of inflammation by vitamin E
and C supplementation prior to anterior cruciate ligament surgery. Free Radical
Biology and Medicine, vol. 46, no. 5, pp. 599-606, 2009.
4. Hackney, AC. Clinical management of immune-suppression in
athletes associated with exercise training: Sports medicine considerations. Acta
medica Iranica, vol. 51, no. 11, pp. 751-6, 2013.
5. Crowley, DC; Lau, FC; Sharma, P; Evans, M; Guthrie, N;
Bagchi, M; Bagchi, D; Dey, DK; Raychaudhuri, SP. Safety and efficacy of
undenatured type II collagen in the treatment of osteoarthritis of the knee: a
clinical trial. International Journal of Medical Sciences, vol. 6, no. 6, pp.
312-21, 2009.
6. Lugo, JP; Saiyed, ZM; Lau, FC; Molina, JPL; Pakdaman, MN;
Shamie, AN; Udani, JK. Undenatured type II collagen (UC-II®) for joint support:
a randomized, double-blind, placebo-controlled study in healthy volunteers. Journal
of the International Society of Sports Nutrition, vol. 10, no. 48, pp.2-12,
2013.
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