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Entenda tudo sobre: Cistite

Conheça a inflamação que acomete o trato urinário, mais especificamente a bexiga

Entenda tudo sobre: Cistite Cerca de 50% das mulheres apresentarão um episódio de cistite ao longo da vida
Crédito: BANCO DE IMAGENS
1 - VOCÊ SABE O QUE É CISTITE?
Quando ouvimos o nome de uma doença que termina com ‘ite’ logo associamos a algum tipo de inflamação. Com a cistite não é diferente, pois trata-se de uma inflamação que acomete o trato urinário inferior, no caso, mais especificamente a bexiga.  
Segundo o ginecologista e obstetra, Jorge Milhem Haddad, porta-voz da Febrasgo –  Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, cerca de 50% das mulheres apresentarão um episódio de cistite ao longo da vida e 25% delas serão acometidas com um quadro de repetição.
Há quem associe a doença com uma infecção urinária e essas pessoas não estão totalmente erradas. O Dr. Fabiano Elisei Serra, Coordenador da Obstetrícia do Hospital Maternidade Interlagos, explica que nem toda cistite é infecciosa (bacteriana), mas toda cistite bacteriana é considerada uma infecção urinária. A infecção urinária pode ocorrer em três níveis: na uretra (uretrite), na bexiga (cistite) e nos rins (pielonefrite) e trata-se da presença de bactérias nas vias urinárias. Se não há bactérias, de um modo geral, não pode ser considerada uma infecção.

2 - O QUE CAUSA?
Uma doença que provoca grande desconforto, pode ter várias causas. Como vimos, nem toda cistite é bacteriana, por isso o Dr. Fabiano Serra destaca quais são os principais tipos e as diferenças entre elas: 
Cistite infecciosa: a mais comum, geralmente causada por infecção bacteriana. Ela é causada pelas bactérias da flora natural do intestino que ‘sobem’ pela uretra e atingem a bexiga.
Cistite intersticial: processo inflamatório de causa desconhecida que acomete a bexiga, levando à irritação constante. Associa-se com autoimunidade, quando o próprio corpo ‘ataca’ a bexiga.
Cistite hemorrágica: quando ocorre sangramento associado à inflamação. A urina sai com coloração avermelhada. Ela pode ser um subtipo das outras cistites ou pode estar associada a outras causas, inclusive uso de algumas medicações.
Cistite por radiação: inflamação que ocorre quando pacientes são submetidos à radiação pélvica para tratamento de cânceres. 
Há outras cistites decorrentes de doenças, tais como: câncer, endometriose, lúpus, doença de Crohn, entre outras.

3 - QUEM PODE TER? QUAIS OS SINTOMAS?
Lidar com uma doença é uma tarefa chata e exaustiva. No caso da cistite, pode ser ainda pior, pois a irritação acomete homens e mulheres, de qualquer faixa etária. De acordo com o diretor do Departamento de Disfunções Miccionais e Hiperplasia Prostática Benigna da Sociedade Brasileira de Urologia, Dr. Carlos Sacomani, homens tendem a adquirir a cistite após a quinta década de vida e na mulher, pode ocorrer a vida toda e, principalmente, após a menopausa. “Mulheres apresentam 50 vezes mais chances de apresentar infecção urinária, em comparação com os homens”, afirma.
Já o ginecologista Dr. Fabiano Serra, complementa dizendo que o motivo pelo qual as mulheres têm maior propensão em adquirir a doença se deve, principalmente, pelo tamanho curto da uretra e por sua proximidade com o ânus, o que facilita a ‘subida’ da bactéria até a bexiga. 
O indivíduo portador de cistite consegue notar brevemente os seus sinais. Para o Dr. Jorge Haddad, os pacientes sentem ardor para urinar, vontade de urinar várias vezes ao longo do dia e com pequeno volume, além de uma forte dor na região acima do púbis.

4 - COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO? E O TRATAMENTO?
Para ter a confirmação do diagnóstico, assim como em outras doenças, o recomendável é consultar um especialista. Segundo o Dr. Sacomani, o médico responsável irá avaliar os sintomas e pedirá um exame de urina – a confirmação virá através da cultura de urina para pesquisa de bactérias. Nos casos não infecciosos e mais complexos, Dr. Serra complementa dizendo que existe a realização de outros exames.
Após a confirmação da cistite, é hora de tratar e se livrar do incômodo. Para cada tipo de cistite existe um tratamento específico. “Como a causa mais comum é a infecciosa, para estes casos faz-se uso de antibióticos. O tratamento deve ser feito até o fim, conforme as orientações médicas. Muitos pacientes param o tratamento com a melhora dos sintomas, porém a infecção pode se manifestar novamente de uma forma mais grave e mais resistente ao tratamento. Já os outros tipos de cistite podem não ter tratamento definitivo” detalha Dr. Serra.
Para o especialista Jorge Milhem Haddad, para as pacientes que apresentam infecção urinária recorrente (três episódios ao ano) uma maneira de diminuir a infecção seria a imunoterapia ou utilizar cranberry ou D-manose, que diminuem a aderência da bactéria à bexiga. Para mulheres na pós-menopausa que não possuem contraindicação, o hormônio vaginal por melhorar o equilíbrio da vagina pode ser recomendado.

5 - QUAL O IMPACTO DA ALIMENTAÇÃO?
Uma alimentação saudável e balanceada se torna uma grande aliada no tratamento de quem está sofrendo com o desconforto provocado pela cistite. De acordo com a nutricionista Daniela Lasman, o tratamento da cistite consiste em retirar os alimentos que estimulam o crescimento de micro-organismos, como: açúcar – inclusive mel e melado, doces, pães refinados; alimentos fermentados – pães, cerveja, vinagre, vinho; alimentos em conserva e embutidos.
A quantidade de carboidratos deve ser controlada, inclusive a quantidade de frutas e dependendo do caso, somente frutas com pouca frutose são permitidas.
Na dieta alimentar dos pacientes são incluídos alimentos como: sementes de abóbora – que podem ser usadas torradas como lanches intermediários, ou ainda como farinha salgada (triturada) na salada – orégano e tomilho; suco de romã – que é preparado batendo a polpa e as sementes; e óleo de coco extravirgem – que pode ser usado no suco de fruta ou no chá e basta misturar.
Não se pode esquecer da hidratação! Dr. Serra ressalta que o portador de cistite deve ingerir grande quantidade de líquidos, para que aumente o volume de urina e ajude a ‘limpeza’ do trato urinário. 

6 - ATIVIDADE SEXUAL X CISTITE
Como se trata de uma doença próxima das partes íntimas, logo nos perguntamos se existe alguma relação com o ato sexual. Segundo o Dr. Sacomani, quanto maior a frequência de atividade sexual, maiores são as chances de o indivíduo apresentar uma infecção urinária. “A principal bactéria que causa infecção urinária é a Escherichia Coli e esta é comum no intestino. Durante o ato sexual, existe maior facilidade para a E. Coli alcançar a uretra (canal urinário) e a bexiga”, detalha o especialista.
E durante o tratamento, existe a necessidade de suspender as atividades sexuais? Essa é uma das maiores dúvidas dos portadores do desconforto. Dr. Serra explica que por não se tratar de doença sexualmente transmissível (DST), não há contraindicações para quem deseja realizar atividade sexual durante o tratamento, mas reforça a importância de urinar logo após o ato sexual como meio de ‘limpar’ o trato urinário. 

7 – PREVENÇÃO: O MELHOR REMÉDIO
Sabe-se que a cistite gera um grande desconforto, para evitar este problema a prevenção sempre é o melhor caminho. O ginecologista Dr. Fabiano Serra revela que para se prevenir é necessário: ingerir bastante líquido; após uso do banheiro, limpar sempre de frente para trás para que as bactérias do ânus não sejam levadas até a uretra; sempre que possível, lave a região em vez de usar papel; urinar após relação sexual – elimina as bactérias que possam ter entrado no trato urinário antes que provoquem a infecção; não prender a urina por muito tempo e nem deixar de esvaziar a bexiga por completo durante a micção; higiene íntima externa adequada - sem excessos; não realizar duchas vaginais; trocar absorventes com frequência; evitar consumo de substâncias inflamatórias como álcool, fumo, produtos com cafeína e pimentas.
Lembre-se: caso sinta algum dos sintomas citados anteriormente, procure imediatamente um especialista para se ver livre o quanto antes da cistite!

FONTES CONSULTADAS: 
Dr. Carlos Sacomani: Diretor do Departamento de Disfunções Miccionais e Hiperplasia Prostática Benigna da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). CRM:

Daniela Lasman: Nutricionista da Academia Bodytech. Especializada em Nutrição Esportiva e Estética com ênfase em Wellness. CRN:

Dr. Fabiano Elisei Serra: Ginecologista e Obstetra pelo Hospital Pérola Byington. Coordenador da Obstetrícia do Hospital Maternidade Interlagos. Preceptor de Endoscopia Ginecológica no Seconci. CRM-SP: 154450

Jorge Milhem Haddad: Presidente da Sociedade Brasileira de Uroginecologia e AP. Representante Latino Americano Do Comitê de Uroginecologia da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. CRM: 60121.





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